SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente da Coreia do Sul Yoon Suk Yeol, 64, voltou para uma cela solitária nesta quinta-feira (10) após promotores conseguirem um novo mandado de prisão ao líder que usou a lei marcial para tentar um autogolpe no ano passado, quando ainda estava no poder.
Yoon provocou uma crise política ao lançar mão da ferramenta pela primeira vez em mais de 40 anos no país asiático em dezembro passado. Na ocasião, ele chegou a enviar o Exército ao Parlamento para tentar impedir que os deputados revogassem a lei.
Semanas após a manobra, o líder conservador se tornou o primeiro presidente sul-coreano em exercício a ser detido, tendo sido liberado novamente em março. Em abril, seu impeachment, votado ainda em dezembro pelo Parlamento, foi confirmado pelo Tribunal Constitucional.
Agora, a decisão do Tribunal Distrital Central de Seul de aprovar um novo mandado de prisão deve fortalecer a investigação que apura se as ações de Yoon representaram obstrução da Justiça e abuso de poder o político vinha se recusando a comparecer às convocações dos investigadores, que preparam as acusações formais contra ele.
Na quarta (9), o ex-presidente compareceu a uma audiência de sete horas na qual rejeitou todas as acusações e foi posteriormente levado a um centro de detenção para aguardar a decisão do tribunal sobre sua prisão provisória. Após a emissão do mandato, na manhã desta quinta, Yoon foi levado para uma cela solitária.
Horas depois, o tribunal realizou uma audiência no âmbito de seu julgamento por insurreição, mas Yoon não compareceu. Segundo seus advogados, ele esteve ausente devido a problemas de saúde.
Em comunicado, a corte disse ter concedido o pedido de detenção devido a preocupações de que o ex-presidente pudesse tentar destruir provas, devolvendo-o ao confinamento no Centro de Detenção de Seul, no qual passou 52 dias no início do ano antes de ser libertado há quatro meses por motivos técnicos.
Ele havia voltado a morar com sua esposa e 11 cães e gatos no seu apartamento de 164 metros quadrados em um bairro nobre de Seul. O patrimônio líquido do casal é estimado em 7,5 bilhões de wons (U$ 5,47 milhões), segundo documento do governo.
Mas agora Yoon será alojado em uma cela solitária de dez metros quadrados, terá de usar um uniforme de duas peças de cor cáqui e dormir em um colchão dobrável em ambiente sem ar-condicionado, segundo a imprensa local.
A equipe do procurador especial, composta por mais de 200 promotores e investigadores, deve acelerar a investigação sobre Yoon. A equipe planeja interrogar o ex-presidente nesta sexta-feira (11).
O presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, disse que a detenção do político deve ajudar a determinar a verdade por trás da crise da lei marcial e restaurar a democracia. “Ninguém está acima da lei”, escreveu ele nas redes sociais..
Os advogados de defesa de Yoon, no entanto, negam as acusações contra ele e chamaram o pedido de detenção de medida irracional em uma investigação apressada. Segundo a imprensa local, mais de mil apoiadores se reuniram perto do tribunal nesta quarta, agitando bandeiras e cartazes e entoando o nome de Yoon sob um calor escaldante de 35° C.