[AGÊNCIA DC NEWS]. Fundada em 2020 por Guilherme Nazareth e outros dois sócios, a Trela nasceu em meio à pandemia com a proposta de reunir grupos de compras no WhatsApp. Com o tempo, o negócio foi remodelado, até assumir a configuração atual como primeiro marketplace end-to-end de alimentos premium do Brasil, com operação própria de ponta a ponta (compra, vende no site e app e entrega – logística própria). Inicialmente, a startup atraiu o interesse da gigante americana de aceleração, a Y Combinator, e, de lá para cá, de grandes fundos como SoftBank, General Catalyst e Kaszek. Os aportes somam mais de R$ 150 milhões na foodtech brasileira. “Queremos ter o volume do Pão de Açúcar, do Carrefour no Brasil, mas com modelo, a tecnologia e a rentabilidade do Mercado Livre”, afirmou o fundador. A companhia vem crescendo rapidamente, com isso a oferta de produtos na prateleira deve subir. “Meta para este ano é chegar a 4 mil e queremos alcançar novos públicos.”
A Trela começou a operar com 300 produtos em seu portfólio e hoje são 2,5 mil, o que só foi possível porque os fundadores investiram em centros de distribuição. E houve uma virada operacional, que aconteceu em abril deste ano, quando o novo CD foi inaugurado. “O espaço, com 4.800 metros quadrados, em São Paulo, permitiu um salto de capacidade logística dez vezes maior”, disse Nazareth. A plataforma, que opera atualmente na capital paulista e Alphaville, segue operando no modelo just-in-time: os produtos frescos chegam ao centro logístico somente após a venda, o que praticamente elimina o desperdício. “Temos previsão precisa de demanda e estoques mínimos. Isso reduz custo e melhora a qualidade”, disse o fundador.
Em 2024, a Trela registrou um crescimento de 503% no GMV, e 806% na receita líquida, puxado por fatores como marketing, retenção e baixos índices de desperdício. Em 2025, com a capacidade ampliada, e o novo CD, a previsão se mantêm positiva, segundo o CEO. Os volumes transacionados, assim como faturamento (em valores reais) não foram abertos. Mas de acordo com ele, a Trela opera com retenção de 28% de receita e produtividade seis vezes superior ao mercado. Nazareth falou ainda que margem de contribuição é um dos segredos para a saudabilidade do negócio. “É bastante impactante. Supermercados tendem a desperdiçar muito. No nosso modelo, não.”
Outro ponto que para Nazareth, tem sido tripé de crescimento, guarda relação com a entrega. A Trela testou o modelo convencional, mas fez ajustes. “A gente trabalha numa modalidade 100% terceirizada.” Questionado sobre como mantêm os entregadores em sua rede, em função da concorrência com o Ifood, por exemplo, ele disse que “paga mais” para garantir que fiquem. Além disso, há uma vantagem: previsibilidade e otimização de rota com uso de IA. “Mais de 98% dos pedidos são entregues completos, com taxa de recompra orgânica muito alta”, afirmou. A entrega, disse a empresa, é agendada para o dia seguinte, e a taxa de falhas é inferior a 2%. A foodtech hoje tem um público concentrado nas classes A e B, com foco em alimentos frescos, produtos saudáveis e marcas premium.
“A curadoria é o que nos diferencia, escolhemos o que realmente faz sentido para quem quer comer bem”, disse. Mesmo assim, a ideia futura é ampliar o alcance a outros perfis de consumidor. “Nosso plano é escalar para democratizar o acesso sem perder eficiência e qualidade”, disse Nazareh. Segundo ele, o modelo da Trela se apoia em dados desde o início. A empresa também estuda a inclusão de novas categorias como produtos pets, higiene e limpeza. “Queremos ser o marketplace que resolve o abastecimento alimentar com qualidade e conveniência”, afirmou Nazaré.
“Vejo a Trela em todo o Brasil. É só o começo”, disse. Antes de fundar a empresa, os sócios estudaram o mercado de varejo alimentar no Brasil. Eles observaram que supermercados como Carrefour e Pão de Açúcar concentram apenas 30% do mercado e operam com margens apertadas e índices de desperdícios mais altos do que no modelo just in time. “Nosso sistema reduz perdas a quase zero e gera valor em toda a cadeia”, disse o CEO. Confira a entrevista.