Celso Amorim diz que EUA não desejam negociações

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São Paulo, 20 de agosto de 2025 – O assessor para assuntos internacionais do presidente daRepública, embaixador Celso Amorim, afirmou que o governo dos Estados Unidos não tem demonstradodisposição para negociar as supostas divergências comerciais apontadas pelo presidente dosEstados Unidos, Donald Trump. As informações são da Agência Brasil.

Eles não têm o desejo de negociar, disse Amorim ao participar, de uma audiência públicarealizada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Para Amorim, ao impor sobretaxas a mais de uma centena de países, o governo dos Estados Unidoscolocou em xeque o sistema multilateral de comércio, desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial(1939/1945), por meio de sucessivos acordos que, pouco a pouco, estabeleceram regras globais decomércio.

Estamos tendo esta disputa comercial com os Estados Unidos que no caso do Brasil temcaracterísticas específicas mas, mais importante que isso, é que o que está sendo posto emxeque é o sistema multilateral de comércio, comentou Amorim ao sustentar que o mundo enfrenta ummomento de profundas mudanças da ordem internacional.

Desde que entrei no Itamaraty, sempre [ouvimos sobre] o papel importante do Gatt e, depois, da OMC,acrescentou o embaixador, referindo-se ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt) e àOrganização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995, para substituir o acordo.

Sempre ouvimos [falar sobre] a necessidade de termos regras multilaterais. Porque, na medida em queum país muito forte coloca tarifas unilateralmente, desnorteia todo o comércio [global], ponderouo embaixador, para quem, como cidadãos do mundo, temos que defender o sistema multilateral decomércio.

Amorim também criticou a postura do governo estadunidense, principalmente em relação ao Brasil,prejudicado por questões político-ideológicas, segundo o embaixador. Não podemos dizer que ocomércio internacional é a lei do mais forte, reafirmou

É importante [compreender] que isso não é uma questão de briga entre Brasil e EUA. O caso doBrasil é singular. Que eu saiba, [somos] o único [país sobretaxado pelo governo Trump] em que semisturou abertamente a questão comercial com a política, lembrou Amorim, citando o texto da OrdemExecutiva de 30 de julho, no qual o governo estadunidense afirma que o aumento do valor das tarifasde importação cobradas dos produtos brasileiros é uma resposta, entre outras coisas, ao fato doex-presidente Jair Bolsonaro responder a processos judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF).

Amorim lembrou que, antes mesmo de publicar a Ordem Executiva, o presidente Donald Trump já tinhatornado público o teor de uma mensagem crítica enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Odocumento, segundo ele, foi divulgado antes mesmo de Lula recebê-lo. Nunca vi este nível dedesrespeito e intromissão, mencionou.

Nos meus mais de 60 anos de carreira [diplomática], jamais vi uma carta como a que o presidenteTrump mandou para o presidente Lula. Uma carta que foge totalmente às práticas diplomáticas.Primeiro porque foi postada [simultaneamente] com seu envio [a Lula]. Ou seja, ela se tornoupública antes do presidente Lula recebê-la. E o mais curioso é que, diferentemente da situaçãocom outros países, nos quais a questão tarifária ficou limitada à parte comercial, a carta [aopresidente brasileiro] começa com dois parágrafos sobre política interna brasileira, enfatizouAmorim, reafirmando a disposição do governo brasileiro ao diálogo.

Não queremos romper com os EUA. Não tomamos nenhuma ação hostil [] Sempre procuramos negociar.Inclusive, o ministro da Fazenda [Fernando Haddad] marcou uma conversa por telefone com osecretário de Tesouro dos EUA [Scott Bessent], mas esta foi cancelada por uma interferênciaexterna, finalizou Amorim.

Darlan de Azevedo – darlan.azevedo@cma.com.br (Safras News)

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