Acompanhe a cotação do dólar nesta sexta-feira (8)

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu próximo da estabilidade nesta sexta-feira (8) com os investidores atentos com as negociações entre Brasil e EUA sobre a tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump aos produtos brasileiros.

Às 9h04, a moeda norte-americana subia 0,05%, cotada a R$ 5,4264 na venda. Na semana, a divisa acumula baixa de 2,1%.

Na quinta-feira (7), o dólar fechou em queda firma de 0,74%, cotado a R$ 5,422, e o Ibovespa disparou 1,47%, a 136.527 pontos.

Depois de meses de negociações e alguns acordos firmados, o governo Donald Trump seguiu em frente com o plano de impor sobretaxas de importação para 69 dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, visando reduzir o déficit do país.

Elas chegam a 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 30% para a África do Sul e 15% para a Venezuela. Taiwan será taxado em 20%, e Lesoto, que havia sido ameaçado com uma tarifa de 50%, ficou com 15%. Os outros países se mantêm com uma tarifa de 10%.

A Índia será alvo de uma tarifa de 25% a partir desta quinta, mas Trump determinou na quarta (6) uma taxa adicional de 25% sobre os produtos do país, em retaliação à compra de petróleo russo praticado pelo indianos. A nova tarifa, no entanto, só passa a valer daqui a 20 dias.

Para o Brasil, a tarifa é de 10%, mas o país foi alvo de uma taxa adicional de 40%, já em vigor, elevando o valor total da sobretaxa para 50%, a maior até o momento. O país, no entanto, se beneficiou de uma isenção para cerca de 700 produtos exportados aos EUA.

As novas tarifas retomam o chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril, quando Trump anunciou pela primeira vez o tarifaço sobre dezenas de países. A reação negativa na ocasião fez o presidente suspendê-las na semana seguinte, impondo no lugar uma cobrança temporária de 10% enquanto buscava acordos com os países alvo.

“Há um consenso entre os analistas de que as tarifas terão um efeito estagflacionário [crescimento econômico estagnado e inflação elevada], e a dúvida é sobre a magnitude e a duração desses efeitos”, pontua Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Há a possibilidade do baque na economia ser temporário e pontual, diz o especialista, mas há também a chance dele ser abrangente. “O ambiente de negócios é de cautela por causa disso”, afirma.

No entanto, a preocupação com uma estagflação e dados fracos do mercado de trabalho têm fomentado apostas de que um corte de juros poderá ocorrer na próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), em setembro. Segundo a ferramenta CME FedWatch, operadores agora precificam 92% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual no mês que vem.

A taxa de juros está na banda de 4,25% e 4,5% desde o final de 2024 e vem sendo mantida neste patamar por conta da incerteza que ronda a economia norte-americana, de acordo com declarações de diretores do Fed.

A autoridade monetária dos EUA trabalha com um mandato duplo, isto é, baliza as decisões de juros com base nos dados do mercado de trabalho e da inflação. O objetivo é alcançar o pleno emprego e levar a inflação à meta de 2% ao ano.

Quanto maiores as taxas de juros nos Estados Unidos, mais o mercado tende a direcionar investimentos para lá, já que os retornos ligados à renda fixa norte-americana ficam mais atrativos —o que fortalece o dólar. O inverso também é verdadeiro: sinalizações de queda nos juros levam os operadores a retirar recursos dos EUA e direcioná-los a outros ativos, o que enfraquece a moeda.

Além da preocupação de estagflação e dos números da economia, o mercado ainda repercutiu a nomeação de Stephen Miran, presidente do Conselho de Assessores Econômicos, para a diretoria do Fed, após o anúncio de saída de Adriana Kugler.

“A nomeação de Miran, economista com perfil mais alinhado à visão de Trump, reforça a leitura de que a autoridade monetária poderá ceder à pressão por cortes de juros já nos próximos meses. A renúncia de Adriana Kugler, somada à escolha de um substituto de linha mais branda, abre caminho para uma composição mais ‘dovish’ [mais tolerante em relação à inflação] dentro do comitê, o que favorece o enfraquecimento do dólar globalmente”, diz Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

A moeda aprofundou queda após a notícia, indo de R$ 5,440 para a mínima de R$ 5,415.

Já no cenário doméstico, o mercado acompanha as tentativas de negociação do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Washington. Os esforços parecem não ter tido sucesso até o momento.

Em entrevista à Reuters, o presidente Lula afirmou que não vê espaço para discussões com Trump e rejeitou a “humilhação” de ligar para o republicano.

“Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, disse.

O Brasil não pretende anunciar tarifas recíprocas, afirmou, e não vai desistir das negociações comerciais, mesmo admitindo que não há, no momento, interlocução. O vice-presidente Geraldo Alckmin está tentando negociar, disse Lula, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. “O que nós não estamos encontrando é interlocução”, afirmou.

Na cena corporativa, o Ibovespa refletiu uma bateria de resultados financeiros, entre eles os números da Eletrobras no segundo trimestre. A companhia reportou lucro líquido ajustado de R$ 1,47 bilhão, 43,3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, e aprovou a distribuição de R$ 4 bilhões aos acionistas na forma de dividendos intermediários.

Como resultado, as ações preferenciais e ordinárias da Eletrobras subiram 9,59% e 9,47%, respectivamente. Os papéis da Smarfit também tinham forte alta, a 7,79%, com o lucro líquido recorrente de R$ 189 milhões —crescimento de 32% sobre o desempenho de um ano antes.

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