Luiz França, Abrainc: "Setor poderia estar melhor. Defendemos juros baixos e reformas"

  • Economia precisa avançar em ajustes de longo prazo que impactem a política monetária. “Pedimos reformas estruturais"
  • Minha Casa Minha Vida tem "resiliência absurda" e deve seguir por muito tempo. "Déficit habitacional é de 6,2 milhões"
Por Bruna Lencioni Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. O país atravessa um momento de política monetária contracionista imposta pelo Banco Central. A inflação, acima do teto da meta (5,23% nos últimos 12 meses), sustenta a decisão pela manutenção da Selic empinada. O que encarece crédito e compromete a cadeia varejista e a indústria. Segmentos como o imobiliário, no entanto, se mostram resilientes – neste caso, muito por conta de programas como o Minha Casa Minha Vida (juros menores). Entre janeiro e abril, o Valor Geral de Vendas (VGV) de imóveis residenciais novos apresentou alta de 47% no comparativo com o mesmo período de 2024, segundo o último estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Mas o cenário, no geral, poderia ser melhor. Palavras de Luiz França, presidente da entidade. “Sei que estamos indo bem, mas poderíamos estar melhores”, afirmou em entrevista ao DC NEWS TALKS.

França destacou que a taxa básica de juros continua sendo fator de pressão para a atividade. Segundo ele, a economia precisa avançar em ajustes de longo prazo que impactem a política monetária. “O que a gente pede é um trabalho com reformas estruturais”, afirmou. Ele mencionou a necessidade de uma reforma administrativa. E lembrou que decisões fiscais e de gestão pública influenciam o custo do crédito. Ele destacou ainda sobre o “número mágico”, quando a taxa de juros baixa de dois pra um dígito. “Quando isso acontece, há um volume maior de pessoas comprando imóveis. Então, a taxa de juro é fundamental”, disse.

“Nós mexemos com cerca de 70 subsetores de economia. Muitos vivem ao redor da venda de um imóvel.” França observou que a alta de preços pressiona os custos de materiais, e, por consequência, os preços finais dos imóveis. Ainda assim, os números seguem robustos, em grande parte devido ao Minha Casa, Minha Vida (no primeiro quadrimestre, o segmento econômico, impulsionado teve o maior salto, com 57% de aumento nas vendas). “O Minha Casa Minha Vida tem uma resiliência absurda, funciona muito bem e precisa seguir por anos”, afirmou. “O déficit habitacional, em 6,2 milhões, especialmente em classes mais desfavorecidas, pede que o programa continue.”

França reforçou a relevância da nova Faixa 4 do programa habitacional, válida a partir de abril, para famílias com renda de R$ 8.600,01 e R$ 12 mil. “A Abrainc levou essa demanda ao governo”, disse. A medida amplia o acesso ao financiamento e tem potencial para beneficiar 120 mil famílias, injetando mais recursos no setor. Para o segundo semestre, a perspectiva é de resiliência, mas França voltou a destacar a necessidade de equilíbrio entre medidas de curto prazo e reformas de longo prazo. E defendeu que sem previsibilidade econômica os avanços ficam limitados. O cenário, segundo o presidente, exige planejamento para consolidar o mercado como um dos principais vetores de crescimento do país. (Confira a entrevista).











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