Tarcísio defendeu Bolsonaro e anistia em jantar um dia antes de indiciamento de ex-presidente

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SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dia antes de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de obstrução no julgamento da trama golpista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez uma fala em defesa do padrinho político, da blindagem aos parlamentares e do projeto de lei que concede anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.

As declarações foram feitas na noite de terça-feira (19), no jantar que selou uma aliança entre partidos do centrão e da direita. O encontro foi promovido pela recém-criada federação do União Brasil com o PP. Estiveram presentes governadores de oposição e presidentes de partidos -inclusive de legendas com cargos no primeiro escalão do governo Lula (PT), como as duas siglas agora federadas.

O jantar teve como propósito unir esses partidos em torno de um projeto de oposição, cujas consequências já apareceram nesta semana com derrotas impostas ao Palácio do Planalto no Congresso, com a perda no comando da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e a provável votação da proposta que amplia a blindagem a parlamentares.

Os temas entraram em discussão no jantar e foram amadurecendo em conversas num segundo jantar, com a oposição e num café da manhã no dia seguinte entre Tarcísio e o líder do PL no Senado, Rogério Marinho (RN), e presidentes de partido.

O governador, que vinha sendo cobrado por uma ala mais radical do bolsonarismo, buscava dar uma demonstração de fidelidade ao encampar pautas caras ao grupo político e atuar diretamente na articulação delas. Até a publicação deste texto, ele não havia se pronunciado sobre o indiciamento do ex-presidente e a revelação de mensagens que expuseram xingamentos e divergências internas dentro do clã Bolsonaro e com o pastor Silas Malafaia.

O jantar se deu após um fim de semana no qual o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticaram abertamente governadores de direita, classificando-os como ratos e oportunistas.

Todos os participantes do encontro fizeram uma breve fala, na sua maioria defendendo uma união do campo político, em tom crítico ao governo. Tarcísio, hoje considerado o principal nome à sucessão de Bolsonaro, evitou falar diretamente sobre 2026.

Segundo relatos de participantes, ele disse que a direita tem se estar unida, sem falar especificamente em candidaturas, mas sinalizando que é possível para o grupo político vencer Lula no próximo ano.

Ele também disse que estava sendo cometida uma injustiça contra o ex-presidente e que era preciso votar o projeto da anistia -que, hoje, abrangeria inclusive Bolsonaro.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já disse não haver clima para votar uma anistia ampla e irrestrita na Casa. Ele esteve no jantar, longe dos holofotes, por cerca de vinte minutos.

Outros participantes do encontro também defenderam a importância da união das siglas e fizeram gestos a Bolsonaro. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, disse que qualquer um com apoio do ex-presidente conseguiria se eleger em 2026. Até mesmo o ex-candidato à presidência pelo PDT e hoje cotado a se filiar no União, Ciro Gomes, defendeu o pragmatismo da aliança.

A primeira derrota imposta a Lula, que nasceu no encontro de terça-feira (19), foi a eleição de integrantes da oposição para o comando da CPMI, que investigará desvios em aposentadorias e pensões.

De acordo com quatro parlamentares, a costura foi liderada pelos presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, ao longo da terça-feira (19).

Os dois partidos comandam quatro ministérios, a Caixa Econômica Federal e outras estatais, apesar de seus presidentes se declararem oposição ao governo.

Inicialmente, o presidente da CPI seria o senador Omar Aziz (PSD-AM), com o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) de relator. O primeiro nome foi escolhido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), enquanto o segundo é aliado do presidente da Câmara.

A oposição, no entanto, passou a criticar as escolhas, por eles não terem assinado o requerimento de instalação da CPMI e por voltarem frequentemente com o governo. Eles procuraram os líderes da federação em busca de um acordo. A aliança entre PP e União Brasil foi formalizada nesta terça, para disputar as próximas eleições e construir uma candidatura mais forte da direita.

Em outra frente, participantes do jantar tiveram a convicção de haverá votação da chamada PEC da blindagem, que proíbe investigações contra deputados e senadores enquanto não houver aval prévio do Congresso e estabelecer três graus de julgamento para os processos contra os congressistas, retirando os casos do STF (Supremo Tribunal Federal).

A proposta busca esclarecer e especificar as situações em que parlamentares podem ser presos em flagrante, limitando-as a crimes inafiançáveis como racismo, crimes hediondos, tortura, tráfico de drogas, terrorismo e ações contra a ordem constitucional.

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