Trump repete medida de seu primeiro mandato e tira EUA de novo da Unesco

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos da agência de cultura e educação da ONU, a Unesco, nesta terça-feira (22), repetindo uma medida de seu primeiro mandato que havia sido revertida no governo do democrata Joe Biden.

A saída da agência, sediada em Paris e fundada após a Segunda Guerra Mundial para promover a paz por meio da cooperação internacional em educação, ciência e cultura, entrará em vigor no dia 31 de dezembro de 2026.

“O presidente Trump decidiu retirar os EUA da Unesco, que apoia causas culturais e sociais woke [como a direita vem chamando pejorativamente pautas ligadas à esquerda] e divisivas, totalmente desalinhadas com as políticas de bom senso pelas quais os americanos votaram em novembro”, disse a porta-voz da Casa Branca Anna Kelly.

O Departamento de Estado afirmou ainda que permanecer na Unesco não era de interesse nacional, acusando-a de ter “uma agenda globalista e ideológica para o desenvolvimento internacional em desacordo com nossa política externa de ‘America First’ [EUA em primeiro lugar]”.

A chefe da Unesco, a francesa Audrey Azoulay, disse que lamenta profundamente a decisão de Trump, mas que a medida era esperada e, por isso, a agência se preparou diversificando suas fontes de financiamento para receber apenas cerca de 8% de seu orçamento de Washington.

A Unesco foi um dos vários organismos internacionais dos quais Trump se retirou durante seu primeiro mandato, junto com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ao voltar para a Casa Branca em janeiro, ele restabeleceu essas medidas.

Israel saudou a decisão —isso porque o Departamento de Estado americano citou novamente a admissão da Palestina como Estado-membro da agência, em 2011, como um dos motivos da medida. Na primeira vez que os EUA saíram do órgão, em 2019, a medida foi anunciada em conjunto com Tel Aviv.

Funcionários da Unesco, por sua vez, dizem que todas as declarações relevantes da agência foram acordadas com Israel e os palestinos nos últimos oito anos.

“As razões apresentadas pelos EUA para se retirar são as mesmas de sete anos atrás, embora a situação tenha mudado profundamente, as tensões políticas tenham diminuído e a Unesco hoje seja um fórum raro para o consenso sobre multilateralismo”, disse Azoulay. “Essas acusações também contradizem a realidade dos esforços da Unesco, particularmente no campo da educação sobre o Holocausto e na luta contra o antissemitismo.”

Segundo diplomatas, o sentimento na Unesco era de que a retirada era inevitável por razões políticas, dado que Biden havia recuado da ação de Trump e prometido pagar os atrasos.

A Unesco, cujo nome completo é Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, é conhecida sobretudo por designar Patrimônios Mundiais. A lista visa preservar locais que vão do Grand Canyon, nos EUA, à antiga cidade de Palmira, na Síria —incluindo 25 lugares no Brasil, como a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, e o centro histórico de Salvador, na Bahia.

No entanto, também são funções da Unesco proteger a liberdade de imprensa e promover a educação sexual e a igualdade de gênero no mundo.

Trump não foi o primeiro a retirar o país da Unesco. Os EUA inicialmente aderiram à agência em sua fundação, em 1945, mas, na década de 1980, o presidente Ronald Reagan pôs fim à adesão, afirmando que a agência era corrupta e pró-soviética. Em 2003, sob o presidente George W. Bush (2001-2009), Washington voltou para a agência afirmando que haviam sido feitas as reformas necessárias.

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