São Paulo, 12 de setembro de 2025 – Após uma semana concentrada no julgamento do ex-presidenteJair Bolsonaro e de outro sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF), as atenções em Brasíliase voltam para as articulações da oposição em colocar em pauta o projeto de anistia no Congressoe nos movimentos do governo em tentar impedir a avaliação do texto. Outro ponto que mereceatenção diz respeito ao possível anúncio de sanções por parte dos Estados Unidos, em respostaà condenação de Bolsonaro.
Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente JairBolsonaro e mais sete aliados na ação penal da trama golpista. Seguindo voto do relator, ministroAlexandre de Moraes, o colegiado entendeu que os réus devem ser condenados pelos crimes deorganização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimôniotombado. A exceção é o réu Alexandre Ramagem, que foi condenado somente pelos crimes deorganização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito egolpe de Estado.
Enquanto a defesa de Bolsonaro recorre da decisão, a oposição está pressionando o presidente daCâmara, Hugo Motta, a colocar o projeto de anistia em votação já na próxima semana. Após acondenação e os atos de 7 de setembro, a questão ganha corpo. A oposição espera o apoio dogovernador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Consolidando o quadro eleitoral para 2026, opresidente Lula tenta evitar que a questão evolua.
Com a anistia no centro das atenções, o Congresso está paralisado e projetos importantes dogoverno não andam. O governo conta com a aprovação da isenção de pagamento de IR até R$ 5 milcomo um trunfo eleitoral. Já Tarcísio tenta, com a aprovação da anistia, garantir o apoio dabase bolsonarista. Mas tenta se equilibrar também com uma proposta mais moderada, assegurandotambém o apoio do centrão.
Além do projeto da anistia, o final do julgamento no STF deve deflagrar também retaliações porparte do governo Donald Trump. Em manifestação nas redes sociais, o secretário de Estado dogoverno dos Estados Unidos, Marco Rubio alegou suposta perseguição a Bolsonaro e citou diretamenteo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal no STF. “As perseguições políticas doviolador de direitos humanos Alexandre de Moraes, sancionado, continuam, já que ele e outrosmembros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram injustamente pela prisão do ex-presidente JairBolsonaro. Os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa caça às bruxas”, escreveu.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também se manifestou sobre a condenação de Bolsonaro.Respondendo a questionamento de jornalistas, Trump se disse surpreso com o resultado do julgamento.
O Palácio Itamaraty se manifestou e rebateu uma ameaça feita por Rubio. “O Poder Judiciáriobrasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeirosacusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa. Asinstituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo.
A exemplo do que ocorreu nos últimos sete dias, a próxima semana promete ser de muitasarticulações políticas e de pouco avanço em questões importantes da agenda econômica.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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