Quatro em cada dez se declaram endividados no País

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São Paulo, 22 de julho de 2025 – Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontaque cerca de quatro em cada dez respondentes (39%) se declaram endividados. Entre estes, 23reditam que terminarão 2025 mais endividados do que estavam no final do ano passado; 28% projetamestabilidade; e 48% esperam reduzir seu nível de endividamento.

Com relação à quitação das dívidas, 37% acreditam que conseguirão fazê-lo ainda este ano31% estimam conseguir isso apenas no ano que vem; parcela de aproximadamente um quarto (24%) crêque demorará muito para pagar; e um montante de 6% sequer acha que quitará as dívidas.

Os dados constam na última edição da pesquisa Observatório Febraban feita pelo Instituto dePesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) para a entidade. Realizada entre os dias 12 e26 de junho de 2025, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País.

A pesquisa mostra também que a maioria dos entrevistados (61%) afirma utilizar frequentemente (34%)ou às vezes (27%) algum meio de acesso a crédito, seja cartão de crédito, empréstimo ou outros.A maior parte da população utiliza ao menos um produto financeiro, com destaque para o cartão decrédito (66%).

Ao mesmo tempo, seis em cada dez entrevistados (61%) afirmam ter o hábito de poupar ou investirquando possível (30% fazem isso frequentemente e 31% às vezes). Quase um terço (29%) afirmaespontaneamente não ter condições financeiras de poupar ou investir, mas faria se pudesse.

O impacto do endividamento na saúde mental é outra dimensão importante, para além da questãofinanceira. Na parcela de brasileiros que declaram possuir dívidas, 77% afirmam que o endividamentoafeta sua saúde emocional ou sua qualidade de vida.

A maioria dos brasileiros (55%) admite que entende pouco (40%) ou nada (15%) de educaçãofinanceira, mas reconhece que o tema é muito importante e afirma ter muita (55%) ou alguma (20%)atenção com o acompanhamento e o controle das finanças pessoais.

Bets

As apostas online, as Bets, têm ganhado espaço no cotidiano dos brasileiros e, com isso, ampliadoo debate sobre seus impactos no orçamento das famílias. O levantamento mostra que a ampla maioriada população (81%) avalia o impacto das Bets nas finanças das famílias como muito negativo (50%)ou negativo (31%). A experiência negativa direta ou indireta com Bets está presente para 37% dosentrevistados, que relatam conhecer alguém próximo ou terem sido pessoalmente prejudicados porapostas online (seriamente: 22%; 15% não seriamente).

Educação financeira e endividamento são temas afins: a dificuldade de controlar gastos levamuitas pessoas a contraírem dívidas para cobrir despesas e imprevistos. No entanto, o mesmocontexto de desorganização financeira aumenta o risco de inadimplência, afirma o sociólogo ecientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.

Mas o brasileiro tem uma visão restrita do tema, pois para quase metade dos entrevistados (47%), otermo educação financeira está associado principalmente à gestão cotidiana do orçamentodoméstico, ou seja, ao planejamento e controle de receitas e gastos. Aspectos relacionados àgestão e formação do patrimônio, proteção contra imprevistos e estratégias de investimentoaparecem com menor destaque nas respostas, aponta Lavareda.

Golpes

A pesquisa também mostra que a educação financeira contribui para aumentar a consciência sobregolpes ou tentativas de golpes. Ela abrange a percepção dos brasileiros sobre esse tipo de crime eaponta que 39% dos brasileiros afirmam já ter sido vítimas de algum tipo de golpe ou tentativa degolpe envolvendo sua conta bancária. O levantamento indica, ainda, a relação dos golpes maispraticados.

Abaixo, seguem outros resultados do levantamento:

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Para 47%, o termo educação financeira está associado principalmente à gestão cotidiana doorçamento doméstico, ou seja, ao planejamento e controle de receitas e gastos. Aprender a investiro dinheiro foi mencionado por 23%; evitar dívidas foi citado por 14%; o ato de guardar dinheiropara emergências foi citado por 12%; e 2% associam educação financeira ao acompanhamento dopagamento de dívidas.

