[AGÊNCIA DC NEWS]. Empresa de origem francesa com presença em dez países, o Grupo Indigo é quem administra, no Brasil, os estacionamentos em aeroportos como o de Guarulhos (GRU Airport), em São Paulo. Este ano, a empresa passou a administrar outros ativos de transporte aéreo: Boa Vista (RR), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Salvador (BA). Mas não quer parar por aí. O plano agora, disse à AGÊNCIA DC NEWS o CEO do braço brasileiro, Thiago Piovesan, é ganhar espaço também entre as pequenas e médias empresas, através do serviço Indigo Light. Segundo ele, a meta é dobrar o número de estacionamentos para esses clientes, passando dos atuais 310 para 620 até o final de 2026, superando a marca de 600 mil vagas.
O executivo afirma que a diferença dos estacionamentos Indigo Light está na formatação do negócio, que é destinado a espaços menores, abaixo de 300 vagas. “Uma operação com 20, 30 vagas já pode ser viável”, afirma Piovesan, que passou o primeiro semestre discutindo o projeto com executivos do Canadá, onde o modelo mais enxuto é o foco da multinacional. “Nos propusemos a fazer projetos mais simples, pois o produto original não era viável para muitas empresas”, disse. Segundo ele, estão no foco, por exemplo, os edifícios comerciais que já têm estacionamento, além de “clínicas, supermercados, academias, hotéis, enfim, pequenas empresas de varejo.”
No setor, a empresa opera principalmente com o segmento de shopping centers. É responsável pela administração do estacionamento de seis dos 12 centros de compra da Tenco Shopping Centers, por exemplo, além do Jequitibá, na Bahia, e do Dom Pedro, em São Paulo. Há ainda grandes pátios nas áreas de saúde, com a gestão das vagas do Hospital Albert Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e HCor – são mais de 60 estacionamentos na área médica. Há ainda lugares para vagas em hotéis, centros de convenção, universidades e parques sob a sua gestão. Nas empresas de grande porte, os estacionamentos Indigo têm, em média, cerca de mil vagas – mas chega a nove mil em operações como o Aeroporto de Guarulhos (SP).
EM ACELERAÇÃO – O primeiro negócio no formato Indigo Light deve sair ainda em setembro deste ano, e envolve uma empresa da área médica em São Paulo. Há outras duas negociações em andamento. Até o final do ano, o objetivo é lançar 30 estacionamentos. Os contratos variam de cliente para cliente, mas geralmente a Indigo cria ou reformula o espaço, de propriedade da empresa contratante, e fica responsável pela gestão do pátio por um período predeterminado, durante anos ou até mesmo décadas. Também aloca recursos tecnológicos, como a supervisão digital da entrada e saída dos veículos, e os funcionários (manobristas, seguranças e caixas). No Brasil, são 4,6 mil empregados, em uma média de 15 colaboradores por pátio, podendo chegar a 300 em uma só operação. “Em alguns casos o cliente investe sozinho, em outros ele investe conosco ou investimos 100%”, diz Piovesan. De acordo com ele, a contrapartida é sempre a gestão do espaço enquanto durar o contrato. “Cada proposta é customizada para o cliente, olhando sua necessidade, capacidade e intenção.”
O ritmo de investimentos em novos projetos do grupo é de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões por ano no Brasil. O faturamento anual foi de R$ 1,6 bilhão em 2024 e, neste ano, a meta é algo entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2 bilhões. Na França, onde foi fundada em 1964, trata-se da principal operadora de estacionamentos em atividade, com presença em 670 praças, inclusive no Aeroporto Charles de Gaulle. Segundo Piovesan há uma movimentação para o reconhecimento do estacionamento como parte integrada à operação, e não apenas um espaço “ocupado” por carros. “Acho que podemos mudar um pouco o mindset ou percepção dos estacionamentos como áreas sem atração, isoladas da atividade principal”, disse o CEO da Indigo. No mundo, atingiu faturamento de 922,9 milhões de euros no ano passado. Por aqui, disputa território com outra gigante, a Estapar, que administra 789 estacionamentos e viu seu lucro líquido no segundo trimestre deste ano subir 6% e alcançar R$ 6,1 milhões – mas o varejo tradicional representa 0,9% do total de receitas.
São Paulo concentra a maior frota de veículos do Brasil, com 34,8 milhões dos 123,9 milhões de automóveis em circulação, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o equivalente a 28% de todos os automóveis em movimentação. Mas as metas da Indigo para complementar seu portfólio, com o modelo Light, envolvem olhar de forma mais abrangente, em especial o Rio de Janeiro e os estados do Sul. A estimativa é que haja 4 mil empresas em potencial para abrir os estacionamentos nesse formato. “O Centro-Oeste também vem muito forte, com bastante empreendimentos sendo lançados”, afirma Piovesan. “Mas São Paulo ainda é o maior.” Segundo o executivo, o principal braço de atuação do grupo, no modelo tradicional, são os shopping centers, com mais de 150 unidades em operação. Neste ano, a Indigo assumiu as operações dos shoppings Ponta Negra, em Manaus (AM), Park Shopping, em São Caetano (SP), Aparecida Shopping, em Goiânia (GO), e Aurora Shopping, em Londrina (PR). “É impossível montar um shopping sem colocar no payback do projeto a rentabilidade do estacionamento”, disse ele. “O estacionamento é parte integrante do segmento.”