[AGÊNCIA DC NEWS]. O aquecimento do mercado de trabalho em 2024 levou a outro recorde, menos falado: o número de demissões a pedido chegou a 6,5 milhões de janeiro a setembro, 36,6% do total. Isso significado que de cada dez dispensas feitas neste ano, quase quatro foram por iniciativa do próprio empregado – e em um ritmo de quase 24 mil por dia. O contingente cresce 16,1% sobre 2023 (5,6 milhões de pedidos) e 22,8% em relação a 2022 (5,3 milhões). “Esses números sinalizam uma busca crescente dos trabalhadores por melhores oportunidades de trabalho”, afirmaram as economistas e pesquisadoras Janaína Feijó e Helena Zahar no boletim Mercado de Trabalho em Pauta, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da FGV).
O pico deste ano foi em agosto, com 759,4 mil demissões a pedido. Mesmo com um número menor no mês seguinte (737,7 mil), a taxa de setembro representou 38,5% do total de demissões, também atingindo recorde porcentual histórico. Todos os dados foram elaborados pelas autores com base nas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Das mais de 6,5 milhões de demissões a pedido, 4,4 milhões foram entre trabalhadores com ensino médio completo ou superior incompleto. No recorte por faixa etária, 1,9 milhão tinham de 18 a 24 anos, 1,7 milhão, de 30 a 39 anos e 1,5 milhão, 40 anos ou mais. Segundo os dados do Caged, o saldo no ano é de 1,98 milhão de postos de trabalho com carteira – resultado de 19,8 milhões de admissões e 17,8 milhões de desligamentos. Apenas o setor de comércio tem saldo de 217 mil vagas formais.
TAXA DE DESOCUPAÇÃO – Pelo dado mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, a taxa de desocupação (desemprego) caiu para 6,4%. Foi o menor índice para um terceiro trimestre na série histórica, iniciada em 2012. As maiores taxas foram registradas em Pernambuco (10,5%), Bahia (9,7%) e Distrito Federal (8,8%). As menores, em Rondônia (2,1%), Mato Grosso (2,3%) e Santa Catarina (2,8%).
William Kratochwill, analista do IBGE, atribui a redução à chegada do segundo semestre, quando começa o período de contratações voltado à produção e formação de estoque, com vista às compras de fim de ano. “No último trimestre, a ocupação na indústria registrou um acréscimo de mais de 400 mil vagas”, disse.
Outro indicador da Pnad Contínua mostra que diminuiu a quantidade de pessoas em relação ao tempo de procura de trabalho. Entre os que buscavam ocupação há menos de um mês, a queda foi de 17,6%. De um mês a menos de um ano, -12,1%. Na faixa que vai de um ano a menos de dois anos, retração de 19,1%. E é justamente o contingente que procura trabalho há mais de ano que teve a maior diminuição, de 20,4%. Ainda assim, esse grupo soma 1,5 milhão de pessoas. E é o menor para um terceiro trimestre desde 2014. “Esse aquecimento da economia, refletido na redução da taxa de desocupação, influencia diretamente na diminuição do tempo de busca por trabalho”, afirmou Kratochwill.