São Paulo, 7 de julho de 2025 – O mês de junho finalizou um semestre bastante positivo para osfundos investidos, com resultados superando o Ibovespa e o CDI. O fluxo de capital internacional e adiminuição da percepção de risco doméstico fizeram com que os ativos brasileiros tivessemótima performance.
O mercado vem consolidando a ideia de mudança de pêndulo político para 2026 e uma janelainternacional que beneficia os mercados emergentes se abriu com incertezas tarifárias e fiscais dosEstados Unidos.
O relatório de Política Monetária seguiu o tom duro das últimas atas e sugere juros restritivospor um período prolongado. Resultados recentes da inflação apontam para uma convergência dasexpectativas de mercado para o centro da meta no futuro. Em nossa visão, um BC mais conservadorpermite um início do afrouxamento monetário antecipado, a partir de dezembro de 2025.
No câmbio, houve uma mudança na percepção de risco doméstico por parte dos investidoresestrangeiros, gerando fluxo de capital, beneficiando a taxa de câmbio, somada a uma fraqueza dodólar americano em âmbito global, motivada pelas incertezas. O apetite por risco em mercadosemergentes aumentou nos portfólios globais e isto beneficia a valorização do real.
O quadro fiscal permanece incerto, mas acreditamos que isto já foi precificado pelo mercado. Nãovemos o atual governo com muita manobra, uma vez que o Congresso tem mais alternativas do que oExecutivo, vide o caso do IOF, onde mostrou fragilidade política e desgaste institucional.
Praticamente todos os ativos investidos geraram bons retornos, com destaque aos títulos públicosatrelados à inflação e ações do mercado doméstico. O dólar, nossa proteção contra efeito decauda, foi o único ativo que não performou.
Entramos no segundo semestre com eventos importantes a serem acompanhados. Nos Estados Unidos, opacote fiscal é fundamental para ver se o déficit americano irá aumentar. As negociações dastarifas comerciais também são um aspecto que continuará gerando ruídos nos ativos financeiros.Já no mercado doméstico, o evento mais importante a ser acompanhado é a popularidade do governoLula, uma vez que se mantida esta tendência, poderemos ver novos ajustes positivos no mercadobrasileiro já precificando neste ano uma mudança de governo federal em 2026.
Continuaremos alocados em títulos de renda fixa de longo prazo, uma vez que continuam pagandoimportante taxa de retorno, exposição em ações domésticas, que seguem baratas e devassadas domercado global, contrabalanceado com
Ambiente Macroeconômico
Internacional
O mercado de trabalho americano adicionou 147 mil vagas em julho, superando as expectativas domercado (106 mil). A expectativa foi impulsionada pelo setor público, saúde e educação. A taxade desemprego caiu para 4,1%, com alta de 0,2% nos ganhos médios por hora trabalhada. Este númeromostra uma economia que desacelera gradualmente e permite ao Fed aguardar por mais tempo, o iníciode corte de juros. O mercado continua precificando dois cortes ainda em 2025.
Nacional
A ata do Copom confirmou a pausa no aperto monetário, após a última alta de 0,25 p.p. levando ataxa Selic para 15% ao ano. O Comitê justificou que é necessário avaliar os impactos da políticamonetária, dadas as defasagens inerentes aos mecanismos de transmissão.
Apesar da pausa, o tom duro do BC reforçou que a taxa deve permanecer em patamar significamentecontracionista por período prolongado, devido às expectativas desancoradas e atividade econômicaresiliente.
A inflação teve surpresas baixistas em relação às expectativas do mercado financeiro, comarrefecimento de alimentos e bens industriais. Serviços seguem acima da meta, com uma atividadeeconômica ainda aquecida. O núcleo da inflação, onde o Comitê dá mais ênfase, ainda estáacima da meta.
O Comitê concluiu que houve melhora no cenário externo, porém sem grandes avanços na questão detarifas comerciais americanas, gerando um cenário incerto e volátil.
Acreditamos que um BC mais conservador abre espaço para um afrouxamento monetário antecipado,ocorrendo o início ainda em 2025, levando a taxa Selic ao final deste ano para 14,75%.
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A coluna Palavra do Gestor é publicada mensalmente pela Agência CMA e escrita por Raphael Juan,sócio-fundador da BBT Asset Management, responsável pela gestão de portfólios e corresponsávelpela área de gestão de risco e trading.
Para contato com a BBT Asset: Tel: 3052 0621Email: raphael.juan@bbtasset.com.br
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