No ano do tarifaço, exportações brasileiras para os EUA caem 6,7% e importações crescem 12,7%

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Setor que inclui óleos brutos de petróleo teve queda de 21% nas exportações aos EUA
(Ricardo Borges/Folhapress)
  • De janeiro a novembro, déficit brasileiro em relação aos norte-americanos soma US$ 7,9 bilhões, maior valor em três anos
  • Exportações de óleos combustíveis, de celulose e produtos semiacabados de ferro e aço caem. As de aeronaves crescem
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos sofreram turbulências em 2025, mitigadas nos últimos meses, mas com efeitos na balança. As exportações brasileiras somam US$ 34,2 bilhões no ano, até novembro, queda de 6,7% na comparação com igual período de 2024. Com total de US$ 42,1 bilhões de janeiro a novembro, as importações crescem 12,7%. Até o penúltimo mês do ano, o déficit brasileiro é de US$ 7,9 bilhões, bem acima de 2024 (US$ 283,8 milhões) e mesmo de 2023 (US$ 1 bilhão), mas abaixo de 2022 (US$ 13,9 bilhões). Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), disponíveis no portal Comex Stat.

Os Estados Unidos seguem como segundo parceiro comercial do Brasil, atrás da China. Mas a participação do mercado norte-americano nas exportações brasileiras caiu de 12%, em 2024, para 10,8%. A participação nas importações subiu: de 15,5% para 16,2%.

Com 12,4% de participação nas vendas brasileiras aos Estados Unidos, o setor que inclui óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos (indústria extrativa) sofre queda de 23,1% no ano, para US$ 4,3 bilhões. Já as importações crescem 18,2%, para US$ 144,2 milhões. Óleos combustíveis de petróleo (exceto brutos) caem 9,6% nas exportações (US$ 1,5 bilhão) e crescem 105,1% nas importações (US$ 774,5 milhões). É um setor com 4,4% de participação nas vendas e de 20,2% nas compras.

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Na indústria de transformação, as vendas de produtos semiacabados, lingotes e outros itens de ferro e aço caem 5,6% e somam US$ 3,1 bilhões – o setor tem 9,1% de participação nas exportações. Apesar de atingida pelo tarifaço e de oscilações, a indústria de aeronaves – 7% de participação – registrou alta de 16,2% nas vendas para os Estados Unidos neste ano, somando US$ 2,4 bilhões. As importações cresceram mais (19,3%), mas também em menor valor (US$ 166,4 milhões). Outros setores em alta nas exportações brasileiras são sucos de frutas ou vegetais (+30,3%, com 3,9% de participação) e, na agropecuária, café não torrado (+6,8% e 5,2% de participação). As vendas de celulose caíram 21,4% (3,6% de participação) e as de instalações e equipamentos de engenharia civil recuaram 6,9% (também 3,6%).

No total, incluídas as duas primeiras semanas de dezembro, as exportações brasileiras somam US$ 332,1 bilhões, crescimento de 3,9% sobre 2024. As importações totalizam US$ 271 bilhões (+8,7%). O superávit no ano é de US$ 61,1 bilhões (-13,1%).

No final de novembro, durante evento, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (MDIC) afirmou que “todo empenho do governo” está voltado para tirar produtos do tarifaço. “Semana passada tivemos redução de 33% das exportações afetadas pela tarifa para 22%.” Ele citou itens como café, carne e frutas. “Dos dez produtos que os Estados Unidos mais vendem para nós, oito a alíquota é zero”, disse. Segundo o chefe do Mdic, a tarifa média para entrar no Brasil o produto americano é 2,7%. Agora, segundo Alckmin, 51% das exportações brasileiras para os Estados Unidos têm tarifa zero ou de 10%.

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