Shopping e loja de rua perdem espaço e franqueado agora busca operações em supermercados e home based

Uma image de notas de 20 reais
Participação de lojas em shoppings cai de 22,5% (2020) para 16,9% (2025) entre unidades de franquias
(Imagem gerada por IA/Freepik)
  • Entre quarta-feira e sábado acontece a ABF Franchising Expo 2025, no Expo Center Norte, em São Paulo. Haverá 400 marcas expositoras
  • No primeiro trimestre de 2025, segmento tem avanço de 8,9% na receita em comparação com o mesmo período de 2024, atingindo R$ 65,9 bilhões
Por Aryel Fernandes

[AGÊNCIA DC NEWS]. Há um mapa em movimento na localização das franquias no Brasil. Ainda predominam as lojas de rua, muito à frente das instaladas em shoppings. Mas ambas perdem espaço em relação às unidades em supermercados ou home based (que não necessitam de um ponto de venda físico). “Surgiram novos formatos, com foco em pequenos lugares e conveniência”, afirmou Rodrigo Abreu, diretor de Marketing e Comunicação da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Entre 2020 e o primeiro trimestre de 2025, a participação das lojas de rua caiu de 63,4% para 53,5% do total, enquanto as de shopping recuaram de 22,4% para 16,9%. Por outro lado, as operações baseadas em supermercados saíram de 3,3% de share para 6,6% e as home based, de 7,1% para 10,9%. Segundo Abreu, o movimento reflete a busca dos franqueados por locais mais acessíveis para estruturar seus negócios.

Os dados fazem parte da Pesquisa Trimestral de Desempenho do setor de franquias realizada pela ABF. No primeiro trimestre deste ano, o segmento teve avanço de 8,9% na receita em comparação com o mesmo período de 2024, atingindo R$ 65,9 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento foi ainda mais expressivo, de 11,2%, com faturamento superior a R$ 278 bilhões. Mesmo diante de um ambiente internacional marcado por incertezas e de uma política monetária mais restritiva em âmbito doméstico, o setor de franquias brasileiro demonstra dinamismo. De acordo com o presidente da ABF, Tom Moreira Leite, “no primeiro trimestre do ano, o franchising driblou restrições, como a alta taxa de juros (Selic)” – elevada a 15% ao ano na quarta-feira (18) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Para Rodrigo Abreu, outro destaque da pesquisa é o bom desempenho do setor como um todo, que tem taxa de mortalidade baixa comparada à dos negócios independentes. No primeiro trimestre, sobre um ano antes, houve alta de 4,4% no número de lojas abertas e de 1,6% no número de operações encerradas, resultando num saldo positivo de 2,8%. Em números absolutos, são 198.730 unidades. Os repasses permaneceram estáveis, com percentual de 0,8%. O setor gerou mais de 70 mil empregos. Com cerca de nove vagas por ponto de venda, as franquias empregam diretamente 1,7 milhão de pessoas. Destes, 20% representam o primeiro emprego. “Consolidando o franchising como porta de entrada no mercado de trabalho para muitos brasileiros”, afirmou Abreu.

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RECEITA – Além da alta no número de unidades, a pesquisa trimestral da ABF indicou crescimento da receita. E em todos os segmentos, com destaque para Limpeza & Conservação, que apresentou a variação mais expressiva (+16,3%) frente ao mesmo período do ano passado. Segundo a ABF, a expansão tem como principais motivos a intensa demanda por serviços de limpeza e a mudança de comportamento dos consumidores, especialmente do público mais jovem, que busca praticidade, conforto e experiência. Em segundo lugar destacou-se o segmento de Saúde & Beleza (+14,9%). Segundo Abreu, parte da performance se deve à “expansão do setor farmacêutico no Brasil, que tem previsão de crescer anualmente entre 9% e 12% até 2027”. O terceiro maior crescimento porcentual em faturamento foi registrado em Hotelaria & Turismo (+14,7%), beneficiado pela continuidade da alta demanda por viagens nacionais, tanto de férias quanto corporativas. Na sequência, se destacaram também os segmentos de Alimentação-Food Service (+13,7%), Serviços Automotivos (+12,6%) e Entretenimento & Lazer (+11,5%).

Como não pode deixar de ser em qualquer setor, o uso de Inteligência Artificial (IA) também assumiu papel estratégico no franchising. Abreu afirma que a tecnologia está presente desde a personalização de marketing até a otimização de estoque e fidelização de clientes. “As unidades franqueadas já operam como centros logísticos para e-commerce, acelerando entregas e reduzindo custos operacionais”, disse o diretor. Além disso, a IA pode ter também papel crucial em duas outras áreas estratégicas: no processo de qualificação, tanto de franqueados quanto de empregados, oferecendo treinamentos personalizados. A contratação de mão de obra qualificada é, segundo Abreu, é uma das maiores dificuldades dos franqueados.

ABF EXPO – Entre quarta-feira (25) e sábado (28) a associação promove a ABF Franchising Expo 2025, no Expo Center Norte, em São Paulo. A 32ª edição do evento deve somar mais de 400 marcas expositoras (tanto nacionais quanto internacionais) e a expectativa é ter uma visitação superior a 60 mil pessoas. De acordo com o diretor de Marketing e Comunicação da ABF, apesar dos avanços, o setor ainda aponta a falta de informação e preparo dos empreendedores como um dos principais entraves. Por isso, um dos focos da feira é o que ele chamou de Arena do Conhecimento, com programação gratuita de palestras ministradas por especialistas do setor. “A transferência de know-how constante é um dos pilares da franquia. E a feira impulsiona essa troca.”

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