Carlos Silva, CEO da GoGamers: “Brasileiro sempre buscará a melhor experiência de compra e preço"

Uma image de notas de 20 reais
Mercado global supera R$ 1 trilhão
(Lalesh Aldarwish/Pexels)
  • Em reais, mercado global ultrapassa R$ 1 trilhão. Tendência é consolidação do streaming
  • Produtos chegam ao país por meio de marketplaces como Aliexpress, Shopee e Temu e atraem consumidores por causa da diversidade e do preço
Por Victor Marques

[AGÊNCIA DC NEWS]. O mercado gamer já é globalmente trilionário – em reais. Cresceu 2,1% em 2024 e chegou aos US$ 187,7 bilhões no mundo (quase R$ 1,1 trilhão), segundo a Newzoo, principal plataforma de dados sobre o universo e jogos para PC e console. Essa é uma boa notícia para o varejo, uma vez que o número de jogadores pagantes (aqueles que gastam com produtos do segmento) também aumentou no ano passado, em 5%, para 1,5 bilhão de pessoas, com o potencial de alcançar 1,7 bilhão até 2027. Personagens, histórias e ambientes retratados nos jogos impulsionam a produção e venda de brinquedos, acessórios, componentes eletrônicos e consoles ao redor do mundo. Atualmente, a China é um dos principais players desse mercado. Em 2023, o país faturou US$ 423 milhões em acessórios para jogos, segundo a Grandview Research, e US$ 19 bilhões em brinquedos e jogos, conforme a plataforma global de dados Statista.

No Brasil, esses produtos chegam por meio de marketplaces internacionais, como Aliexpress, Shopee e a novata Temu. Para Carlos Silva, CEO da GoGamers, consultoria especializada no mercado de games, o consumidor brasileiro está cada vez mais aberto ao uso dessas plataformas, majoritariamente pela disparidade de preços e diversidade que elas oferecem. “O brasileiro sempre busca a melhor experiência de compra, e essas plataformas oferecem exatamente isso”, afirmou à Agência DC NEWS. Ele acredita que as novas tributações, como a taxa das blusinhas, terão impacto limitado. “Pode fazer o consumidor planejar mais suas compras, mas ele não deixará de consumir.”

AGÊNCIA DC NEWS – Como o brasileiro tem se comportado em relação às compras em plataformas internacionais como Aliexpress e Shopee?
Carlos Silva – O brasileiro está cada vez mais aberto ao uso dessas plataformas. Elas oferecem uma gama de produtos muito maior do que as encontradas no Brasil. Tem ainda a questão de preço, que faz total diferença. A disparidade de preços entre um produto de marca aqui e um similar nessas plataformas acaba levando o brasileiro a escolher por essas opções [de fora], principalmente em categorias como gadgets, eletrônicos e até moda.

Escolhas do Editor

AGÊNCIA DC NEWS – O que atrai tanto o consumidor brasileiro para esses marketplaces?
Carlos Silva – O brasileiro sempre busca a melhor experiência de compra, e essas plataformas oferecem exatamente isso. Ele consegue pesquisar, comparar e fazer o melhor negócio. Se você quer ter uma boa experiência e economizar dentro da sua característica de renda familiar, essas empresas são bons caminhos.

AGÊNCIA DC NEWS – As novas regras de importação, a taxa das blusinhas, adotada em agosto, podem impactar esse comportamento de consumo?
Carlos Silva –
Ainda não conseguimos visualizar esse impacto claramente. Não vimos, por exemplo, Aliexpress ou Shopee sumirem das preferências do consumidor. É claro que uma taxa de importação impacta, sim. O que antes você pagava R$ 100, agora custa mais. Isso pode fazer o consumidor planejar mais suas compras, mas não acho que ele vai deixar de consumir nessas plataformas. Ainda estamos aguardando para entender se esse movimento vai gerar um impacto significativo ou não.

AGÊNCIA DC NEWS – Olhando para o futuro, qual é a sua perspectiva para o consumo de jogos e o papel das varejistas nos próximos cinco anos?
Carlos Silva – O brasileiro vai continuar investindo em games. Nos últimos dez anos, o comportamento de consumo se consolidou, e acreditamos que o setor continuará crescendo. O que pode mudar são os modelos de negócios. Com a digitalização dos jogos e o surgimento de serviços de streaming, como o Xbox Game Pass e o Netflix Games, o mercado pode se transformar. Vemos um movimento no qual as empresas estão se adequando a novos modelos, como assinaturas e streaming, e criando ecossistemas maiores para os jogadores. Isso inclui desde grandes publicadoras até varejistas e marcas que atuam no setor.

AGÊNCIA DC NEWS – Tecnologias como o 5G também devem impulsionar esse crescimento?
Carlos Silva – Com certeza. A tecnologia permitirá que mais pessoas acessem serviços de streaming de jogos, criando novas oportunidades de consumo. À medida que a tecnologia avança, com melhor acesso à internet de alta velocidade, o consumo de jogos via streaming tende a crescer. O que percebemos é que, nos próximos anos, o mercado de games continuará se expandindo, com novas formas de monetização e de experiência para os jogadores.

AGÊNCIA DC NEWS – O streaming de jogos será mesmo o futuro da indústria?
Carlos Silva –
Sim. A ideia é permitir que o consumidor tenha acesso a uma vasta biblioteca de jogos sem precisar comprar cada título individualmente. Conforme mais pessoas tiverem acesso à tecnologia necessária, como 5G e internet de alta velocidade, essa forma de consumir jogos deve ganhar maior relevância. E, nesse cenário, as empresas que investirem nesse modelo terão uma grande vantagem competitiva.

AGÊNCIA DC NEWS – E como você vê as grandes marcas de jogos, como Sony, Microsoft e Nintendo, lidando com essas mudanças?
Carlos Silva – Essas empresas já estão se adaptando. A Microsoft, por exemplo, com o Game Pass, está investindo fortemente em modelos de assinatura e streaming. Sony e Nintendo, cada uma a seu modo, também devem se movimentar nessa direção. O futuro do mercado de games vai passar por uma transformação significativa.

GoGamers
Carlos Silva, da GoGamers: “Tendência é con solidação do streaming”
(Divulgação)

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