São Paulo, 21 de julho de 2025 – O governo brasileiro anunciou que vai criar um escritório deassessoramento tributário na China, destacando a importância estratégica dessa iniciativa em meioao fortalecimento dos laços entre os dois países. A decisão reforça o foco crescente do Brasilna relação com a China, seu principal parceiro comercial, especialmente em um contexto de tensõesinternacionais acentuadas pelos aumentos de tarifas implementados pelo presidente norte-americanoDonald Trump. Um rascunho do decreto presidencial, que foi acessado pela agência Reuters, queregulamentará essa nova função em Pequim, e documentos preparatórios analisados por jornalistas,mencionam a ‘complexidade crescente’ do comércio bilateral e a necessidade de ampliar acooperação fiscal e aduaneira.
Este movimento ocorre em paralelo à escalada das disputas comerciais entre Brasil e EstadosUnidos, após Trump associar o novo pacote tarifário de 50% sobre importações brasileiras aoprocesso judicial envolvendo seu aliado e ex-presidente Jair Bolsonaro, o que reduziu as opções denegociação para a maior economia da América Latina. Segundo o Ministério da Fazenda,escritórios de assessoramento tributário, conhecidos como adidos fiscais, exercem papelestratégico ao facilitar a troca internacional de informações essenciais para combater ilícitosfiscais e aduaneiros. Além disso, orientam investidores estrangeiros e cidadãos brasileiros sobrea legislação nacional, contribuindo para a segurança jurídica e para um ambiente de negóciosmais favorável.
Enquanto as iniciativas brasileiras por maiores diálogos comerciais com Washington permanecemsem resposta, o relacionamento com a China tem se aprofundado. Desde o início do seu mandato, em2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se encontrou três vezes com o presidente XiJinping, e ambos os países vêm avançando em projetos de integração logística, inclusivediscutindo a criação de um corredor ferroviário bioceânico ligando o Brasil ao porto de Chancay,no Peru, financiado pelos chineses.
Questionado sobre o motivo de o escritório estar sendo criado na China apenas agora, apesar deo país asiático ser o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, o governo brasileiro negouqualquer relação com a atual guerra comercial, afirmando que não há motivação política e quea prioridade é aprimorar a cooperação fiscal e aduaneira. Atualmente, o Brasil mantém quatroadidos fiscais no exterior: em Washington e Buenos Aires, ambos desde 2000, e em Assunção eMontevidéu, desde 2002. O Ministério da Fazenda também enfatizou que as discussões sobre ainstalação do adido fiscal em Pequim começaram em 2023 e envolvem avaliações técnicas devários órgãos do governo desde janeiro deste ano.
Vanessa Zampronho / Safras News
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