Apesar de preços enfraquecidos, empresas do setor devem entregar terceiro trimestre positivo

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São Paulo, 25 de agosto de 2025 – O BB Investimentos divulgou um relatório com as perspectivaspara o setor de Papel & Celulose, apontando que apesar dos preços de celulose enfraquecidos, asexportações brasileiras da commodity permanecem fortes e com incremento de preços médios.Segundo a analista Mary Silva, os preços de celulose continuaram recuando na Europa, principalmentena fibra curta (-US$ 122/t m/m, para US$ 1.016/t), o que contribuiu para a ampliação no spreadpara a fibra longa, que atingiu patamar recorde. “A queda nos preços reflete o crescente nível deestoques nos portos da região, que encerraram o mês de junho com volume 11% acima da médiahistórica, em razão do arrefecimento do consumo mensal de celulose na região no primeiro semestrede 2025 (-5,7% a/a)”, explicou a analista.

Às 15h25, as ações da Klabin ne da Suzano recuavam, respectivamente, 0,48% (R$ 18,29) e 0.79% (R$53,35).

Na China, os preços mantiveram-se estáveis e no menor patamar dos últimos dois anos. Asimportações de celulose pelo país tiveram queda de 5,1% em julho na comparação com junho, aindarefletindo a menor demanda de fibras na região em razão da sobreoferta de papéis, o que levou aspapeleiras a concederem descontos para promover o giro dos estoques, pressionando as margens, queconsequentemente seguraram os preços de sua principal matéria-prima.

O volume brasileiro de exportações de celulose em julho teve ligeira queda na comparação mensal,mas que foi compensada pelo incremento nos preços médios, refletindo a normalização dosembarques para a Europa e os Estados Unidos, após os elevados patamares do mês anterior, enquantoos envios para a China se mantiveram estáveis. Além disso, segundo dados preliminares daSecretaria de Comércio Exterior (Secex), na terceira semana de agosto, o volume médio diário teveincremento expressivo de 46,4% nos embarques, em relação ao mesmo período de 2024.

A análise ressaltou que a celulose ficou isenta da tarifa de importação adicional de 40% queserá aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, de modo que manterá sua competitividadeem relação aos demais países exportadores de celulose, sujeitos à tarifa recíproca de 10%, oque é positivo principalmente para a Suzano, dada sua posição de liderança no mercado global decelulose de fibra curta, com a América do Norte representando 18% das vendas de celulose dacompanhia em 2024.

No Brasil, a expedição de caixas, acessórios e chapas de Papelão Ondulado voltou a recuar emjunho, mas, a exemplo da oscilação observada nos meses anteriores, avançou em julho, segundoprévias da Empapel, somando o terceiro maior volume mensal já registrado. Assim, no acumulado dossete primeiros meses do ano, o volume expedido ficou estável em relação ao mesmo período do anoanterior, mostrando recuperação em relação aos volumes mais fracos reportados nos primeirosmeses do ano. Além disso, os demais indicadores da indústria de papel continuam enfraquecidos,incluindo a confiança do empresário do setor, que apesar de mostrarem ligeira melhora naconfiança do empresário do setor de papel e celulose, ainda permaneceram em patamar que indicafalta de confiança.

Para o BTG Pactual, a Klabin tem se beneficiado de ventos favoráveis em unidades de negóciosimportantes, com lucros crescendo de forma constante no curto prazo. Enquanto o preço de celuloseestá atingindo um piso, as tendências de demanda por kraftline e papelão ondulado são positivas.À medida que os projetos Puma II e Figueira avançam, o crescimento deve continuar, com o mercadosubestimando esse potencial. “O foco da empresa na desalavancagem dará suporte a um balançopatrimonial mais saudável, com a empresa focada na monetizar ativos florestais e reduzir aalavancagem até o fim de ano para 3x (de 4,5x em 2024). Com a ação está sendo negociadoatualmente a 6,0x EV/EBITDA 2025 (vs. 8x justo/histórico), ainda vemos espaço para algumaexpansão do múltiplo nos níveis atuais”, concluiu o BTG.

Sobre a Suzano, a XP Investimentos disse que espera que as discussões se concentrem nas potenciaiseconomias de custo da troca de ativos biológicos com a Eldorado e na decisão da companhia dereduzir a produção para mitigar parcialmente a queda contínua nos preços da celulose. A Suzanorevisou sua projeção de investimento em capital de giro para 2025 para cima em R$ 900 milhões,para R$ 13,3 bilhões, como resultado do acordo de swap com a Eldorado. Nesse acordo, a Suzanoreceberá 18 milhões de m3 de madeira em pé até 2026, pagando R$ 878 milhões neste ano e R$ 439milhões em 2026, para aumentar a idade média de sua base florestal no MS. Em compensação, aSuzano entregará madeira imatura em pé à Eldorado para ser colhida entre 2028 e 2031.

A Suzano também decidiu reduzir os volumes de produção em aproximadamente 3,5% nos próximos 12meses, devido ao ambiente de mercado desafiador. No entanto, a XP disse que vê “com bons olhos” aabordagem disciplinada da companhia nesse sentido. “Dito isso, todas as atenções permanecemvoltadas para a extensão e duração da fraqueza atual nos preços da celulose de mercado,especialmente diante dos níveis acelerados de produção por players integrados e verticalizados naChina”, concluiu a XP.

KLABIN

No início do mês, em seu relatório de resultados do segundo trimestre de 2025, a Klabin afirmouque no negócio de celulose, a demanda por fibras manteve-se estável ao longo do trimestre.Contudo, em meio às incertezas geopolíticas, na comparação com o primeiro trimestre deste ano,os estoques médios nos principais portos internacionais aumentaram, elevando a pressão sobre ospreços.

Na China, segundo o índice FOEX, os preços recuaram, em média, 6% na fibra longa e 3% na fibracurta. Já na Europa, apesar da tendência de queda ao longo do trimestre, a média de preçossuperou a do 1T25, com altas de 5% e 10% nas fibras longa e curta, respectivamente.

Também em comparação com o 1T25, o preço médio da Klabin em dólar subiu 4%, favorecido pelomix de vendas e diversificação geográfica da receita. Importante destacar que o negócio decelulose da Klabin tem maior exposição ao FOEX Europa, dada sua relevância no fornecimento defibras para esse mercado, assim como para o mercado brasileiro. Destaque para o sólido desempenhodos negócios em fibra longa/fluff, representando 29% do volume vendido e 42% da receita líquida dotrimestre, com spreads elevados em relação à fibra curta.

Emerson Lopes – emerson.lopes@cma.com.br (Safras News)

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