A maior parte dos entrevistados (74%), acredita que os brasileiros entendem pouco (42%) ou nada(32%) sobre o tema. Um quarto (25%) é mais otimista, somando os que consideram que os brasileirosentendem muito (6%) ou razoavelmente (19%) do assunto.

Quando perguntados sobre seu próprio conhecimento sobre educação financeira, 45% declaram queentendem muito (10%) ou razoavelmente (35%) do tema. Ainda assim, passam da metade (55%) os quereconhecem ter baixo entendimento sobre educação financeira (pouco: 40%; nada: 15%).

Ao mesmo tempo, 91% dos entrevistados atribuem importância ou muito importância à educaçãofinanceira na vida pessoal e profissional. Apenas 8% minimizam a importância do assunto. Para agrande maioria, o planejamento financeiro tem muita (75%) ou alguma importância (16%) narealização de sonhos e projetos pessoais.

FONTES DE INFORMAÇÃO

Canais digitais (40%) são os principais meios de disseminação de informações sobre educaçãofinanceira no Brasil: 22% citam sites e portais na internet e 18% mencionam redes sociais.

Já as conversas com familiares e amigos vêm logo em seguida no ranking, com 17%; e escola ouuniversidade, com 15%. Os meios de comunicação tradicionais, como televisão, rádio, jornais erevistas, são mencionados por 12% dos entrevistados. Informes do próprio banco participam com 5%.Uma diversidade de outros meios soma 7%.

A regularidade de busca por informações mais especializadas sobre finanças é maior entre 65% dosrespondentes (frequentemente: 35%; às vezes: 30%). Pouco menos de um terço (31%) declara nãobuscar esse tipo de informação de forma sistemática (raramente: 20%; e nunca: 11%).

HÁBITOS FINANCEIROS PESSOAIS

Grande maioria dos brasileiros se diz atenta ao controle das finanças pessoais.

Cerca de oito em cada dez entrevistados afirmam ter muita (56%) ou alguma (20%) atenção com oacompanhamento e o controle das finanças pessoais. Outros 22% reconhecem não dar a devidaatenção a esse acompanhamento financeiro (pouca: 16%; e nenhuma: 6%).

Quanto à segurança ou autoconfiança para ações financeiras específicas, os resultados são osseguintes:

Ter um planejamento para pagar dívidas: 72% declaram-se seguros quanto esse aspecto (39% totalmentee 33% razoavelmente). Apenas um quarto (25%) diz ter pouca ou nenhuma segurança a respeito.Poupar e investir dinheiro: cerca de sete em cada dez pessoas (69%) estão seguras nesse ponto (27%totalmente seguras e 42% razoavelmente seguras). Por outro lado, 27% admitem se sentir pouco ou nadaseguras quanto a poupança e investimentos.Planejar o próprio crescimento financeiro: os percentuais são semelhantes ao item anterior 68% seconsideram seguros (32% totalmente e 36% razoavelmente), e 30% reconhecem baixa ou nenhumasegurança.Criar um orçamento, planilha ou usar aplicativos de gestão financeira: 63% sentem-se confiantes naexecução dessas tarefas (28% totalmente e 35% razoavelmente), enquanto 30% expressam baixa ounenhuma confiança.Ter uma reserva para compras maiores (casa, veículo, moto):Aqui, o grau de autoconfiança diminui um pouco: 63% se sentem confiantes (30% totalmente e 33%razoavelmente), mas cresce para 35% a parcela que diz ter pouca ou nenhuma confiança a respeito.Ter uma reserva para emergências de saúde: 63% sentem-se seguros (33% totalmente e 30%razoavelmente), enquanto 33% declaram pouca ou nenhuma segurança na sua própria educaçãofinanceira para lidar com esse tipo de situação.Conversas sobre educação financeira no ambiente familiar são comuns: 54% dos entrevistadosafirmam que costumam ou costumavam conversar com filhos/ crianças e adolescentes da casa sobre otema, sendo que 33% o fazem frequentemente e 21% às vezes

Poupar e investir é um hábito da maioria dos brasileiros quando há sobra no orçamento familiar.

Seis em cada dez entrevistados (61%) afirmam ter o hábito de poupar ou investir quando possível(30% fazem isso frequentemente e 31% às vezes). Parcela de apenas 10% declara não ter essehábito; e 29% afirmam espontaneamente não ter condições financeiras de poupar ou investir, masfariam se pudessem.

