São Paulo, 2 de setembro de 2025 – O Bank of America (BofA) atualizou sua avaliação para a Cosan,holding que controla as empresas Rumo, Compass, Moove, Radar e Raízen (em parceria com a Shell),pois acredita que a companhia representa uma história única de recuperação e desalavancagem naAmérica Latina, mas as altas taxas de juros e o timing continuam sendo desafios. Os analistas fazemas contas de um possível aumento de capital da Raízen ou da Cosan para atualizar o investimento nacompanhia.
Na visão de seus analistas, a Cosan vem abordando seu balanço alavancado por meio da gestão depassivos e da venda de participação na Vale, por exemplo, e questões operacionais, principalmentena Raízen (mudanças na gestão, venda de ativos). No entanto, com os desafios apontados, asações da companhia acumulam queda de 27% no acumulado do ano. “No entanto, acreditamos que ocenário está prestes a mudar. Um potencial aumento de capital na Raízen poderia liberar valor, aomesmo tempo em que traria um novo acionista estratégico para a Cosan, o que poderia eventualmenteresultar em acréscimo”, comentam os analistas, em relatório.
O BofA acredita que as ações da Cosan estejam com valor zero para a Raízen, dadas aspreocupações dos investidores com seu balanço patrimonial alavancado e o risco de diluiçãoapós o plano de aumento de capital anunciado pela Raízen. “Nossa análise da soma das partes(SOTP) implica um valor justo do patrimônio líquido de R$ 13,7/ações para a Cosan, com a Raízenrepresentando R$ 3,1/ações. Mesmo se eliminarmos a Raízen, o valor justo do patrimônio líquidoainda ofereceria um potencial de valorização significativo. Realizamos uma análise desensibilidade para a Cosan com base em um aumento de capital na Raízen variando de R$ 10 bilhões aR$ 15 bilhões sem participação da Cosan. Se feita ao preço atual das ações, a diluição paraa Cosan seria de 2%, para R$ 5,6 bilhões (valor justo). Mas mesmo considerando a diluição, se aRaízen fosse precificada como Cosan, isso implicaria um potencial de valorização de até 50%”,explicam.
A análise também lembra que a administração da Cosan declarou na teleconferência do segundotrimestre que a sua estratégia de desalavancagem depende de uma venda parcial de ativos (que o BofAacredita que podem ser a gestora de terras Radar, a Moove e o Porto de São Luís). No entanto, umpotencial aumento de capital na Cosan não foi descartado pela diretoria, mas ele estariarelacionado principalmente a um plano de sucessão e não a uma solução principal para o balançopatrimonial. “Nesse contexto, acreditamos que o preço atual das ações não é uma referênciapara tal acordo, o que potencialmente limitaria a diluição dos acionistas controladores eminoritários, enquanto o novo sócio poderia ser fundamental para a continuidade da estratégia delongo prazo da Cosan.”
Diante desta avaliação, o BofA reitera a compra da ação da Cosan (CSAN3), mas corta opreço-alvo para R$ 11, de R$ 14, e as ADRS para US$ 7,9, de US$ 10, o que representa um potencialde valorização significativo de 86%.
RAIZEN
O BofA também avaliou a Raízen após o anúncio de venda de duas usinas de cana-de-açúcar por R$1,5 bilhão. “A Raízen anunciou a venda de duas usinas de cana-de-açúcar, Rio Brilhante e PassaTempo, ambas localizadas no estado do Mato Grosso do Sul. As usinas têm capacidade total de moagemde 6 milhões de toneladas e o valor de mercado do negócio foi de R$ 1,54 bilhão (R$ 1,33 bilhãoreferente aos ativos e R$ 218 milhões de investimento entre safras). Isso implica um valor demercado por tonelada de US$ 47, o que está amplamente em linha com as transações recentesanunciadas pela empresa. O negócio faz parte do portfólio de reciclagem em andamento da empresa,que visa aumentar a eficiência operacional do negócio upstream e reduzir a alavancagem. Desdenovembro de 2024, a Raízen vendeu 5 ativos de cana e 12 milhões de toneladas de capacidade,levantando R$ 3,4 bilhões, o que já está acima da nossa expectativa preliminar de venda de ativosde cana de aproximadamente 7 milhões de toneladas. A Raízen agora opera 25 usinas com 75 milhõesde toneladas de capacidade”, contextualiza o BofA.
Para os analistas do BofA, embora a estratégia de reciclagem do portfólio da empresa seja positivae esteja acima das expectativas, a Raízen anunciou, juntamente com os fracos resultados do primeirotrimestre de 2026, que planeja realizar um aumento de capital no curto prazo para acelerar oprocesso de desalavancagem. Assim, eles estimam que a empresa precise reduzir a dívida emaproximadamente R$ 15 bilhões por meio da venda de ativos e de um aumento de capital, portanto, aincerteza quanto ao tamanho do aumento de capital e à potencial diluição permanece um peso paraas ações.
O BofA reitera o seu recente rebaixamento da classificação da ação da Raízen (RAIZ4) para”neutro” e a redução do preço-alvo para R$ 1,25.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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