ESPECIAL: 25 DE MARÇO-160 ANOS. DC News inicia série sobre a rua que é sinônimo de comércio

Uma image de notas de 20 reais
Tela do italiano Antonio Ferrigno: a 25 de Março em 1894
(Isabella Matheus/Pinacoteca do Estado de São Paulo)
  • Série especial revisita os 160 anos da 25 de Março, unindo história, personagens e a força econômica que molda o comércio paulistano
  • Empreendedora por vocação de seus pioneiros, rua se transforma, cresce mas não perde a essencia mascate que a forjou em 1865
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
“Aos 28 dias do mez de Novembro de 1865, nesta imperial cidade de S. Paulo”, a Câmara Municipal se reunia para apreciar diversos assuntos, entre os quais a mudança de nome de logradouros. O vereador Malachias Rogerio de Salles Guerra apresentou uma lista com sete largos e 18 ruas, além de becos e travessas. A rua Detraz do Carmo virou rua das Carmelitas. A Detraz da Sé tornou-se rua Santa Thereza, na grafia da época, primeira morada da Padaria Santa Tereza, fundada em 1872. E havia também a rua Debaixo (conforme escrito na ata), que a partir daquela data se tornaria 25 de Março. Daqui até o fim do mês, a AGÊNCIA DC NEWS, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), publicará uma série de reportagens sobre a rua mais emblemática do comércio brasileiro.

E não poderia ser diferente. A rua onde morou um abolicionista, que foi tema de escola de samba e se tornou símbolo do comércio paulistano – a região compreende 17 ruas, com 3,8 mil lojas (1,1 mil apenas na 25, como é chamada, e o restante no entorno) e 30 mil empregos diretos – está prestes a completar 160 anos. Uma região que pode ser vista como representação da cidade, em menor escala: povoada por imigrantes, plural e um pouco caótica. Mas aonde os paulistanos convergem para suas compras, muito antes dos shoppings. Um embrião da veia empreendedorista de São Paulo. O nome foi homenagem à Constituição de 1824, a primeira do Brasil, outorgada por Dom Pedro I. Era ainda o Brasil Império – em 1865, já sob Dom Pedro II. A República só seria proclamada dali a 24 anos, em 15 de novembro de 1889. Dois anos depois, o país já teria nova Constituição.

Para chegar a esse organismo vivo da cidade, que recebe 200 mil pessoas por dia durante a semana e 800 mil aos sábados, a história leva ao início do século 19. E navega pelo rio Tamanduateí (antes chamado de Piratininga), que corria por onde hoje fica a 25 de Março. Ali ficava o Porto de São Bento, que depois seria conhecido como Porto Geral – de onde se origina a ladeira que “deságua” na conhecida rua de comércio popular. Devido às enchentes rotineiras, o leito do rio sofreu alterações, em meados do século retrasado. (O atual Parque Dom Pedro II fica na área da Várzea do Carmo.) Logo depois, em 1859, a Câmara tornava pública a decisão de criar uma “praça de mercado” naquela área, no fim da rua Municipal, na região onde ficava a Ponte do Carmo (um paredão erguido na área da atual avenida Rangel Pestana) e o Porto de São Bento.

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Os construtores que se apresentassem deveriam seguir uma série de recomendações, inclusive com aterro do terreno onde seria erguido o prédio, para evitar alagamentos – o que, pelo que se comprou, ao longo dos anos, não tão eficaz quanto o imaginado. Ali foi aberta a rua de Baixo (ou Debaixo), embrião da 25. E ainda antes existia o Beco das Sete Voltas, assim chamado por margear o traçado do Tamanduateí. A partir da elaboração da Planta da Cidade de São Paulo, pela Diretoria de Obras e Viação, foi publicado o Ato 972, em 24 de agosto de 1916, tornando públicas, “para todos os effeitos municipaes”, as ruas, avenidas e praças incluídas no mapa – incluindo a 25 de Março. O ato foi assinado pelo prefeito Washington Luiz, que dez anos depois seria eleito presidente da República. O último da chamada República Velha.

