ABAL estima prejuízo de R$ 1,15 bi para o setor do alumínio com sobretaxas dos EUA

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São Paulo, 31 de julho de 2025 – A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) estima prejuízo deR$ 1,15 bilhão para o setor do alumínio com sobretaxas dos Estados Unidos, segundoanálise preliminar do documento divulgado ontem pelo governo do presidente Donald Trump.

Em comunicado, a ABAL “informa que, após análise preliminar da nova Ordem Executiva publicada pelogoverno dos Estados Unidos (com força de decreto presidencial), a nova tarifa recíproca não serácumulativa à alíquota de 50% vigente desde junho, imposta com base na Seção 232.”

“O documento também estabelece uma lista de produtos isentos de ambas as medidas, entre os quais sedestaca a alumina, insumo essencial para a produção de alumínio primário e outras aplicaçõesindustriais. Entretanto, ficaram de fora das exceções, e, portanto, estarão também sujeitas àsobretaxa, as exportações de bauxita, hidróxido de alumínio, e cimento aluminoso”, diz a ABAL,na nota.

Apesar de a não cumulatividade representar um alívio parcial, os impactos diretos das medidas jásão expressivos, segundo a ABAL. “Em 2024, os Estados Unidos foram o terceiro principal destino dasexportações da indústria brasileira de alumínio, atrás apenas de Canadá e Noruega, respondendopor 14,2% das vendas externas do setor, o equivalente a US$ 773 milhões (cerca de R$ 4,2 bilhões).Estima-se que cerca de um terço desse total esteja atualmente sujeito à sobretaxa de 50%, o quetornará inviável o acesso de vários produtos ao mercado americano.”

“Somente no primeiro semestre de 2025, as exportações brasileiras de produtos de alumíniosujeitas à Seção 232 recuaram 28% em comparação com o mesmo período de 2024 uma perda de US$46 milhões (R$ 350 milhões), já sob impacto das tarifas anteriores de 10% (vigentes até 12 demarço) e de 25% (entre 12 de março e 3 de junho). Com a elevação para 50% da Seção 232 eampliação do escopo tarifário da lista recíproca, os prejuízos totais ao setor poderãoalcançar US$ 210 milhões (mais de R$ 1,15 bilhão), considerando os efeitos diretos jácontabilizados e as estimativas para até o final do ano”, calcula a ABAL.

Risco sistêmico

Mesmo com a exclusão da alumina das tarifas, a ABAL alerta para efeitos indiretos relevantes sobretoda a cadeia de suprimento. “Em 2024, o Brasil exportou cerca de 1,3 milhão de toneladas dealumina para os Estados Unidos, volume utilizado na produção de aproximadamente 90% do alumínioprimário americano. O insumo também é exportado ao Canadá, responsável por 64% datransformação do alumínio primário canadense metal que, por sua vez, abastece uma parcelaimportante da demanda industrial dos EUA.”

“Considerando a forte integração produtiva entre os países do Atlântico, há risco de que osefeitos das tarifas se estendam a produtos não sobretaxados, devido aos desequilíbrios gerados emetapas distintas da cadeia. A ruptura da complementaridade regional pode afetar o abastecimento,redirecionar fluxos comerciais e comprometer a previsibilidade de operações industriais nos trêspaíses”, afirma a ABAL, no posicionamento divulgado nesta quinta-feira.

Além dos impactos diretos sobre etapas específicas, a ABAL chama atenção para efeitos colateraismais amplos, que já estão se desenhando no mercado global. “O escalonamento tarifário tempressionado os preços internacionais do alumínio, gerando incertezas que podem ampliar avolatilidade macroeconômica e precipitar uma desaceleração global motivada pela instabilidadecomercial com impactos sobre produção, investimentos e consumo”, comenta.

Outro reflexo importante diz respeito às alterações na dinâmica de arbitragem geradas pelatarifa de 50% sobre o alumínio primário, que têm tornado os preços da sucata de alumínio maiscompetitivos, impulsionando uma disputa global por esse insumo. “Essa corrida por sucata vemacendendo alertas sobre o risco de escassez de metal proveniente de material pós-consumo,especialmente em regiões como a União Europeia e o Brasil, onde o alumínio reciclado é uma fonteestratégica para a transição energética e pilar da economia circular”, afirma a entidade.

Para a associação, “esse cenário compromete os investimentos feitos na construção de umavantagem competitiva, fundamental à segurança de suprimento do metal, e ameaça diretamente asustentabilidade da cadeia de reciclagem”.

“O setor já vinha acompanhando com preocupação as mudanças nos fluxos de comércio de sucata,que, mesmo antes da atual escalada tarifária, já apontava para um processo contínuo de desvio dematéria-prima valiosa para o exterior e escoamento de um recurso essencial à reindustrializaçãoverde do país”, afirma.

Diante desse cenário, a ABAL reforça a importância de que o debate em torno dos impactos dasmedidas tarifárias e da definição de um plano de mitigação não se restrinja a uma análisepontual ou exclusivamente comercial. “É importante considerar a relevância estratégica de setoresintegrados às transições energética, econômica e industrial como o alumínio e construirsoluções que fortaleçam nossas vantagens competitivas e a resiliência das cadeias produtivas,buscando oportunidades de fortalecer as relações de complementaridade entre países parceiros,preservando o equilíbrio, a previsibilidade e o desenvolvimento sustentável das relaçõescomerciais globais”, argumenta.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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