São Paulo, 18 de julho de 2025 – O governador do Federal Reserve (Fed, o banco centralnorte-americano), Christopher Waller, em um discurso mais cedo, diz ser favorável a um corte dejuros de 0,25 ponto percentual (pp) na reunião de julho e que as tarifas não causam aumentos deinflação de longo prazo. Além disso, afirma que o núcleo da inflação está mais próximo dameta de 2%.
“Se subtrairmos o efeito tarifário dos índices, a inflação reportada nos últimos mesesestaria bem próxima da meta de 2%. Não vou dizer que ‘a missão está cumprida’, mas isso mostraque a inflação subjacente tem sido menor do que a registrada e próxima ao nosso objetivo”, disse.
Waller é um dos únicos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla eminglês) que vem defendendo cortes nos juros já na reunião do dia 30 de julho. Ele consideratambém que o mercado de trabalho está chegando perto da estagnação. “O ritmo de crescimento daremuneração do trabalho caiu consideravelmente nos últimos anos, e, com o esfriamento do mercadode trabalho, não espero grandes aumentos salariais à frente”. Ele chegou a dizer que o mercado detrabalho ‘está perto do abismo’.
Para o governador do Fed, o Fomc estaria repetindo o mesmo erro de 2021 e 2022, ao esperar umaalta da inflação apenas transitória quando, na verdade, ela persistiu. “Agora, no entanto, nãohá uma pandemia desorganizando oferta de trabalho, bens e serviços, e o crescimento está lento,não acelerado como então. O segundo ponto é que, ao contrário de 2021 e 2022, quando asexpectativas de inflação subiram, hoje as medidas de expectativa que monitoro seguem firmementeancoradas”.
Waller disse que as tarifas elevaram, e continuarão elevando, a inflação um pouco acima doobjetivo de 2% do Fomc este ano, “mas a política deve olhar para a inflação subjacente, queparece estar alinhada à meta, e não vejo risco de forças empurrando-a persistentemente paracima”.Segundo as projeções de junho, aponta o governador, os juros, de 4,25% a 4,5%, está entre 1,25 a1,5 pp acima das estimativas medianas para o juro neutro de longo prazo, que seria 3%. “Às vezesouço que a política está apenas ‘moderadamente’ restritiva, mas não partilho dessa definição”,continua.
Waller também disse que dados do payroll estão superestimados e “serão revisadossignificativamente para baixo quando a revisão de referência ocorrer no início de 2026”. Eletambém disse que, por conta dos riscos para a economia, é necessário cortar os juros antes do quemais tarde. “Se a desaceleração da economia e do emprego se intensificar e justificaraproximação mais rápida do neutro, esperar até setembro ou mais adiante representaria o risco deficarmos para trás em relação ao ciclo adequado de política. Por outro lado, cortando a taxaalvo agora em julho e, se os dados subsequentes de emprego e inflação justificarem, poderíamosmanter a política estável ao longo de uma ou mais reuniões”.
Por fim, ele acredita que faz sentido cortar a taxa em 0,25 pp daqui a duas semanas. “E, olhandomais adiante, se, como espero, a inflação subjacente seguir sob controle, com o índice geralrefletindo aumentos temporários das tarifas, sem desancorar as expectativas de inflação, e aeconomia continuar crescendo lentamente, eu apoiaria novos cortes de 0,25 pp para conduzir apolítica monetária ao neutro”.
Vanessa Zampronho / Safras News
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