O primeiro mercado municipal paulistano, aberto em 1867, ficava entre as atuais 25 de Março e a rua General Carneiro, a ladeira que vai dar no Parque Dom Pedro II. Era chamado de Mercado Grande, Mercado Caipira ou ainda Mercado dos Caipiras. Durante décadas, foi motivo de debates pela falta de estrutura do local. Requerimento de um vereador em abril de 1916, por exemplo, pede à prefeitura “orçar e executar algum melhoramento”. E argumenta: “A nossa capital é frequentada por forasteiros e a primeira visita, em geral, é aos mercados”. A reclamação vinha de longe: em 1898, um “popular” reivindicava, nas páginas do jornal, um “edifício appropriado, com o necessário abrigo, para o mercado dos caipiras”. Mas a mudança demorou. O nosso Mercadão, como é conhecido, foi inaugurado em 25 de janeiro de 1933, no aniversário de 379 anos da cidade. Na rua da Cantareira, a um quilômetro do Pátio do Colégio, onde até hoje o visitante pode conhecer o Beco do Pinto, uma passagem para pessoas e animais, entre a Sé e a Várzea do Carmo. O nome é referência ao brigadeiro José Joaquim Pinto de Moraes, proprietário da casa que seria adquirida pela marquesa de Santos, conhecida como o Solar da Marquesa. E entender essa parte da história é fundamental para compreender como se formou a protagonista desta reportagem.

COLINA A cidade se instalou, originalmente, entre a Várzea do Carmo e o Vale do Anhangabaú. No meio, a colina onde foi erguido o Pátio do Colégio. Na parte baixa, à beira do Tamanduateí, desvalorizada por causa das inundações, começaram a se instalar os primeiros comerciantes, que o professor e pesquisador Lineu Francisco de Oliveira chamou de mascates. Conhecer São Paulo passa também por conhecer a história dos rios. No caso da 25 de Março, o Tamanduateí, hoje aprisionado na avenida do Estado. (Decreto estadual de 1894 declarou de utilidade pública, para desapropriação, terrenos “pertencentes a diversos” e necessário para a canalização “definitiva” do rio). O Porto Geral era usado sobretudo pelos monges de São Bento, escreveu o jornalista Roberto Pompeu de Toledo em livro sobre as origens de São Paulo. Mas também houve comércio de escravos ali. “Era comum que escravos africanos vindos do litoral fizessem pelo Tamanduateí o último trecho da viagem a São Paulo.” O Correio Paulistano – com sede na rua da Imperatriz, atual 15 de Novembro – trazia anúncios como “Aluga-se uma escrava para todo o serviço na ladeira do Porto Geral n. 13”. Mas também se podia encontrar um aviso como o da edição de 21 de dezembro de 1869, em quem um advogado dizia se encarregar “de qualquer causa, crime nos juízos desta cidade, assim como de defesas perante o jury”. O anúncio era assinado pelo abolicionista Luiz Gama. Era só procurá-lo em sua residência: rua 25 de Março, 90. Em 1854, de 25,3 mil habitantes na cidade, 5,8 mil (23%) eram escravos. Em 1872, o número caiu para 3,8 mil (12%). Às vésperas da abolição, ainda restavam 500 (0,5%).

Moradores e comerciantes conviveram, historicamente, com enchentes na região. O pintor Benedito Calixto, por exemplo, é autor da tela Inundação da Várzea do Carmo, pintada em 1892 (está hoje no acervo do Museu Paulista da USP, mais conhecido como Museu do Ipiranga). Para o professor e escritor José de Souza Martins, autor de livro de crônicas sobre a história de São Paulo, o transbordamento do rio, na área onde agora está o Parque Dom Pedro II, “serviu para que Calixto produzisse uma notável alegoria das grandes mudanças que estavam ocorrendo na cidade”. Na sua visão, se aproximava a São Paulo “moderna” e desaparecia a São Paulo “colonial e caipira”. O brasilianista Warren Dean, em obra sobre a industrialização paulista, diz, por exemplo, que no início do século 20 “o negócio das importações atingira o zênite”, o auge. Nas lojas “apinhadas dos sírios, que comerciavam com fazendas na Rua Vinte e Cinco de Março”, ou nas lojas de luxo da São Bento, o paulista comprava de tudo: “Todos os produtos da Europa e dos Estados Unidos, desde o mais básico até o mais supérfluo”. E a 25 de Março chamava a atenção também dos artistas. Quase na mesma época de Benedito Calixto, o italiano Antonio Ferrigno pintou três telas sobre a rua – estão hoje nos acervos da Pinacoteca e do Masp, além de uma coleção particular.

