SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A 99Food, plataforma de delivery de alimentos, começa as operações no estado de São Paulo nesta terça-feira (12) com previsão de investimento de R$ 500 milhões no estado até meados de 2026, projeto de construção de pontos de apoio para os motociclistas e taxa zero para restaurantes.
Os trabalhos começam em período de teste na capital paulista e nas cidades de Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo, Santo André, Barueri, Diadema e São Caetano, e devem durar um mês.
Os restaurantes parceiros deverão oferecer a chamada “taxa de balcão”, cobrando o mesmo preço pelo prato tanto no aplicativo quanto no salão ou balcão do restaurante.
Para novos consumidores, serão oferecidos cinco cupons que vão somar até R$ 99, em mais um capítulo da guerra de preço dos aplicativos de entrega de comida, que envolve ainda iFood e Rappi ambas com ações para restaurantes e consumidores.
A previsão de investimento total no Brasil é de R$ 1 bilhão. O foco é nos restaurantes porque, hoje, pelo menos 30% dos estabelecimentos afirmam que não fazem parte de aplicativos de delivery por conta das taxas.
São Paulo tem mais de 20 mil restaurantes cadastrados e mais de 50 mil entregadores na base da empresa. Em Goiânia (GO), onde ocorreu um projeto-piloto para o retorno da 99Food ao Brasil, foram 8.000 restaurantes e mais de 15 mil entregadores. No piloto, em 50 dias, foram registrados mais de 1 milhão de pedidos.
Simeng Wang, diretor-geral da 99Food no Brasil, afirmou, durante entrevista de início das operações, que os valores das taxas foram apontados pelos restaurantes como um dos principais pontos de custos, afetando o faturamento.
Com isso, 30% dos 1,4 milhão de estabelecimentos brasileiros não estão cadastrados em nenhum aplicativo de delivery. Os dados mostram que, por ano, os brasileiros pagam mais de R$ 60 milhões em taxas para os apps.
A isenção é uma estratégia para aumentar o público de delivery, que tem frequência mais baixa no Brasil do que em outros países do mundo. Wang afirma que, hoje, são feitos 4 milhões de pedidos de comida por dia no Brasil. Na China, são 70 milhões.
“É uma população seis vezes maior do que no Brasil, mas com taxa de pedidos 15 vezes mais. A gente entende que tem mercado para crescer sem tomar o ‘share’ de ninguém”, disse.
O custo do produto e da entrega também foram apontados por consumidores como um impeditivo para fazer mais pedidos por dia, semana ou mês. Há também foco nas classes menos favorecidas, com menor renda, onde há potencial para mais compras.
“E com a isenção de mensalidade para os restaurantes eles são estimulados a oferecer os preços conforme estão no balcão para ampliar números de pedidos. Junto com frete grátis, vão oferecer mais acessibilidade para os consumidores brasileiros”, disse.
“Quando a gente fala dos restaurantes o ponto principal de dor deles é comissão altíssima que faz com que o lucro através do delivery seja muito baixo. Por isso trazemos o propósito de valor de zerar a mensalidade para ter o mesmo nível de lucratividade de balcão”, afirmou.
Renato Meireles, presidente do Instituto Locomotiva, apresentou os dados da pesquisa encomendada pela 99Food e elencou exemplos de motivos pelos quais os consumidores pedem comida na atualidade, em contrapartida com o que ocorria no passado.
O instituto ouviu 2.000 consumidores na região metropolitana de São Paulo e 500 restaurantes. Meireles lembrou que, há mais de 20 anos, o consumidor brasileiro pedia delivery uma única vez por semana, aos domingos, como uma espécie de “presente” semanal.
Atualmente, o foco é otimizar o tempo, e o número de pedidos é mais frequente, sendo feito por necessidade e não apenas como um luxo semanal.
“A enfermeira que atrasa após um dia de plantão pede comida para os filhos para otimizar tempo”, disse. A pesquisa apontou que metade (54%) dos consumidores associam o delivery a facilitar e ganhar tempo no dia a dia, mas apontam o custo como principal impedimento para pedir mais.
“Otimizar tempo significa otimizar dinheiro para essas pessoas. No século 21 o tempo é o grande ativo que as pessoas têm”, disse.
A 99Food faz parte do grupo chinês DiDi, que atende 45 milhões de pedidos por dia, com mais de 20 mil restaurantes cadastrados em cinco continentes. No Brasil, a empresa trabalha com mobilidade urbana, em serviço de transporte por aplicativo de carro ou moto, e tem a empresa de crédito 99Pay.
Há 55 milhões de usuários ativos na plataforma, e só em 2024 foram feitas 1,4 bilhão de corridas no Brasil com motos. Há mais de 1,5 milhão de motoristas e motociclistas conectados à plataforma.