Em expansão internacional, Lavandeira 60 Minutos traça rota para abertura de capital em 2027

Uma image de notas de 20 reais
Segundo a Anel, o segmento self-service cresce 15% ao ano, ante 5% das demais modalidades
(Divulgação)
  • Empresa fatura R$ 75 milhões por ano, com 890 lavanderias, e pretende atingir valor de mercado de R$ 1 bilhão
  • Em Portugal, 15 franquias já estão contratadas e outras 40, em negociação; há plano para levar o modelo ao Reino Unido
Por Bruno Cirillo

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Há dois anos, o empresário Isaelson Oliveira, de 48 anos, teve um burnout e se mudou para Viana do Castelo, em Portugal. Ele é o dono da marca de franchising Lavanderia 60 Minutos, que tem 890 unidades self-service no Brasil e foi fundada em 2014. Mas somente neste ano resolveu levar o negócio à ‘Terrinha’, e até dezembro deve inaugurar as primeiras 15 lojas em Lisboa e outras cidades. Mais 40 franquias estão sendo negociadas com portugueses para o ano que vem – são quatro empresários interessados em dez unidades cada. Enquanto isso, no país de origem, a 60 Minutos trabalha com metas ambiciosas: ter 1,4 mil lojas até o final de 2025, alcançar um valor de mercado de R$ 1 bilhão até 2027 e, então, realizar o IPO.

Os números expressivos, diz Oliveira, há dez anos eram apenas usados de forma hipotética na sala de aula da graduação, onde lecionava. Foi quando decidiu fazer uma transição de carreira e deixou de ser professor de Administração para empreender no ramo das lavanderias self-service. Até então, o negócio era inédito. A maioria das pessoas lavava roupa em casa e, se já existia a 5àsec – que chegou ao Brasil em 1994 –, a famosa multinacional francesa só prestava o serviço manual, com funcionários. Em 2022 a empresa criou a Lav Pop, sua lavanderia de autosserviço. Numa entrevista ao DC NEWS Talks, o CEO Fábio Roth revelou que o modelo tende a ultrapassar em número de lojas as unidades tradicionais da 5àsec, mas não em faturamento.

Atualmente, o segmento de lavanderias fora do lar tem 26 mil operações externas e 24 mil internas (em hospitais, por exemplo), segundo a Associação Nacional das Empresas de Lavanderia (Anel). O filão de lavanderias self-service, com 5 mil unidades e uma previsão de chegar a 10 mil até 2030, é o que mais cresce: 15% ao ano, ante 5% das demais. “As lavanderias em geral estão passando por um rápido processo de profissionalização”, afirmou a entidade em nota. A associação também diz que o Brasil é o país mais evoluído do segmento na América Latina. Se não é a maior (há divergências sobre o market share da empresa), a 60 Minutos é pioneira: a 5àsec e a OMO (Unilever) também estão no ramo, entre outras 30 franqueadoras menores e inúmeras lojas independentes, mas lançaram suas lavanderias self-service na época da pandemia.

Escolhas do Editor

O investimento inicial para abrir uma franquia da 60 Minutos é de, no mínimo, R$ 50 mil. O payback leva de 12 a 18 meses e o lucro líquido gira em torno de 45%. São três modelos de franquia, a depender da quantidade de máquinas. No formato padrão, são três lavadoras e três secadoras. As máquinas são da fabricante coreana LG, uma das duas grandes fabricantes de lavadora globais – a outra é a Speed Queen, americana. O franqueado tem a opção de alugar os equipamentos, em vez de comprá-los, mas hoje 80% dos lojistas preferem trabalhar com máquinas próprias. No caso da OMO, por exemplo, a companhia só começou a oferecer aos franqueados a possibilidade de alugar os equipamentos ao invés de comprá-los em agosto deste nao. Na prática, a decisão da empresa reduz o investimento inicial de R$ 250 mil para R$ 120 mil, com o mesmo número de máquinas.

Em dez anos, a 60 Minutos já contabiliza 2 milhões de clientes, sendo 40% deles recorrentes. “Nós temos basicamente três públicos”, disse Oliveira. De acordo com ele, há o cliente cuja própria máquina quebrou e frequenta a lavanderia até trocar o eletrodoméstico. Outro público importante é o turístico, daqueles esporádicos, em viagem. Por fim há o “cliente fiel”, como definiu Oliveira, aquele que criou apreço pela marca. “Nós temos grupos de clientes que se reúnem para lavar roupa. Também há pessoas que se conheceram na lavanderia, casaram-se e todos os anos vão lá comemorar as bodas.” O empresário afirma ainda que o negócio já economizou 4 bilhões de litros de água, a considerar que cada lavagem profissional, em comparação com o uso de uma máquina de lavar em casa, representa a economia de 100 litros.

Com o crescimento da empresa, que completou dez anos em maio, Oliveira foi criando uma série de outras pequenas companhias que fazem serviços complementares, desde softwares de monitoramento das franquias até produtos ecológicos, como o sabão. Essa movimentação originou o Grupo Hi, holding com oito empresas e faturamento de R$ 75 milhões. O conglomerado tem como chairman e investidor-anjo o CEO da Equity Fund Group, João Kepler. Uma novidade é o lançamento da Laundry in Box, franquia de armários onde clientes podem deixar suas roupas sujas e, em até 24 horas, buscá-las lavadas e passadas. O negócio é uma oportunidade para o grupo, hoje presente em postos de combustível, com 200 pontos ou cerca de um quarto do total em São Paulo, entrar nos condomínios residenciais. “Não tem nada a ver com a 60 Minutos, mas se complementam”, disse Oliveira. “Nosso franqueado pode negociar o Laundry in Box com condomínios, e colocar os armários para prestar esse novo serviço.”

Aspas

As lavanderias em geral estão passando por um rápido processo de profissionalização

Aspas
Isaelson Oliveira, CEO da 60 Minutos

NO EXTERIOR – O investimento para levar a marca 60 Minutos para Portugal é de 1 milhão de euros, ou R$ 6,3 milhões na cotação atual. Oliveira explica que a principal diferença entre os mercados está nos juros mais baixos, nas linhas de crédito oferecidas na Europa, e ainda que haja uma previsão de rentabilidade menor, a garantia de estabilidade para o negócio é maior. “Aqui (em Portugal) as pessoas se sentem mais atraídas pelo investimento e arriscam mais, mesmo que a lucratividade seja menor”, afirmou, comparando o cenário financeiro europeu com o atual ciclo de alta de juros brasileiro, com a taxa Selic a 15%. “No Brasil, para tirar o dinheiro do banco, tem que ser uma proposta realmente atrativa, com um percentual de lucro muito alto.”

Oliveira está em Viana, a 40 quilômetros do Porto, de onde viu, nos últimos dois anos, a empresa crescer à distância. Ele levou consigo para a Europa uma comitiva de executivos, que agora estão trabalhando na divulgação da franquia. Os planos não param em Portugal. Em outubro, eles vão apresentar a 60 Minutos para um grupo de empresários em Londres, no Reino Unido. A expectativa é replicar o modelo por mais países da Europa. Quanto ao formato que deve ser escolhido pelos europeus (alugar ou comprar as máquinas), o empresário aposta na compra: “É uma rentabilidade melhor. Tem um payback mais rápido, apesar de ser um investimento maior, sem aquela parcela mensal da locação.”

Voltar ao topo