Até as últimas décadas do século 19, São Paulo se concentrava na colina do Pátio do Colégio, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí. Em 1890, segundo o Censo, a cidade tinha 65 mil habitantes. Dez anos depois, já eram 240 mil, e seriam 1,3 milhão em 1940. A avenida Paulista havia sido inaugurada em 1891. No ano seguinte, surgiu o viaduto do Chá, em sua primeira versão, de ferro (com cobrança de pedágio nos primeiros quatro anos) – a atual, de concreto, é de 1938. A estação da Luz entrou em atividade em 1901, mas a ferrovia Santos-Jundiaí estava em operação desde 1867 – era o escoadouro da produção agrícola (café).

IMIGRAÇÃO A esta altura, a 25 de Março já poussuía menos 500 lojas, abertas por imigrantes sírios e libaneses, que dominariam a região. A comunidade ergueu em 1904 a Paróquia Ortodoxa Antioquina da Anunciação, conhecida como Igreja de Nossa Senhora, na antiga rua Itobi, atual rua Cavalheiro Basílio Jafet (que sofreu incêndio em 2022 e foi reaberta no ano seguinte). A área urbana se expandia. E São Paulo enriquecia com o café. Em 1913, o viaduto Santa Ifigênia ligou o largo de mesmo nome ao largo São Bento, passando sobre a avenida Prestes Maia. Era mais uma artéria que partia da região central, em direção ao bairro da Luz. Assim, em 1920, já se percebe uma população mais espalhada entre os distritos. As maiores concentrações estão em bairros operários da Zona Leste, como Mooca (69 mil), Brás (67 mil) e Belenzinho (46 mil).

Um dos primeiros registros de estabelecimentos na 25 foi da Nami Jafet e Irmãos – Benjamin, Basílio e João já estavam no Brasil, enquanto o libanês Nami chegou em 1893, quando a família abriu a loja na 25 de Março. O empreendimento daria origem à Fiação, Tecelagem e Estamparia Ypiranga Jafet, fábrica aberta em 1907 no bairro do Ipiranga. Jafet tornou-se sinônimo de atividade industrial e comercial. A família também foi uma das principais doadoras para a construção da igreja ortodoxa. Mas há pelo menos um registro de estabelecimento anterior: a Casa Allemã (com dois “l”), que “nasceu no 2º andar de uma velha casa amarela de taipa, na rua 25 de Março”, segundo anúncio publicado em 1941 que falava de suas origens e se apresentava como parte do “patrimônio moral paulista”. Provavelmente em resposta às pressões que os estabelecimentos alemães começaram a sofrer depois que o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial.

Por lá se vendia artigos de porcelana, cerâmica, roupa de cama, lingerie, bijuterias, artigos para vestuário. No ano seguinte a empresa, publicou outro anúncio, no Correio Paulistano em 1942, mais emotivo: “No provinciano São Paulo desses dias [referindo-se a 1883], é a rua 25 de Março o centro preferido dos comerciantes emigrados de todas as pátrias”. Era a rua do comércio estrangeiro. “Há aí uma casa que o povo chama armênia, outra portuguesa, outra alemã, porque armênio, português, alemão são seus donos”, afirmou ainda a Casa Allemã, que a essa altura estava instalada na rua Direita. “Oriunda de capital grangeado e desenvolvido no Brasil (…), a Casa Alemã, apesar de sua designação, é incontestavelmente uma casa brasileira.” A essa altura o estabelecimento teve que mudar de nome: tornou-se Galeria Paulista de Modas, que se manteve na ativa até 1959. A 25 de Março também estava na área escolhida para o primeiro exercício de defesa antiaérea, durante o qual várias regiões tinham que adotar o blecaute.

