São Paulo, 7 de agosto de 2025 – A ação da Minerva recua e está entre as maiores quedas doIbovespa no pregão desta quinta-feira, após resultado trimestral bem avaliado por analistas. Noentanto, eles indicam preocupações à frente com alto nível de estoques, potencialdesaceleração das exportações de carne bovina após as tarifas de importação dos EstadosUnidos e necessidade de capital de giro maior que a esperada. Por volta de 15h47 (horário deBrasília), a ação BEEF3 caía 3,42%, a R$ 5,07.
O BTG Pactual disse que os resultados da Minerva no 2T25 foram fortes e que esperava uma reaçãopositiva a eles. No entanto, chamou a atenção para uma análise do resultado de janeiro a junho.”O ebitda ficou em R$ 1,3 bilhão, em linha com nossa projeção e acima da faixa consensual de R$1,1-1,2 bilhão. A receita foi de R$ 13,9 bilhões, um aumento sequencial substancial de 24%, commargem de 9,4%. Mas, da nossa perspectiva, esses resultados devem ser analisados no contexto de todoo 1S25. No 1T, os resultados ficaram abaixo das expectativas, devido aos volumes de vendasrelativamente fracos, que aumentaram apenas 1% em relação ao trimestre anterior, apesar do aumentode 20% nos volumes de abate de bovinos em relação ao trimestre anterior. Agora, podemos confirmarque a Minerva transferiu os estoques de carne bovina para o 2T (supostamente relacionados àsexportações para os EUA), com os volumes de vendas aumentando 22% em relação ao trimestreanterior, enquanto o volume de abate de bovinos aumentou 4%. Consideramos isso essencial paraentender quanto desses níveis de receita (e ebitda) podem ser sustentados nos próximostrimestres”, explicou.
A análise pontua que a margem ebitda da Minerva foi resultado de uma margem bruta fraca (17,6%, amenor para um segundo trimestre em quatro anos), mas compensada por uma diluição substancial dasdespesas gerais, administrativas e de vendas (10% das vendas, também a menor em quase quatro anos).”Acreditamos que a integração dos ativos recém-adquiridos tenha contribuído, embora tambémobservemos algum grau de compensação entre custos e despesas ao longo dos anos. Em outrosaspectos, o fluxo de caixa foi praticamente zero no trimestre, com estoques e recebíveispermanecendo elevados, apesar da monetização dos estoques. Isso é um pouco estranho, visto que ospreços do gado e da carne bovina variaram pouco ao longo do trimestre, embora possa sugerir que hámais estoques a serem monetizados no terceiro trimestre”, diz o BTG.
O BTG conclui que tudo isso causou um aumento nas necessidades de capital de giro e mais do quecompensou o aumento no financiamento de fornecedores (+564 milhões t/t para R$ 3,5 bilhões) e nosadiantamentos de clientes (+932 milhões para R$ 5,1 bilhões). A dívida líquida reportada atingiuR$ 14,6 bilhões, já considerando o aumento de capital de R$ 2 bilhões, 3,6x o EBITDA dos últimos12 meses.
Por fim, o BTG avalia que os estoques ainda elevados da Minerva indicam que o padrão de fortesvolumes de vendas (acima do crescimento da produção) pode se repetir no terceiro trimestre, masparece improvável que dure muito mais tempo. “Nossa projeção de ebitda anual de R$ 4,6 bilhõespermanece razoável e ainda justifica nossa classificação neutra devido a um rendimento de FCFimplícito relativamente baixo. Uma postura mais otimista exigiria margens operacionais maissignificativas, o que não prevemos, com base em nossa visão de que os preços do gado subirão e oimpulso do mercado de exportação de carne bovina poderá desacelerar após as tarifas deimportação de carne bovina dos EUA”, finaliza o BTG.
Para a XP, a Minerva entregou um 2T25 melhor do que o esperado, com receita líquida de R$ 13,9bilhões 12% acima da estimativa da XP e ebitda ajustado de R$ 1,3 bilhão 17% superior à suaprevisão. No entanto, a margem bruta ficou abaixo daa estimativa da XP, que, no entanto, avalia que”os benefícios de escala estão se tornando evidentes à medida que o ramp-up dos novos ativoscontinua (favorecido por uma oferta confortável de gado) e a diferença de preço dos novos ativosse reduz (com demanda sólida tanto em mercados emergentes quanto desenvolvidos)”, citando que ambosficaram acima da sua expectativa e assim, “levando a ganhos de eficiência e sinergias nas despesasde venda em ritmo mais forte do que esperávamos”.
Por outro lado, a XP disse que a necessidade de capital de giro foi maior que o previsto, “commuitos fatores em jogo, que também tentaremos entender melhor”.
“Além de um trimestre sólido, esperamos uma reação positiva no pregão de amanhã e reforçamosa Minerva como nossa Top Pick”, comentou a XP, em relatório divulgado antes da teleconferênciarealizada na manhã de hoje.
O time de analistas do Safra disse que o ebitda da Minerva veio 26% acima da sua projeção e 15ima do consenso e que a companhia reportou resultados melhores do que o esperado, com um fortedesempenho de volume no Brasil, Colômbia e Uruguai. “Embora os preços do gado tenham levado a umacontração da margem, eles ainda superaram nossas estimativas e o consenso em 64 pontos-base e 31pontos-base, respectivamente. Além disso, os resultados financeiros líquidos pioraram em relaçãoao ano anterior, mas foram melhores do que o esperado, impactados positivamente pela variaçãocambial, o que levou a um resultado líquido sólido. O fluxo de caixa livre (FCF), no entanto, foiligeiramente negativo, devido ao fluxo de caixa operacional mais fraco (principalmente devido àmaior necessidade de capital de giro)”, comentaram.
O Safra tem recomendação neutra para Minerva, com preço-alvo de R$ 7,00.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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