Vendas no varejo atingem maior nível em 25 anos, diz IBGE. Consumo se concentra nos básicos

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Compras em supermercados cresceram de janeiro para fevereiro
(Marjan Blan/Unsplash)
  • Volume de vendas sobe 1,3% sobre janeiro e 1,5% ante igual período de 2024. Setor que inclui hiper e supermercados é destaque, após "freio"
  • Para analista do IBGE, "condições macroeconômicas" fazem consumidor optar por produtos básicos. Alimentos sobem no varejo e caem no atacado
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DC NEWS]. As vendas no comércio varejista cresceram 0,5% de janeiro para fevereiro e 1,5% sobre igual período de 2024. Com isso, atingiram o maior nível da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), segundo o IBGE. “O índice volta a crescer após uma série de quatro meses de variações muito próximas de zero, consideradas como estabilidade”, disse o instituto. O varejo ampliado (que inclui veículos/peças e material de construção) recuou 0,4% no mês e teve alta de 2,4% sobre fevereiro do ano passado. Um dos destaques de fevereiro foi o setor de hiper e supermercados, que cresceu 1,3% sobre o mês anterior. Na comparação anual, o segmento mostra estabilidade (0,1%).

“Em fevereiro, observamos a volta de um protagonismo para o setor de hiper e supermercados, após um período de seis meses, desde agosto, com variações próximas de zero, com estabilidade”, afirmou o gerente da PMC, Cristiano Santos. “Condições macroeconômicas mais complexas nos últimos meses, como a queda do número de pessoas ocupadas, a estabilidade da massa de rendimento real e a inflação da alimentação em domicílio, não incentivam o consumo de bens que não sejam de primeira necessidade. Com isso, as pessoas tendem a optar por produtos mais básicos, o que explica o crescimento maior do setor em relação aos outros.” No final do ano passado, lembrou, o varejo era puxado por setores como móveis&eletrodomésticos, equipamentos&material para escritório e vestuário&calçados. A área de supermercados teve “um certo freio” ao longo de 2024, disse ainda o gerente. As vendas de produtos alimentícios sobem no varejo e caem no atacado.

O segmento de móveis&eletrodomésticos foi outro destaque positivo de fevereiro, com crescimento de 0,9% sobre o mês anterior – e de 9,3% sobre igual período de 2024. “O setor tem experienciado uma volatilidade grande nos resultados dos últimos meses”, afirmou Santos. “Observamos momentos em que esse mercado se desenvolve menos, o que abre uma possibilidade estratégica das grandes marcas de fazerem grandes promoções. Por exemplo, a Black Friday foi ruim para eletrodomésticos, o que acarretou maiores promoções no Natal e melhorou o desempenho da categoria.”

Escolhas do Editor

VENDAS NO COMÉRCIO

 Jan/fev 25 (%)Fev 24/ Fev 25 (%)Ano (%)12 meses (%)
COMÉRCIO VAREJISTA0,51,52,33,6
Combustíveis/lubrificantes-0,11,51,4-1,4
Hiper/Supermercados + produtos alimentícios1,1-0,31,23,6
Super e hipermercados1,30,11,84,2
Tecidos, vestuário e calçados-0,18,65,33,6
Móveis&eletrodomésticos0,99,36,94,9
Artigos farmacêuticos/perf.0,33,24,46,6
Livros, jornais, revistas-7,8-5,2-2,9-6,6
Material de escritório-4,2-3,2-0,5-0,4
VAREJO AMPLIADO-0,42,42,32,9
Veículos&peças-2,610,09,510,9
Material de construção1,19,76,75,5
Atacado prods. alimentícios-6,5-8,4-10,1
Fonte: IBGE

Já o setor que inclui livros, jornais, revistas e papelaria caiu 7,8% no mês e 5,2% ante fevereiro de 2024. “A questão é mais profunda, visto que podemos observar uma evasão dos produtos físicos dessa atividade, que estão indo para o consumo, para serviços como plataformas digitais. O que normalmente segura o resultado dessa atividade nos meses de crescimento, como costuma ser fevereiro, é o material didático. Em 2025, não houve esse suporte de receita, como aconteceu nos últimos anos. Outro fator que influenciou no resultado foi o fechamento de mais lojas físicas, sobretudo livrarias.”

Ainda na comparação com fevereiro de 2024, as vendas cresceram em cinco dos oito setores pesquisados: móveis&eletrodomésticos (9,3%), tecidos, vestuário e calçados (8,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,6%) e combustíveis e lubrificantes (1,5%). Com resultado negativo, além de livros, jornais e revistas (-5,2%), equipamentos para escritório (-3,2%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%). No varejo ampliado, alta de 2,4%, com destaque para veículos&peças (+10%) e material de construção (+9,7%). O atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo teve queda de 6,5%.

No acumulado em 12 meses, até fevereiro, o volume de vendas no varejo cresce 3,6%. No ampliado, 2,9%. O segmento de super&hipermercados sobe 4,2% – e 3,6% quando incluídos produtos alimentícios, bebidas e fumo. No vestuário, a alta é de 3,6% e em móveis&eletrodomésticos, 4,6%. Em veículos&peças, crescimento de 10,9%, e de 5,5% em material de construção. Mas o atacado de produtos alimentícios cai 10,1%.

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