Otan lança operação para se defender de drones da Rússia

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois dias depois de destruir pela primeira vez drones russos sobre os céus da Polônia, a Otan lançou nesta sexta-feira (12) uma operação para reforçar a defesa de todo o seu flanco leste de novas invasões e outras ameaças vindas de Moscou.

Segundo o secretário-geral da aliança militar ocidental, o holandês Mark Rutte, e o chefe militar do grupo, o general americano Alexus Grynkewich, a Operação Sentinela Oriental começará nesta noite e vai envolver recursos de diversos membros da Otan, como Alemanha, França, Reino Unido e Dinamarca.

A ideia é empregar mais caças, sensores, radares e sistemas antiaéreos desses países em nações do Leste Europeu, mas não só. “Vamos proteger todo o flanco, do alto norte ao Mediterrâneo. Vamos defender cada polegada de nosso território”, afirmou o general.

Segundo ele, o modelo operacional será o da missão Sentinela Báltico, lançada no começo deste ano para coibir danos a cabos submarinos no mar nórdico. Até aqui bem-sucedida, ela emprega força rotativa de diversos países da Otan em conjunto com os novatos Suécia e Finlândia.

Ainda não há informações sobre o cronograma ou orçamento da nova ação, que é uma resposta à invocação por Varsóvia do artigo 4 da Carta da Otan, que prevê consultas e medidas em caso de uma ameaça —um passo anterior às provisões do artigo 5, de defesa mútua.

Como os repórteres presentes à entrevista da dupla em Bruxelas notaram, a falta de detalhes faz o anúncio cheirar a um recado para Vladimir Putin.

Grynkewich insistiu que a resposta da Otan ao incidente da quarta (10) foi correta, com o emprego de caças e avião-tanque da Holanda, além de uma aeronave-radar italiana, que ajudou na coordenação dos jatos F-16 poloneses na destruição de um número incerto dos 21 drones que violaram o espaço aéreo.

“Com o alcance que esses drones têm, nós todos somos vulneráveis a eles. Então o flanco oriental é a primeira linha de defesa. Se esses drones passaram por essa primeira linha, eles podem ficar lado a lado de mísseis balísticos e outras capacidades que colocam a aliança toda em risco”, disse o general.

Moscou nega ter atacado a Polônia, e sim que os drones se desviaram acidentalmente durante uma grande ação contra o oeste da Ucrânia. O governo polonês e de outros países europeus disseram não acreditar na versão, elevando uma tensão já alta com a realização de um megaexercício militar da Rússia e da Belarus nesta sexta.

Já Rutte voltou a dizer de forma mais cautelosa que “a ação foi irresponsável, tenha sido acidental ou intencional”, e que ainda há investigações em curso. Questionado se ele considerou adequada a reação de Donald Trump, que sugeriu que Moscou pode ter apenas errado a mira, o holandês tergiversou.

“É claro que nós estamos todos juntos nisso”, afirmou. Mais cedo, Trump havia dito em uma entrevista que seguia estudando sanções mais duras à Rússia, dizendo pela enésima vez que sua paciência com Putin está acabando.

Operações da natureza da Sentinela Oriental têm virado a norma em relação à percepção de que a Rússia é uma ameaça, particularmente para países que integraram a União Soviética, como os três Estados Bálticos.

Quando Putin anexou a Crimeia em resposta à queda do governo aliado que tinha em Kiev, foi criada a missão de policiamento aéreo do Báltico. Nela, países da Otan enviam caças e outras aeronaves para operar na Lituânia, Estônia e Letônia, nações que não têm Força Aérea digna de nota.

A Sentinela Báltico vai no mesmo espírito, ainda que suecos, finlandeses e noruegueses tenham recursos navais e aéreos mais avançados.

As autoridades foram questionadas se não seria o caso de a Otan, que já ajuda militarmente a Ucrânia, operar para derrubar drones russos no território do país em guerra. A resposta óbvia foi que isso ultrapassa a missão da aliança, que é defender seus 32 membros.

A nova operação terá de focar em capacidades que a Ucrânia desenvolveu para a guerra dos drones. Usar caças contra eles, por exemplo, é caro e ineficaz em caso de um ataque de grande escala. Para isso, drones de defesa e contramedidas eletrônicas são mais eficazes.

A Polônia, país que mais investe proporcionalmente em defesa na Otan, tem uma Força Aérea bem avançada, com 47 F-16, que serão substituídos por 32 F-35 de quinta geração e 48 caças sul-coreanos FA-50, além de alguns aviões soviéticos antigos. Mas na semana que vem enviará uma equipe a Kiev para ser treinada em táticas de combate com drones, o futuro da guerra moderna.

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