SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, decidiu nesta terça-feira (22) antecipar o recesso parlamentar. A movimentação é vista como uma manobra para adiar uma possível votação que poderia obrigar o governo Donald Trump a divulgar documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade.
A decisão, que interrompeu os trabalhos legislativos, também ocorre após o Comitê de Supervisão da Câmara aprovar uma intimação para que Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, preste NOVO depoimento.
O início do recesso da Câmara foi antecipado em um dia para esta quarta-feira (23) e terá duração de cinco semanas. Johnson afirmou que a decisão é para evitar o que chamou de “jogos políticos”.
Trump vem sendo criticado pela forma como tratou a liberação de informações sobre o caso Epstein e enfrenta uma das maiores crises em sua base. O magnata foi preso em julho de 2019 e se suicidou dentro da cadeia em Nova York pouco mais de um mês depois, enquanto aguardava julgamento.
O episódio gerou uma série de teorias da conspiração sugerindo que ele teria sido assassinado devido a interesses de poderosos que desejavam esconder sua relação com o esquema de pedofilia e exploração sexual de menores.
As teorias foram estimuladas ao longo dos anos por figuras importantes da base de Trump, incluindo várias que hoje ocupam cargos no governo, como o diretor do FBI, Kash Patel, e a secretária de Justiça, Pam Bondi. Eles disseram várias vezes que, se chegassem ao poder, publicariam a “lista de Epstein” -um suposto arquivo detalhando clientes do magnata.
Entretanto, no último dia 7, o FBI e o Departamento de Justiça vieram a público dizer que essa lista não existe e que todos os materiais indicam que Epstein morreu mesmo por suicídio.
A admissão caiu como uma bomba entre trumpistas adeptos das teorias da conspiração. O presidente chegou a atacar seus apoiadores por continuarem pressionando a divulgação.
Na última sexta-feira, numa possível tentativa de conter de afagar seus apoiadores, Trump ordenou que o Departamento de Justiça liberasse testemunhos do júri, mas sem abrir o processo por completo.
Dias depois, um dos ex-advogados de Epstein pediu que sejam liberados registros adicionais da investigação relacionada ao tráfico sexual. Ele também instou o governo a conceder imunidade a Ghislaine Maxwell, para que ela testemunhe sobre os crimes. Ela cumpre atualmente uma pena de 20 anos de prisão.