IPCA tem 1ª deflação em um ano com queda na conta de luz, na gasolina e em alimentos

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve deflação (queda) de 0,11% em agosto, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado refletiu a baixa temporária dos preços da energia elétrica com o desconto do bônus de Itaipu. Alimentos e gasolina também voltaram a cair, aliviando o índice oficial.

A deflação de 0,11% é a primeira do IPCA em um ano. A queda anterior, de apenas 0,02%, havia ocorrido em agosto de 2024.

A redução do mês passado é a maior em quase três anos, desde setembro de 2022. À época, o recuo havia sido de 0,29% com o corte tributário do governo Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições presidenciais.

A deflação de 0,11%, por outro lado, foi menos intensa do que a esperada por analistas na mediana do mercado financeiro. A projeção era de baixa de 0,15%, conforme a agência Bloomberg.

O IPCA havia mostrado inflação (alta) de 0,26% em julho. O alívio em agosto era aguardado com a queda pontual da conta de luz devido ao bônus de Itaipu –efeito que tende a ser revertido a partir de setembro.

Os preços da energia elétrica residencial recuaram 4,21% no mês passado, mesmo com o país na bandeira tarifária vermelha patamar 2, que representa uma sobretaxa para os consumidores.

Com o resultado, a conta de luz exerceu a principal pressão do lado das baixas no índice do IBGE (-0,17 ponto percentual).

IPCA DESACELERA A 5,13% EM 12 MESES

No acumulado de 12 meses, o IPCA passou a registrar inflação de 5,13% até agosto. Isso significa uma desaceleração (alta menor) ante o aumento de 5,23% até julho.

O avanço, porém, segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central).

Com o alívio da energia elétrica, o grupo habitação saiu de um aumento mensal de 0,91% em julho para uma queda de 0,90% em agosto. O instituto também destacou as deflações nos grupos alimentação e bebidas (-0,46%) e transportes (-0,27%).

A baixa dos alimentos foi a terceira consecutiva e a mais intensa dessa sequência. Os produtos consumidos no domicílio recuaram 0,83%, com destaque para as deflações do tomate (-13,39%), da batata-inglesa (-8,59%), da cebola (-8,69%), do arroz (-2,61%) e do café moído (-2,17%).

O gerente da pesquisa do IPCA, Fernando Gonçalves, afirmou que a trégua espelha a ampliação da oferta de alimentos. O movimento ocorre a partir de melhores condições de safra.

De acordo com Gonçalves, também é possível que o tarifaço de Donald Trump tenha ampliado a oferta de parte dos produtos no mercado brasileiro. O técnico do IBGE, porém, disse que não é possível precisar o tamanho desse eventual impacto.

Além do café, outro alimento que não escapou das tarifas dos Estados Unidos foi a manga. Em agosto, os preços da fruta caíram 18,4% no Brasil. Foi a maior deflação entre os 377 subitens (bens e serviços) pesquisados no IPCA. As carnes, também impactadas pelo tarifaço, recuaram 0,43%.

INFLAÇÃO, META E PROJEÇÕES

Em 2025, o BC passou a perseguir a meta de inflação de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).

No novo modelo, o alvo é considerado descumprido quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é de 3%.

O índice estourou a meta contínua pela primeira vez em junho.

Na mediana, as projeções do mercado financeiro apontam alta de 4,85% para o acumulado de 2025, conforme o boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda (8). A previsão ficou estável após 14 semanas consecutivas de revisão para baixo.

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