São Paulo, 18 de julho de 2025 – Os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais doG20 emitiram, nesta sexta-feira, seu primeiro comunicado conjunto desde outubro passado, após doisdias de reuniões em Durban, África do Sul. O texto foi marcado pela defesa enfática daindependência dos bancos centrais, tema que dominou o encontro em meio às críticas públicas dopresidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, pornão reduzir os juros conforme suas expectativas. Para muitos analistas, o fato de o comunicado tersido publicado já é um sinal de avanço, diante do cenário global polarizado e das dificuldadesrecentes do grupo em chegar a consensos.
O comunicado ressaltou o papel fundamental dos bancos centrais em garantir a estabilidade depreços dentro de seus respectivos mandatos, afirmando que a autonomia das autoridades monetáriasé crucial para alcançar esse objetivo. O texto ainda reforçou que as decisões dessas entidadescontinuarão sendo pautadas por dados econômicos e destacou o compromisso de todos os membros doG20 com a condução de políticas macroeconômicas estratégicas. O comunicado foi acordado mesmosem a presença do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, ausente das últimas rodadas,embora os Estados Unidos tenham sido representados por seu subsecretário de AssuntosInternacionais, Michael Kaplan.
Além da questão monetária, o G20 reconheceu a importância da Organização Mundial doComércio (OMC) para o avanço das questões comerciais, mas expressou que o órgão necessita dereformas substanciais para se adaptar aos desafios atuais. Como o documento consensual do grupo nãoé vinculante, cada membro pode ter interpretações próprias sobre temas delicados. O comunicadotambém se comprometeu com a resolução das vulnerabilidades de dívida em países de baixa emédia renda, propondo uma abordagem abrangente, eficaz e sistemática para lidar com essesproblemas fiscais.
O texto, com pouco mais de 2.000 palavras, metade do comprimento do último comunicado do anopassado, evitou menções explícitas ao clima, à invasão russa da Ucrânia e aos conflitos entreIsrael e Hamas, preferindo termos mais genéricos como “guerras e conflitos em andamento”. Da mesmaforma, optou por não citar tarifas comerciais de forma direta, referindo-se a “tensões comerciais”em vez disso, apesar do ambiente global estar atualmente marcado pela intensificação das tarifasimpostas pelos Estados Unidos sobre importações de diversos países.
Sob a presidência rotativa da África do Sul e seu lema “Solidariedade, Igualdade,Sustentabilidade”, a reunião buscou dar maior protagonismo à pauta africana, discutindo aindatemas como o custo do capital e alternativas de financiamento para ações climáticas. O consensoalcançado no comunicado, mesmo em um ambiente de disputas comerciais e geopolíticas acirradas, évisto por líderes como uma vitória diplomática, especialmente ao se aproximar o início dapresidência norte-americana do G20 em dezembro deste ano.
Com informações da Reuters.
Vanessa Zampronho / Safras News
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