Os imigrantes chegam em peso. No início da década de 1920, São Paulo tem quase 600 mil habitantes – 205 mil são estrangeiros, 35% do total. Na Mooca e no Brás, essa participação chega a 44% e a 43%, respectivamente. Na época, a 25 de Março, no número 167, tinha também fabricante de lança-perfume, que era usado à vontade no Carnaval: um anúncio de 27 de janeiro de 1923 na Folha da Noite, da empresa Rodo (João Kalil & Irmão), apresentava embalagens de 30, 60 e 100 gramas, do “melhor lança-perfume”, vendido no atacado e no varejo. (O produto foi proibido em 1961, pelo então presidente Jânio Quadros, que assinou decreto em 18 de agosto, apenas uma semana antes de sua renúncia.)

BOMBARDEIO No ano seguinte, a 25 de Março também sofreria as consequências dos ataques contra São Paulo, bombardeada pelo governo federal. O confronto aconteceu durante quase todo o mês de julho de 1924. Segundo o historiador Moacir Assunção, deixou 503 mortos, quase 5 mil feridos e 250 mil em busca de refúgio. O desabastecimento provocou saques em busca de alimentos, como no dia 9 de julho: “Começam os saques em armazéns da Mooca e do Bom Retiro e o Mercadinho da rua 25 de Março é incendiado”. Após o fim da revolta, a prefeitura informou que 103 estabelecimentos comerciais e industriais sofreram saques, bombardeios, incêndios e roubos. A lista incluía o Mercado Municipal de Aves e a Oficina Duprat, na 25. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) fez pelos jornais um apelo por solidariedade, pedindo “aos habitantes desta generosa cidade que recebam em suas casas, na medida de suas forças, as mulheres, velhos e crianças desamparados”. O texto é assinado pelo presidente da ACSP, José Carlos de Macedo Soares. Foram tempos difíceis para São Paulo, que em 1932 protagonizou a Revolução Constitucionalista. É dessa época a campanha que depois deu nome ao Edifício Ouro para o Bem de São Paulo, no largo da Misericórdia, região central.

Na virada dos anos 1920 para 1930, os comerciantes ainda moravam com suas famílias na parte de cima dos estabelecimentos. Nas décadas seguintes, eles começariam a se deslocar para outras regiões, como os bairros de Vila Mariana e Paraíso, e o piso superior se tornaria depósito. De acordo com livro publicado por Rose Kuraicho sobre as memórias da chamada “rua dos árabes”, nesse período a 25 de Março tinha três regiões definidas. Uma ficava mais próxima à praça da Sé, onde se vendiam galinhas. Na esquina da General Carneiro com a 25, estavam os primeiros atacadistas de tecidos. No sentido do Anhangabaú, “pequenas lojas de armações e panos para cortinas”. Busca em anúncios nos jornais, em meados dos anos 1940, mostra predominância de indústrias e lojas de tecidos ao longo da 25 de Março. Basta ver a sequência: Afez Chohfi (número 661), A Nova Aliança de Tecidos (614), Assad Abdalla (591), Companhia Comercial de Tecidos (1.212), Fiação Campinas (607), Gasparian (também 607), Irmãos Camerini (324), Lotaif (693), Matuck (858), Mercantil de Tecidos (449), Michel Chohfi (555), Nemer Haddad (785), Nova Aliança (614), Paulista (853), Pereira Sobrinho (1.091-1.095), Salvador Hannud & Filho (rendas e armarinhos, no número 501), São Sebastião (1.085), Sedadada (673), Sedas Luiz XV (687) Tecidos L.G. Toledo (830), Tecidos Kalil (1.260), Waldomiro Bussab (816), Zacharias (1.012). Em 1946, até a Panair, principal companhia aérea brasileira, tinha escritório na 25, no número 160. Bem perto, no 270, havia uma loja de máquinas (Manoel Ambrosio Filho), comercializando motores, tornos e prensas.

Nos anos 1940 o crescimento de São Paulo levava o poder público a pensar em alternativas. Em 1942, jornais noticiaram que a prefeitura estudava a construção de uma praça subterrânea, uma “colossal estação” que serviria “para avaliar a praça da Sé da maioria dos elétricos e veículos coletivos que procedem de além-Tamanduateí”. A entrada ficaria na “altura da ponte existente sobre a rua 25 de Março, no início da rampa do Carmo”. Também havia os bondes, que circulavam desde o início do século pela cidade. Em 1947, a operação passou da Light para a CMTC, e os bondes foram sendo substituídos por ônibus e trólebus. A última linha deixou de circular em março de 1968. Uma notícia recorrente nos jornais dos anos 1930 a 1950 era sobre acidentes – atropelamentos, batidas e quedas – com bondes, muitos ocorridos na região da 25.

