Maior traficante do Equador é extraditado e se declara inocente nos Estados Unidos

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O narcotraficante do Equador José Adolfo Macías, conhecido como Fito, declarou-se inocente, nesta segunda-feira (21), das sete acusações que a Justiça americana lhe imputa, em seu primeiro comparecimento a uma corte de Nova York, um dia após ser extraditado para os Estados Unidos.

Quase um mês depois de sua recaptura após uma fuga de um presídio de segurança máxima em 2024, Fito ouviu seus direitos, que foram lidos pela juíza Vera Scanlon, no Tribunal do Distrito Leste de Nova York, e se declarou inocente por meio de seu advogado. Ele responde a sete acusações, entre elas tráfico de drogas e tráfico de armas, crimes puníveis com penas que variam de 20 anos à prisão perpétua.

A Promotoria dos EUA apresentou acusações contra o equatoriano em abril por tráfico de drogas e armas. John Durham, promotor do Tribunal Federal do Distrito Leste do Brooklyn, em Nova York, disse à época que Fito “era um líder impiedoso e um traficante de drogas prolífico para uma violenta organização criminosa transnacional”.

Fito foi retirado da prisão de segurança máxima de La Roca, em Guayaquil, sob escolta de policiais e militares “para os fins que correspondam no âmbito de um processo de extradição”, informou no domingo (20) o Serviço Nacional de Atenção Integral a Pessoas Privadas de Liberdade (Snai).

Na semana passada, o líder da facção criminosa Los Choneros aceitou sua extradição de maneira “livre e voluntária” em uma audiência perante um tribunal equatoriano, da qual participou de maneira remota da prisão, informou então a Corte Nacional de Justiça, o supremo tribunal do país.

Fito é o primeiro equatoriano a ser extraditado por seu próprio país desde que essa possibilidade foi restabelecida em 2024, após um referendo. O presidente Daniel Noboa impulsionou a consulta popular para reformar a lei em meio à sua guerra contra o crime organizado.

Fito escapou da prisão de Guayaquil em janeiro de 2024, durante uma onda de violência que incluiu a invasão ao vivo de um estúdio de televisão por homens armados e a tomada de mais de 200 agentes penitenciários como reféns. Sua fuga se tornou símbolo do colapso da segurança pública no Equador.

A fuga do narcotraficante em 2024 levou Noboa a declarar um “conflito armado” interno no país que segue vigente e lhe permite enviar as Forças Armadas às ruas e prisões do país, uma medida que lhe rendeu duras críticas de organizações de direitos humanos.

Fito foi recapturado em 25 de junho. Policiais e militares encontraram o chefão criminoso em um bunker construído sob uma residência luxuosa na cidade portuária de Manta, no sudoeste do Equador.

A cidade é o principal reduto dos Choneros, poderosa facção criminosa dedicada ao narcotráfico e com vínculos com cartéis internacionais.

O governo dos EUA impôs sanções ao grupo Los Choneros no ano passado, afirmando que a organização atua no tráfico de drogas desde os anos 1990 e tem desempenhado um papel chave na escalada da violência no país desde 2020, inclusive dentro do sistema penitenciário superlotado.

Fito foi um dos principais nomes apontado nas investigações, ainda inconclusas, sobre o assassinato do candidato à Presidência Fernando Villavicencio, em 2023. Dias antes de ser morto a tiros durante um comício, o jornalista e deputado havia dito na rede X que estava sendo alvo de ameaças do criminoso.

A guerra pelo poder entre organizações do narcotráfico no Equador deixou mais de 460 presos mortos em massacres desde 2021. Os homicídios nas ruas aumentaram quase 800% de 2018 a 2023, passando de 6 para 46 por cada 100 mil habitantes.

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