O uso de crédito é uma prática comum entre os brasileiros

Uma maioria de 61% dos entrevistados afirma utilizar frequentemente (34%) ou às vezes (27%) algummeio de acesso a crédito, seja cartão de crédito, empréstimo ou outros. Um quinto raramenterecorre a crédito, e 18% dizem nunca utilizar esse tipo de recurso.

Sobre o uso de crédito especificamente para o funcionamento dos negócios, 40% dos entrevistadosdeclaram acessar esse recurso com alguma frequência (18% frequentemente e 22% às vezes). Outros21% usam meios de crédito raramente, e 32% disseram nunca utilizar.

Um quarto dos entrevistados afirma já possuir algum financiamento atualmente e 26% afirmam nãoter, mas manifestam intenção de buscar. Ao mesmo tempo, 46% não têm e não expressam intençãode contratar esse tipo de serviço.

COMPORTAMENTO EM RELAÇÃO AO SISTEMA BANCÁRIO

Cartão de crédito é o produto financeiro mais utilizado pelos brasileiros. A maioria dapopulação utiliza ao menos um produto financeiro, com destaque para o cartão de crédito (66%).

Em distante segundo lugar, são citados investimentos (20%), seguidos de financiamentos (19%) ecrédito consignado (16%). Um quinto (20%) afirma não utilizar nenhum produto financeiro.

A maioria dos entrevistados (57%) relata que nunca teve problemas e 12% afirmam nunca ter usadoesses serviços. Três em cada dez entrevistados (30%) relatam já ter enfrentado alguma dificuldadeao utilizar produtos ou serviços financeiros.

A avaliação da atuação dos bancos na promoção da educação financeira divide-se entreótima/boa (36%) e regular (35%). E um quinto (21%) avalia essa atuação como ruim ou péssima. Émuito expressiva a atribuição de importância ao papel dos bancos na promoção da educaçãofinanceira: 75% consideram muito importante (35%) ou importante (40%).

Passam da metade (54%) os que afirmam não ter recebido orientação ou educação financeira aocontratar produtos ou serviços bancários. Entre os que receberam, 22% as avaliam como claras eúteis versus 19% que as classificam como pouco úteis.

INTERESSE E EXPECTATIVAS SOBRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Mais da metade da população (52%) expressa interesse em participar de iniciativas de educaçãofinanceira e 11% mostram-se abertos a essa possibilidade (talvez).

Quando perguntados sobre quais ações poderiam contribuir para melhorar a educação financeira nopaís, a mais citada refere-se a tornar a disciplina obrigatória nas escolas (70%). Em segundolugar com 47%, sugerem a oferta de cursos gratuitos. Políticas públicas para prevenir osuperendividamento são mencionadas por 31%. Já a referência a campanhas na mídia aparece com 29%e 21% defendem que os bancos expliquem melhor seus produtos.

GOLPES E TENTATIVAS DE GOLPES

39% dos brasileiros afirmam já ter sido vítimas de algum tipo de golpe ou tentativa de golpeenvolvendo sua conta bancária, com oscilação de mais um ponto em relação a março. Este é omaior percentual da série histórica, que tem sido monitorada pelo Observatório Febraban desdesetembro de 2021.

Entre as principais modalidades de golpe/tentativas relatadas espontaneamente, destacam-se:

Clonagem de cartão ou troca de cartões: representam 45% dos que sofreram golpe em junho de 2025,mantendo-se como o golpe mais citado em toda a série histórica.Golpe do WhatsApp (alguém se passando por conhecido pedindo dinheiro): 34%, ante 28% em março.Golpe da central falsa: 31%, cinco pontos a mais em relação a março (26%).Golpe do Pix falso: 24% em junho, número que interrompe a linha descendente que vinha sendoobservada desde o início de 2024.Uso indevido de CPF via SMS: 13%, dois pontos a mais em relação à onda anterior.Golpe de leilão/loja falsa: 10%, dois pontos a mais em relação à onda anterior.Cerca de sete em cada dez entrevistados (66%) afirmam ter recebido algum material de comunicaçãode seu banco ou de outra entidade alertando sobre golpes ou tentativas de golpes

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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