Quem é Sidney Oliveira, fundador da Ultrafarma preso em operação contra corrupção fiscal

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Preso nesta terça-feira (12) na região metropolitana de São Paulo, Sidney Oliveira, 71, é conhecido no país pelo marketing agressivo da Ultrafarma, que fundou e preside desde 2000, e pela presença em programas populares na TV.

A postura de forasteiro entre os tubarões do mercado de drogarias e farmácias ajudou a compor a imagem de grande empresário que veio do zero e que cresceu apesar das dificuldades. O primeiro trabalho em farmácia veio quando ele ainda tinha nove anos, no interior do Paraná, onde nasceu.

Nos anos 1970, comprou a primeira farmácia. Deu de entrada uma televisão recém-comprada e 24 promissórias. No início da década seguinte, comprou a primeira farmácia em São Paulo, de onde saiu para montar a Ultrafarma.

Oliveira sempre atribuiu o crescimento da rede, que nos anos 2010 incomodava as líderes de mercado, à aposta em estrutura enxuta, negociação direta com fornecedores e custos mínimos com pessoal, o que permitia promoções e descontos de até 80% nos preços de prateleiras. Tudo isso e a presença massiva de seu fundador nas propagandas, rótulos e divulgações.

Essa também não é a primeira vez que seu nome aparece envolvido em suspeitas de crimes financeiros. Oliveira já foi condenado na década de 1990 por receptação de medicamentos roubados e por prejudicar fornecedores e funcionários na falência de uma de suas farmácias. Também foi investigado por sonegação.

Ele sempre disse que seus problemas com a Justiça decorreram de sua ingenuidade nos primeiros anos de negócios e da perseguição imposta por grandes redes.

A aposta nos genéricos abriu caminho para a Ultrafarma crescer nas classes de menor renda. Ao Glamurama, em 2014, Oliveira disse ter identificado uma resistência do consumidor ao medicamento genérico, e decidiu colocar seu rosto nas publicidades da companhia para quebrar essa rejeição.

Havia ainda uma pressão, segundo ele, de grandes laboratórios para que esses remédios não ganhassem mercado. Ele conseguiu bons contratos com os fornecedores e decidiu colocar o próprio rosto no logo da drogaria e se apresentar nas inserções na televisão -“o dono da Ultrafarma você sabe quem é”.

A política de preços agressiva também ajudou a rede a ganhar escala, com uma série de datas para descontos, como o Limpa Estoque, a Semana dos Aposentados e o Dia do Medicamento Barato, essa última realizada há alguns dias na rede, quando também foi colocado no ar um avatar em 3D de seu fundador.

Desde 2022, a rede de farmácias batiza uma estação da linha azul do metrô, na capital paulista, a Saúde Ultrafarma. Ao lado da estação, além de lojas da Ultrafarma e uma ótica da rede, há ainda uma unidade do que a rede chama de “farmácia conceito”, essa batizada com o nome de seu fundador.

Oliveira também fez incursões pela política. Em 2012, ele disputou uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo pelo PV, recebeu 19.587 votos e ficou como suplente. Em 2016, ele chegou a ser pré-candidato a vereador pelo PTB, mas quem saiu candidato foi seu filho, Sidney Oliveira Filho, que concorreu pelo PRB, atual Republicanos. Ele recebeu 5.833 votos e não se elegeu.

Durante a gestão de João Doria (no PSDB à época) na prefeitura de São Paulo, Oliveira comprou placas de publicidade em estádios de futebol para doar propaganda do programa de zeladoria encabeçado pelo então prefeito.

Em 2018, a Folha mostrou que o governo municipal divulgou a marca Ultrafarma em um projeto de plantio de árvores que nunca foi formalizado. O compromisso nunca foi assinado, mas Doria usou meios de comunicação e até plantas de um viveiro da prefeitura em eventos que divulgavam o nome da marca, o que se reverteu em massiva publicidade positiva para a empresa.

Nos últimos anos, a Ultrafarma e seu fundador ganharam influência nos canais de televisão graças ao patrocínio a programas e ao volume de anúncios. Em 2024, a Ultrafarma só ficou atrás de Verisure, Sky e Dolly no ranking de anunciantes nos intervalos comerciais de Globo, Record, SBT, Band e RedeTV! na Grande São Paulo, o principal mercado de televisão do país.

Na RedeTV!, foi a Ultrafarma que manteve o Vou te Contar, de Claudete Troiano, no ar. A rede de farmácias também reforçava o orçamento do programa de Ronnie Von no mesmo canal.

Os dois já se conheciam da TV Gazeta, para onde, segundo o apresentador contou à Folha de S.Paulo em 2022, Oliveira o levou. O dono da Ultrafarma também manteve um programa com seu nome na TV Gazeta. O jornalista Boris Casoy também chegou a levar seu Jornal do Boris, que ele apresenta no YouTube, à rede de televisão ligada à Fundação Casper Líbero graças ao patrocínio da Ultrafarma.

Em 2021, o patrocínio da rede de farmácias esteve no meio de uma polêmica encabeçada pelo apresentador Sikêra Júnior, do Alerta Nacional, da RedeTV!, que chamou pessoas LGBTQIA+ de “raça desgraçada”. Marcas deixaram o patrocínio do programa. A Ultrafarma manteve e, à IstoÉ Dinheiro, na época, Oliveira disse que as vendas na rede subiram no dia da polêmica.

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