Neste mês, no dia 16, o metrô de São Paulo completou 50 anos de funcionamento ao público. Em 1974, os primeiros paulistanos faziam suas viagens inaugurais. Havia apenas uma linha (a atual 1-Azul) e sete estações (da Vila Mariana até o Jabaquara). De lá para cá, são 91 estações em operação e 104 quilômetros de extensão. Para marcar este meio século do sistema – decisivo não apenas para a mobilidade da metrópole, mas igualmente em sua transformação econômica –, a agência DC NEWS iniciou a série Metrô-SP 50 Anos. Reportagens que narram seus dados, suas melhores histórias e seus maiores desafios.
Reportagem 7. Os mais profundos
O metrô de Kiev, capital da Ucrânia, tem hoje três linhas, 52 estações e quase 70 quilômetros de extensão. Os primeiros trens passaram a circular em 1960, em apenas uma linha e cinco estações. Uma dessas estações pioneiras era Arsenalna, nome que faz menção a uma fábrica de armas construída no século 18. Construída em uma colina, às margens do rio Dnieper, a estação, considerada monumento arquitetônico, tem 105,5 metros de profundidade – o equivalente a um prédio de 35 andares.
À frente de Arsenalna está a estação Hongyancun, que fica na cidade de Chongqing – a quinta maior do país (17 milhões de habitantes). Inaugurada em 2022, ela chega a 116 metros. O usuário precisa percorrer três esteiras e sete escadas rolantes. Mas a linha mais profunda do planeta é de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, mas as informações variam conforme a fonte – a profundidade média seria de 110 metros em suas duas linhas e 17 estações.
No Brasil, o metrô paulistano tem também suas campeãs das profundezas. A lista é liderada por duas estações da Linha 4-Amarela (mantida pela concessionária ViaQuatro): Paulista Pernambucanas (55,8 metros) e Butantã (51,7 metros). Na sequência aparece, na Linha 5-Lilás (administrada pela ViaMobilidade), a estação Santa Cruz – que se liga à Linha 1 – chega a 48 metros. No caso das linhas operadas pelo Metrô, a campeã está 45 metros abaixo do solo, a estação São Bento, na rua Boa Vista, onde fica a sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Segundo a Companhia do Metropolitano, seu ponto mais profundo se situa próximo a uma das paredes do vizinho Mosteiro de São Bento. Inaugurada em 1975, a estação possui uma passagem – uma portinhola no terceiro dos cinco níveis – que dá acesso ao chamado Diafragma. É uma área com muros que, além de absorver o peso da construção, barram o fluxo de água, evitando infiltrações. E é ali que cinco equipes atuam durante as madrugadas fazendo o controle de pragas.
Há mais de 40 anos o Metrô faz trabalhos de desinsetização e desratização, incluindo o chamado anel sanitário – um raio de 50 metros do centro da linha. Isso é feito em vias, estações, trens, pátios e prédios administrativos, muitas vezes em área de difícil acesso. Segundo a empresa, “esse é um trabalho que o passageiro não vê, mas que é muito importante para manter um ambiente limpo e seguro para todas as pessoas”. E para a própria operação: em 1975, ratos roeram cabos subterrâneos e provocaram pane no sistema, fazendo os trens pararem de circular.
Todas as reportagens do Especial Metrô-SP 50 Anos.
1. Os vários nascimentos do metrô de São Paulo
2. Implosões abrem caminho para o Centro