Silas Malafaia, alvo da PF, é porta-voz do bolsonarismo e tem histórico de ataques ao STF

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal, o pastor Silas Malafaia, 66, entrou na mira do STF (Supremo Tribunal Federal), sob suspeita de tentar atrapalhar o julgamento da trama golpista. Nesta quarta-feira (20), agentes da PF abordaram Malafaia no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, e apreenderam seu celular.

Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o pastor teve o passaporte cancelado e não pode mais ter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nem com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), ambos indiciados no inquérito. Moraes também autorizou a quebra de sigilo de dados bancários, fiscais e telefônicos dos equipamentos apreendidos.

A PF havia incluído o pastor no inquérito sob relatoria de Alexandre de Moraes que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo por suposta tentativa de embaraçar as investigações.

Malafaia é um dos principais porta-vozes do bolsonarismo e nunca poupou ataques ao Supremo. “Querem calar os opositores. É isso que Alexandre de Moraes tem feito nesses quatro anos, nesse inquérito que é uma farsa”, disse ele num vídeo, publicado em suas redes sociais, assim que soube da inclusão de seu nome no inquérito. “Que país é esse? Que democracia é essa? E se preparem, porque eu vou botar para quebrar. Não tenho medo de investigação política, de pura perseguição.”

Em tempos recentes, Malafaia tornou-se o organizador dos protestos pela anistia. Em setembro, Bolsonaro será julgado na mesma Corte por tentativa de golpe de Estado, em 2022. Em janeiro, por exemplo, ele chamou Moraes de ditador, durante uma manifestação, na avenida paulista, em São Paulo, e disse que o ministro tem sangue nas mãos.

“Tem sangue nas mãos de Alexandre de Moraes, ditador, tu vai dar conta a Deus. Clezão era membro da minha igreja”, disse Malafaia no protesto, citando o nome de Clériston Pereira da Cunha, um dos envolvidos no 8 de janeiro, que morreu na prisão. “O sangue desse justo clama diante de Deus.” Além de sua influência política, o pastor é uma das principais lideranças religiosas do país.

Em março deste ano, participou de um ato pela anistia na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e acusou Moraes de cometer crimes. “O ministro Alexandre de Moraes é um criminoso. Seis anos atrás ele passou a presidir o inquérito de fake news. A partir desse inquérito, Alexandre de Moraes estabelece o crime de opinião. Como num Estado democrático de direito você tem crime de opinião?”. O pastor acusou Moraes de censura, destacou que pessoas estavam exiladas por sua culpa e ainda o chamou de ditador.

Formado em teologia e em psicologia, ele é presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e ficou mais conhecido por apresentar, há mais de 30 anos, o programa de TV Vitória em Cristo. A atração também é transmitida nos Estados Unidos. Organizando conferências religiosas, suscitou polêmicas com declarações contra o aborto e homossexuais. É defensor da teologia da prosperidade e, de 2002 a 2006, foi apoiador do presidente Lula (PT).

No inquérito sob relatoria de Moraes, a Polícia Federal afirma ter identificado que Malafaia, “conhecido líder religioso”, atuou em articulação com outros investigados “na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas”.

Para os investigadores, o objetivo do pastor seria “coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário, de modo a impedir que eventuais ações jurisdicionais proferidas no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal) possam contrapor os interesses ilícitos do grupo criminoso”.

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