Empresas de games japonesas vivem disparada com franquias históricas e alívio de tarifas de Trump

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NOVA YORK, None (FOLHAPRESS) – Quando a Konami lançou o game “Metal Gear Solid 3: Snake Eater”, em 2004, o console PlayStation 2, da também japonesa Sony, já se consagrava como uma das apostas mais bem-sucedidas de uma indústria ainda em ascensão.

Após 20 anos, a franquia que une mecânicas de furtividade a roteiros de espionagem tornou-se uma das mais emblemáticas dos videogames, o PS2 vendeu 160 milhões de unidades, um recorde até hoje, e o setor movimenta cerca de US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão) ao ano.

Agora, a poucos dias do lançamento do remake “Metal Gear Solid Delta: Snake Eater”, que restaura o jogo original com gráficos e mecânicas modernas, as empresas de tecnologia japonesas, principalmente de games, vivem um dos melhores momentos da história.

A dona da série “Metal Gear” saiu de uma avaliação de cerca de US$ 3 bilhões (R$ 16,4 bilhões) em 2004 para cerca de US$ 23 bilhões (R$ 125 bilhões) neste mês, enquanto a Sony, que então ainda vivia uma derrocada por conta da crise japonesa, saiu de cerca de US$ 35 bilhões para US$ 165 bilhões agora.

Só neste ano, as ações da Konami acumulam uma alta de 65%, enquanto as da Sony, de 27,5%, desempenho acima do índice da Bolsa de Tóquio, o Nikkei 225, de 8,4%. Empresas como Nintendo (52,3%), Capcom (20,38%) e Bandai Namco (44,5%) também vivem um momento de alta histórica no valor de mercado.

O bom momento do PlayStation 5, o otimismo no setor gerado por lançamentos populares recentes como o Nintendo Switch 2 e o próprio apelo de franquias globais como a do agente secreto Snake ajudam o movimento, mas os recordes recentes também têm a ver com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo analistas.

O acordo comercial entre EUA e Japão celebrado há um mês que estabeleceu as tarifas recíprocas em 15%, abaixo dos 24% ameaçados por Trump, gerou uma onda de otimismo que levou a Bolsa de Tóquio atingir níveis históricos. Algumas empresas, contudo, saíram ganhando mais do que outras, em parte devido ao reconhecimento global de suas marcas.

“Enquanto empresas exportadoras, como as montadoras, estão sendo forçadas a revisar suas projeções para baixo devido às tarifas recíprocas, houve uma mudança em direção a ações com demanda forte ou estável e menos sensíveis”, disse Hironori Akizawa, diretor de investimentos da Tokio Marine Asset Management International, em análise da Bloomberg.

Para a Newzoo, empresa de pesquisa voltada ao mercado de games, embora as publishers japonesas se mostrem uma aposta segura em um momento de incertezas, os principais fatores por trás da alta são uma produção de qualidade consistente, propriedades intelectuais globais e a capacidade de alcançar públicos domésticos e internacionais.

Sinal disso, por exemplo, é a capacidade de criar hits tanto baseados em franquias já conhecidas, como os últimos “Resident Evil”, da Capcom, quanto inéditos, como o “Elden Ring”, da Bandai Namco, que superou neste ano a marca de 30 milhões de unidades vendidas.

“As estrelas parecem estar alinhadas. As publishers japonesas não tinham um impulso global tão amplo desde a era de ouro dos primeiros consoles, e este é, sem dúvidas, um dos momentos mais decisivos para elas nas últimas décadas”, disse Emmanuel Rosier, diretor de inteligência de mercado da Newzoo.

O otimismo japonês vem em bom momento para uma indústria que nos EUA tem enfrentado demissões em massa frequentes, pressão de preços devido às tarifas e desenvolvimentos cada vez mais longos e caros, como o esperado “Grand Theft Auto 6”, que precisou ser adiado para o ano que vem. O jogo anterior da série publicada pela americana Take-Two Interactive saiu em 2013.

Não à toa os remakes têm sido uma escolha segura para as empresas. São jogos já consagrados que exigem um investimento menor que podem ser lançados enquanto um projeto maior fica em desenvolvimento por anos.

No caso do “Metal Gear Solid Delta: Snake Eater”, as principais mudanças foram gráficas, adaptando o jogo de 2004 para os padrões gráficos mais fotorrealistas das gerações atuais. A forma como ele funciona, no entanto, foi mantida.

Segundo o produtor do jogo, Noriaki Okamura, a ideia não é só que os jogadores de hoje, que já não têm contato com um título da franquia há dez anos, redescubram o personagem e a história, mas também os próprios desenvolvedores de games, em parte porque títulos de grande orçamento têm ficado cada vez mais complicados.

“Parte da dificuldade foi reconstruir uma equipe, e com a que temos agora, com muitos iniciantes e jovens, dar a oportunidade de trabalhar em um título tão grande como esse definitivamente vai ajudá-los a melhorar suas habilidades”, disse Okamura.

Para Rosier, analista da Newzoo, a melhor estratégia é deixar que os remakes complementem, não substituam, o desenvolvimento de títulos originais.

“Em comparação com os EUA, onde apostas em jogos de serviço e blockbusters dominam, ou China e Coreia do Sul, onde prevalecem modelos de monetização para celular, as empresas japonesas frequentemente combinam tradição e inovação de uma forma mais equilibrada e sustentável”, disse

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METAL GEAR SOLID DELTA: SNAKE EATER

– Quando 28 de agosto

– Preço R$ 399,90

– Classificação 18 anos

– Produção Konami

– Publicadora Konami

– Plataforma PC, PlayStation 5 e Xbox Series

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