Atividade firme no varejo e custos elevados de importação enfraquecem cortes de 0,50 pp do Fed - ING

Uma image de notas de 20 reais

Imagem gerada por IA
Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

São Paulo, 15 de agosto de 2025 – Para James Knightley, economista chefe global nos EUA da ING,a sugestão do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de que o Fed poderia ou deveria cortar osjuros em 0,50 ponto percentual (pp) na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc,na sigla em inglês) perdeu força. “Analistas apontam que o consumo nos EUA continua robusto,enquanto as pressões inflacionárias se mostram elevadas, levando a maioria dos integrantes doFederal Reserve a relutar contra um movimento mais agressivo, baseado apenas em expectativas”,afirma.

As vendas do varejo em julho foram impulsionadas principalmente pelo comércio eletrônico,favorecido por eventos como o Amazon Prime Day. Apesar disso, o índice de preços de importaçãosubiu 0,4% no mês, e excluindo petróleo, teve alta de 0,3%, ambas acima do esperado. “Isso indicaque empresas americanas estão, pelo menos por enquanto, assumindo o custo das tarifas, o que deveser repassado para os preços dos produtos no varejo com o tempo”, acrescenta.

Essas altas nas importações desafiam a narrativa do governo de que “estrangeiros irão pagar aconta” das tarifas. Por outro lado, revisões para baixo dos dados de junho amenizam um pouco oimpacto. “O fato é que, mesmo que haja negociações para redução de preços com fornecedoresestrangeiros, isso deve levar tempo, especialmente com a desvalorização do dólar dificultandopara empresas não protegidas no câmbio”.

O desempenho do varejo foi bastante misto. As vendas totais subiram 0,5% em julho, um poucoabaixo do consenso, mas os dados revisados de junho mostraram crescimento de 0,9%. Houve avançosnos setores de automóveis, móveis, comércio eletrônico e vestuário, enquanto eletrônicos emateriais de construção registraram queda. “Essa diversificação demonstra a resiliência dosetor, mas também a existência de focos de enfraquecimento”, continua.

As vendas no varejo representam pouco mais de 40% do consumo americano. Knightley aponta que,apesar de não haver sinais claros de recessão, o ritmo de crescimento dos gastos está esfriando,influenciado pelo temor de alta de preços devido às tarifas e preocupações com o mercado detrabalho. “O sentimento do consumidor permanece contido”.

Por fim, o setor industrial dos EUA ainda não apresenta sinais consistentes de se beneficiardas tarifas. “A produção industrial caiu 0,1% em julho, enquanto a de manufatura permaneceuestável após uma alta em junho. Especialistas apontam que eventuais migrações para produtosfeitos nos EUA podem demorar, dado que contratos industriais normalmente levam tempo para seremrenegociados”, conclui.

Vanessa Zampronho / Safras News

Copyright 2025 – Grupo CMA

MAIS LIDAS

Voltar ao topo