Governo Lula retira Brasil de aliança em memória do Holocausto

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, a IHRA, organização internacional criada para combate ao antissemitismo e memória do massacre dos judeus.

Segundo diplomatas, a decisão de retirar o Brasil da aliança foi tomada porque a adesão foi feita de maneira inadequada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em paralelo, na quarta-feira (23), o Brasil entrou formalmente na ação que a África do Sul move contra Israel na Corte Internacional de Justiça da ONU, acusando Tel Aviv de cometer genocídio em Gaza.

As duas movimentações foram criticadas pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel em uma publicação via rede social na quinta-feira (24), que descreveu as decisões brasileiras como uma demonstração de “profunda falha moral”.

“Em uma época em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”, escreveu o órgão no X.

A IHRA tem 35 países-membros e 9 observadores (até a retirada do governo brasileiro). O Brasil participava na condição de integrante observador da organização desde 2021. Observadores têm obrigação de participar das reuniões plenárias da IHRA e pagar uma contribuição anual de € 10 mil (quase R$ 65 mil) depois de três anos de filiação.

O órgão é alvo de controvérsias devido à sua definição de antissemitismo, que, segundo algumas pessoas, considera críticas ao governo de Israel equivalentes ao preconceito contra judeus. Há uma visão de que esse entendimento pode dificultar posicionamentos legítimos sobre violações cometidas por Tel Aviv nos territórios palestinos ocupados, como os denunciados por organismos internacionais.

Na nota em que anunciou a entrada na ação contra Israel, o governo brasileiro manifestou profunda indignação diante dos recorrentes episódios de violência contra a população civil na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. “O Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política. A impunidade mina a legalidade internacional e compromete a credibilidade do sistema multilateral”, escreveu o Itamaraty.

Ainda na nota, o governo fundamentou a decisão na plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo “irreversivelmente prejudicados”.

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