SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou nesta quarta-feira (9) que vai impor sanções a Francesca Albanese, relatora especial das Nações Unidas para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, devido aos seus esforços para que o Tribunal Penal Internacional (TPI) tome medidas contra autoridades, empresas e executivos dos Estados Unidos e também de Israel.
“A campanha de guerra política e econômica de Albanese contra os EUA e Israel não será mais tolerada”, escreveu Rubio em uma publicação no X.
Caso confirme as sanções, o governo americano retomará uma medida incomum que mira órgãos internacionais como o TPI ou a própria ONU. Em 2020, o presidente Donald Trump autorizou sanções econômicas contra qualquer funcionário do TPI que trabalhasse em investigações que tenham como alvo soldados americanos que atuaram no Afeganistão.
O anúncio de Rubio foi feito durante tratativas para uma trégua na Faixa de Gaza. Trump afirmou nesta terça-feira (8) que há uma “chance muito boa” de um cessar-fogo no território nesta semana ou na próxima. A fala do republicano veio depois da segunda reunião em dois dias com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na Casa Branca.
Após os encontros entre os líderes americano e israelense, o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Eyal Zamir, afirmou, nesta quarta, que as forças geraram as condições necessárias para um avanço do acordo para a libertação dos reféns retidos em Gaza pelo Hamas.
“Conseguimos muitos resultados importantes, conseguimos enfraquecer as capacidades militares e de governo do Hamas”, afirmou Zamir em discurso televisionado. “Criamos as condições para avançar em um acordo para liberar os reféns”, completou.
Em paralelo às negociações da trégua em Gaza, o enviado da ONU para o Iêmen manifestou, também nesta quarta, a sua preocupação com a escalada no mar Vermelho após os ataques perpetrados nos últimos dias pelos rebeldes houthis contra embarcações mercantes na costa iemenita, os primeiros em meses.
Desde o fim de 2023, os rebeldes atacam embarcações que consideram vinculadas a Israel, assim como navios americanos, sob o argumento de que agem em solidariedade aos palestinos.
“Observamos com grande preocupação uma escalada no mar Vermelho com os ataques a duas embarcações mercantes no início desta semana por parte de Ansar Allah (nome oficial dos houthis)”, afirmou o diplomata sueco e atual enviado da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, em reunião do Conselho de Segurança. Estes “são os primeiros ataques a embarcações mercantes em mais de sete meses”, acrescentou.
Os iemenitas reivindicaram o ataque contra o cargueiro Magic Seas no domingo, que afundou, mas cuja tripulação foi resgatada, e o de segunda-feira contra o Eternity C, de bandeira liberiana, em ação que deixou pelo menos quatro tripulantes mortos.
“A liberdade de navegação no mar Vermelho deve ser garantida”, insistiu Grundberg. “O Iêmen não pode ser arrastado ainda mais para uma crise regional que ameaça minar a situação já extremamente frágil do país. Os riscos são muito altos para o Iêmen”, acrescentou.
Os dois ataques geram temores que os rebeldes apoiados pelo Irã retomem sua campanha contra navios que passam pela costa do Iêmen, apesar do acordo de cessar-fogo com Washington que encerrou semanas de bombardeios americanos, israelenses e iranianos.