Dólar tem queda após dados de inflação no Brasil e nos EUA

Uma image de notas de 20 reais

Imagem gerada por IA
Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caía na manhã desta terça-feira (12), com os investidores repercutindo dados da inflação brasileira e norte-americana. O plano de contingência do governo para empresas afetadas pela tarifa de 50% dos Estados Unidos também permanece no radar.

Às 11h06, a moeda americana caía 0,56%, a R$ 5,412. No mesmo horário, a Bolsa disparava 1,60%, a 137.799 pontos.

O desempenho do Ibovespa acompanhava a alta de 9,35% nas ações da Sabesp, que divulgou na última segunda (11) um lucro líquido de R$ 2,13 bilhões no segundo trimestre deste ano, crescimento de 78% em relação ao mesmo período de 2024.

O mercado do dia repercute os dados das inflações do Brasil e dos Estados Unidos. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 0,26% em julho.

O novo resultado ficou abaixo do piso das projeções do mercado financeiro. A mediana das expectativas era de 0,36%, com intervalo de 0,30% a 0,39%.

Com o novo resultado, o IPCA desacelerou a 5,23% nos 12 meses até julho. A taxa era de 5,35% até junho, quando o índice confirmou o primeiro estouro da meta contínua de inflação desde que o modelo entrou em vigor no país, em janeiro.

Também nesta manhã, o Escritório de Estatísticas trabalhistas do Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor subiu 0,2% em julho, depois de ter registrado aumento de 0,3% em junho.

Em 12 meses, o índice de inflação chegou a 2,7%, mesmo patamar de junho e ligeiramente abaixo da alta de 2,8% esperada na pesquisa da Reuters.

No chamada núcleo do índice, quando se exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, os preços ao consumidor aumentaram 0,3%, maior avanço desde janeiro. Na base anual, cresceu 3,1% em julho, frente a 2,9% em junho.

O resultado consolida as expectativas de que, após dados de emprego fracos para julho, as autoridades do Fed (banco central dos EUA) poderão retomar os cortes de juros já a partir de seu próximo encontro, em setembro.

Operadores projetam quase 90% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa em setembro, de acordo com dados da LSEG.

Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a aposta de corte de juros pelo Fed enfraquece o dólar globalmente e ajuda numa pressão para baixo na taxa de câmbio frente ao real. “A perspectiva de taxas mais altas aqui e as apostas de cortes nos Estados Unidos reforçam o diferencial de juros brasileiro e ajudam na atração de investimentos externos”, diz.

No cenário doméstico, os investidores continuam atentos ao plano de contingência ao tarifaço de Trump sobre as importações brasileiras e as negociações tarifárias entre os países.

A expectativa é que o governo Lula anuncie o plano de ajuda para empresas afetadas pelo tarifaço nesta terça-feira, como antecipado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Segundo apuração da Folha, o Executivo avalia cobrar das empresas que tomarem crédito a manutenção do emprego dos colaboradores. Ou seja, o empresário que tiver acesso a empréstimos a juros mais baratos não poderá demitir.

O pacote também deve conter o chamado diferimento de impostos federais, como é chamada a postergação do pagamento de tributos, para dar alívio de caixa nesse momento inicial de maior dificuldade após a entrada em vigor do tarifaço. A proposta é que o adiamento seja de no máximo de 90 dias para que o seu impacto seja concentrado neste ano. As tarifas entraram em vigor na quarta-feira (6).

O governo também aposta na via diplomática para tentar chegar a um acordo com os Estados Unidos, embora as iniciativas brasileiras não tenham tido sucesso até agora.

Na última segunda-feira (11), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que a reunião que ele teria nesta quarta (13) com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir a sobretaxa de 50% imposta ao Brasil foi cancelada.

O Departamento do Tesouro dos EUA chegou a enviar ao Ministério da Fazenda brasileiro um link do aplicativo Zoom para a conversa, mas voltou atrás.

Em entrevista à GloboNews, o ministro atribuiu o cancelamento à atuação de forças de extrema direita que mantêm interlocução com a Casa Branca e citou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA.

Em nota conjunta com o ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo, Eduardo negou a interferência.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo tem liderado uma campanha de lobby em Washington por mais medidas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), que tem julgado seu pai no âmbito da trama golpista de 2022.

Eduardo se reuniu com autoridades do governo Trump e previu corretamente no início deste ano que Washington imporia amplas sanções ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

À luz da prisão domiciliar do ex-presidente, aliado político de Donald Trump, é possível que os Estados Unidos imponham novas sanções ao Brasil. “Sei que [Trump] tem uma série de possibilidades em sua mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras, até uma nova onda de retiradas de vistos, até questões tarifárias”, disse Eduardo ao Financial Times em uma entrevista por vídeo.

Enquanto as negociações entre Brasil e EUA não avançam, o governo Lula busca estabelecer outras pontes na frente comercial.

Na segunda, Lula conversou por cerca de uma hora com o líder da China, Xi Jinping. A conversa foi um pedido do brasileiro.

Segundo comunicado do Planalto, os líderes conversaram sobre a conjuntura internacional e os recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia e concordaram sobre o papel do G20 e do Brics (bloco formado atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã) na defesa do multilateralismo.

Xi Jinping teria dito ao presidente Lula que “a China está pronta para trabalhar com o Brasil para estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global”, de acordo com relatos chineses da conversa.

Na ponta internacional, a China e os Estados Unidos firmaram um novo acordo que prorroga por mais 90 dias a pausa tarifária entre os países, informaram autoridades na noite da última segunda.

Uma trégua tarifária entre Pequim e Washington estava programada para expirar nesta terça, mas o governo Trump já havia dado a entender que o prazo poderia ser prorrogado.

Com isso, os produtos chineses seguem com tarifa de 30% para entrar nos EUA, enquanto os produtos norte-americanos terão cobrança de 10% ao serem importados para a China.

Voltar ao topo