São Paulo, 11 de julho de 2025 – As novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trumpcomplicaram ainda mais as perspectivas para a inflação, segundo Austan Goolsbee, presidente doFederal Reserve de Chicago, o que dificulta o apoio a cortes nas taxas de juros que o próprio Trumptem pressionado. As informações são da agência de notícias Dow Jones.
Nos últimos meses, após Trump suspender as tarifas bilaterais mais agressivas que havia propostoem abril, a ansiedade em relação ao impacto inflacionário das tarifas diminuiusignificativamente. Isso havia colocado o Federal Reserve no caminho para voltar a reduzir os jurosem breve, disse Goolsbee em entrevista nesta sexta-feira (11).
No entanto, a nova rodada de tarifas incluindo uma taxa de 35% sobre algumas importações doCanadá e 50% sobre produtos do Brasil, com início previsto para 1º de agosto pode gerar novaspreocupações com a inflação. Isso poderia levar o Fed a manter sua postura cautelosa até quehaja mais clareza, alertou o presidente do Fed de Chicago.
Tenho esperança de que, ao voltarmos a conversar com as [empresas], elas não digam: Ah, isso noscoloca de volta onde estávamos em 3 de abril, afirmou Goolsbee. Mas eu não sei, porque isso acaboude acontecer.
O Fed começou a reduzir os juros em setembro do ano passado, após avanços no combate àinflação elevada que surgiu no pós-pandemia. Uma breve retomada da inflação no início desteano, além da incerteza sobre como mudanças nas políticas comerciais, de imigração e fiscaisimpactariam a economia, levaram o banco central a manter sua taxa básica entre 4,25% e 4,5% desdedezembro.
Goolsbee e outros formuladores de política monetária no Fed geralmente concordam que, se ainflação continuar esfriando, os juros poderão ser reduzidos gradualmente até atingirem umnível mais neutro. Desde a reunião de junho, Goolsbee tem sido um dos membros mais favoráveis acortes mais rápidos, ao lado dos governadores Christopher Waller e Michelle Bowman.
Contudo, a nova onda de aumentos tarifários exige mais cautela, segundo Goolsbee.
Quanto mais coisas adicionamos ao cenário que tornam difícil saber se os preços vão subir ounão, mais estamos levantando poeira no ar, disse ele.
As leituras recentes de inflação desde o grande anúncio tarifário de Trump em 2 de abril têmsido animadoras. Nos 12 meses até maio, o índice de inflação preferido do Fed subiu 2,3%, muitopróximo da meta de 2% da autoridade monetária.
O debate dentro do Fed agora gira em torno de saber se os aumentos de preços causados pelas tarifasainda estão por vir e, em caso afirmativo, se acontecerão em um salto pontual ou se provocarãouma inflação persistente, que exigiria uma política monetária restritiva por mais tempo.
Enquanto isso, dados levemente mais fracos, mas ainda sólidos, sobre o estado da economia como ataxa de desemprego estável na faixa de 4% têm levado o presidente do Fed, Jerome Powell, e outrosmembros a defenderem paciência.
As exigências de Trump por cortes de juros e suas críticas agressivas a Powell complicam aindamais o caminho à frente. Trump deve nomear o sucessor de Powell no próximo ano e já deu aentender que escolherá alguém alinhado com sua preferência por juros baixos.
Entre os principais cotados estão Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, e ScottBessent, secretário do Tesouro. Também são mencionados Christopher Waller e o ex-diretor do Fed,Kevin Warsh.
Na quinta-feira, a Casa Branca aumentou a pressão sobre Powell ao exigir explicações sobre custosexcessivos na reforma da sede do Fed em Washington, D.C.
Goolsbee afirmou que ele e os demais dirigentes do Fed irão defender a independência política dainstituição.
Ainda estou bastante confiante de que a cultura do Fed é uma em que todos levam o trabalho a sérioe reconhecem a importância da independência em relação a interferências políticas, concluiuGoolsbee.
Darlan de Azevedo – darlan.azevedo@cma.com.br (Safras News)
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