Dólar fecha em alta com retomada do julgamento de Bolsonaro no STF; Bolsa cai

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em alta de 0,33%, cotado a R$ 5,435, nesta terça-feira (9), com os investidores atentos à retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado.

O desempenho doméstico da moeda norte-americana acompanhou o exterior. O índice DXY, que compara a força do dólar com outras seis divisas do mundo, valorizou 0,34%, a 97.800 pontos ao longo do dia.

A Bolsa, por outro lado, fechou em queda de 0,12%, a 141.618 pontos. Como na véspera, os preços do minério de ferro e petróleo no mercado internacional refletiram domesticamente, fazendo os papéis da Vale e Petrobras subirem.

O mercado do dia acompanhou o julgamento de Bolsonaro no STF. A Primeira Turma da Suprema Corte retomou os trabalhos nesta terça com o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que acusa o ex-presidente e outros réus de tentativa de golpe de Estado.

De acordo com Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a agenda do dia, mais fraca em relação a dados econômicos, permitiu aos investidores acompanharem o julgamento de Bolsonaro com atenção.

Após mais de cinco horas, Moraes votou para condenar Bolsonaro por liderar tentativa de golpe de Estado. “Os réus praticaram todas as infrações penais imputadas pela Procuradoria-Geral da República”, disse o ministro em seu voto.

Flávio Dino acompanhou Moraes e também votou pela condenação de Bolsonaro. Dino disse que “não há dúvidas” de que Bolsonaro e o ex-ministro Walter Braga Netto ocuparam posição de destaque na organização criminosa. “[Eles] Tinham domínio de todos os eventos narrados nos autos”, completo

O julgamento continuará nesta quarta (10) e deve terminar na sexta, quando está prevista a leitura da sentença. Faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

O julgamento de Bolsonaro promete impactar a relação comercial entre Brasil e EUA. Quando Trump anunciou a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a uma suposta “caça às bruxas” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria vítima.

Ministros do STF dizem esperar uma escalada de ataques de Donald Trump contra eles por causa do julgamento.

Nesta terça, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente americano aplicou tarifas e sanções contra o Brasil para proteger a “liberdade de expressão” e que o país não terá medo de usar o “poder econômico e militar” para defendê-la.

Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a conclusão do processo do ex-presidente Bolsonaro deve dificultar uma reaproximação entre os países. “Pode gerar novas sanções e tarifas, o que aumenta a percepção de riscos de ativos brasileiros e tende a prejudicar o real”, afirma.

Dados da economia americana também continuaram no radar, com investidores intensificando as expectativas por um corte de juros dos EUA pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) no próximo dia 17.

Segundo a ferramenta CME FedWatch, operadores precificam 92% de chance do banco central reduzir a taxa de juros americanas em 0,25 ponto percentual -8%,de uma redução de 0,50.

Divulgada nesta terça, a revisão preliminar anual do relatório “payroll” dos EUA mostrou que a economia do país criou 911 mil empregos a menos do que o estimado anteriormente nos 12 meses até março de 2025.

Economistas consultados pela Reuters estimavam uma diminuição entre 400 mil e 1 milhão.

Dados do mesmo índice, divulgados na última sexta (5), mostraram que a economia dos EUA criou 22 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 75 mil postos da mediana de pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 4,3%, em linha com o projetado.

Para Mattos, da StoneX, os dados consolidaram a expectativa de diminuição da taxa de juros nos EUA e indicam um ritmo de corte mais acelerado nos próximos meses.

“O banco central americano deve dar mais peso ao risco de uma desaceleração da atividade econômica e começar um ciclo de corte de juros. O ‘payroll’ reforça a perspectiva do Fed cortar juros na decisão desse mês e diminuir nos próximos 6 a 12 meses mais rapidamente”.

No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, sinalizou um possível corte na taxa de juros nas reuniões do banco central dos EUA em 16 e 17 de setembro, mas evitou se comprometer.

De acordo com João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos, a combinação entre juros altos no Brasil e expectativa de flexibilização monetária nos EUA mantém o real relativamente bem posicionado, ainda que sujeito à volatilidade.

Analistas projetam novos recordes para a Bolsa brasileiras nos próximos dias, com a economia dos EUA no radar.

“O cenário atual permanece favorável à continuidade da tendência de alta, com o próximo alvo apontando para os 145.800 pontos”, afirmou a equipe de grafistas da Ágora Investimentos, em relatório a clientes.

A equipe do Itaú BBA também reforçou o otimismo. “O Ibovespa está em tendência de alta no curto e médio prazo, e segue em direção aos 150.000 e 165.000 pontos numa visão de médio prazo”, disse.

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