[AGÊNCIA DC NEWS]. O varejo atravessa um período marcado por desafios estruturais e transformações aceleradas impulsionadas pela digitalização e o avanço da Inteligência Artificial (IA). No Brasil, a essa equação são adicionados os componentes macroeconômicos – pressões como inflação persistente e juros elevados. Esse cenário foi analisado por Luciana Medeiros, sócia e líder da Indústria de Consumo e Varejo da PwC, em entrevista ao DC NEWS TALKS, o videocast da AGÊNCIA DC NEWS, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Se as empresas não se reinventarem, nos próximos dez anos elas podem não existir”, afirmou, ao destacar a urgência da transformação digital. Nesse mar de mudanças, a própria PwC – que completa 110 anos no Brasil e 175 de fundação (em Londres) – tem se reinventado. “Atuaremos muito como consultoria e com muita tecnologia.”
A 28ª edição da CEO Survey, da PwC, que reúne entrevistas com mais de 4,7 mil líderes em mais de 100 países, mostra que a pauta da tecnologia é também uma preocupação de curto prazo. Um a cada quatro (24%) dos executivos brasileiros disse estar “muito exposto” ou “extremamente exposto” a perdas financeiras significativas em função da disrupção tecnológica. A média global é de 20%. No caso das lideranças do Brasil, no entanto, o tema ficou atrás do quesito mão de obra qualificada, citada por 30% dos CEOs. E quando o recorte é feito somente entre as lideranças do varejo, fica ainda mais grave: 41% dos entrevistados temem não apenas problemas com a qualificação da mão de obra, mas também de oferta. E nesse caso a Inteligência Artificial não deverá ajudar na redução de vagas, segundo Luciana. “Não vemos a IA como substituição [de funcionários]. Ela não vai resolver a falta de trabalhadores no varejo”, disse. Mas há espaço para otimização. “A IA pode deixar mais eficiente essa mão de obra. É uma orientação que a PwC tem feito.”
A executiva reforça que o avanço tecnológico impacta diretamente a eficiência operacional. “Eficiência será o passaporte para a sobrevivência das empresas no varejo”, afirmou. Outro ponto destacado foi o avanço do modelo omnichannel, que integra lojas físicas e plataformas digitais. “Hoje, o consumidor pesquisa no celular enquanto anda pela loja”, disse Luciana. Para entender e atender esse perfil, varejistas precisam investir em soluções que reduzam fricções e garantam uma jornada de compra fluida, seja no ambiente físico ou no online. “O consumidor gosta de passear no shopping, mas também quer agilidade”, afirmou. A combinação entre eficiência operacional, sensibilidade aos novos hábitos de consumo e integração tecnológica definirá o sucesso das empresas. “Quem não acompanhar essa transformação vai ficar para trás.” Confira a entrevista.