VLT – A atual administração municipal tem um projeto denominado Bonde São Paulo, que prevê circulação de veículos leve sobre trilhos (VLTs) na região central, com capacidade para atender 130 mil pessoas por dia. Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), estão previstas duas linhas, com 12 quilômetros de extensão. Deve conectar “bairros estratégicos, como Bom Retiro e Brás, facilitando o acesso a importantes pontos culturais e econômicos”. O que inclui a rua 25 de Março. A rigor, é uma discussão antiga. Em 2001, um escritório de arquitetura (Vigliecca&Associados) apresentou à prefeitura paulistana um projeto de reestruturação da 25 que incluía VLTs. Para os arquitetos, a área “deve ser tratada com a importância de um território que gera riqueza, já consolidado historicamente como área comercial, principalmente atacadista”. E que precisaria, acrescentou, “melhorar seu suporte físico com o único fim de persistir na sua vocação”. Também já não era mais apenas a “rua dos árabes”.

A 25 de Março atravessou fases em relação aos produtos ali comercializados. Foi de centro atacadista, marcadamente têxtil, até a década de 1950, para um varejo mais diversificado, que se adapta às datas comemorativas – basta ver como a rua se transforma em véspera de feriados. Dos tecidos e armarinhos iniciais para as bijuterias e dali para os eletroeletrônicos (que virariam marca da Santa Ifigênia). O que coincide com a chegada dos chineses à região – ao mundo todo. Neste 2025, inclusive, foi realizada a terceira edição do Festival da Lua Chinês. A 25, como microuniverso paulistano, passou por enchentes, bombardeios, guerras, levas migratórias, viu chegar os shopping centers – a partir dos anos 1960 –, testemunhou a expansão da cidade para os bairros, sentiu a deterioração do Centro e as iniciativas do poder público para sua revitalização, a criação do comércio eletrônico, a inflação e as oscilações do câmbio. E continuou sendo um centro de peregrinação de compras.

Em 2007, a rua foi apontada como uma das Sete Maravilhas Paulistanas, em votação organizada pelo portal UOL e pela emissora de rádio BandNews FM. No mesmo ano, foi tema do Carnaval em São Paulo. A Camisa Verde e Branco, uma das escolas mais tradicionais da cidade, foi à avenida com o enredo Das Sete Curvas de Um Rio Nasce a Rua da Cultura, Religião e Comércio. Festa Popular: 25 de Março, Isso é Brasil!. A agremiação da Barra Funda ficou em segundo lugar no grupo de acesso, retornando à divisão principal.

Do comércio a evolução
O porto é geral
Rua 25 de Março, o seu nome é homenagem
À primeira Constituição

(…)

Imigrantes de todos os cantos
Diversas religiões
Trazendo na bagagem cultura e raiz
Trabalhando neste solo com paz e união
(…)

O Brasil inteiro vem a ti para comprar
Ó rua do comércio popular

E também não poderia ficar de fora do radar de Adoniran Barbosa, o compositor por excelência das coisas de São Paulo. A 25 é citada em Bazares, composição de Adoniran e Evandro do Bandolim. Foi gravada pela primeira vez em 2000 pelo cantor Passoca, em álbum que reuniu inéditas do autor de Saudosa Maloca. É uma ode ao comércio paulistano, que tem a 25 como seu berço. João Rubinato, nome verdadeiro de Adoniran, por sinal, trabalhou ali como vendedor e entregador, nos anos 1930.

25 de março
Mão de obra da Turquia
Levanta-se muito cedo
Quando ainda não é de dia

Como diz o refrão:

Mais um aqui pro “fregueis”,
“Divinha” o que tem na mão
Aqui caro sai barato,
E tem até prestação

Vou à 25 é uma expressão que identifica uma região e resume um histórico hábito do morador da capital paulista, que se espalhou pelo Brasil e outros países. Afinal, a 25 de Março é o local onde “tem de tudo”. Como São Paulo.

Rua segue protagonista das compras populares e atrai pessoas de todo o país
(Renato S. Cerqueira/Folhapress)

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