Desemprego recua a 5,6% até julho e renova mínima da série histórica

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A taxa de desemprego do Brasil recuou a 5,6% no trimestre até julho, apontam dados divulgados nesta terça (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com o resultado, o indicador renovou a mínima da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.

O IBGE afirmou que o mercado de trabalho ainda está aquecido e mostra sinais de resiliência, apesar do contexto de juros altos, cujos efeitos são sentidos na atividade econômica.

O desemprego marcava 6,6% nos três meses encerrados em abril, que servem de base de comparação.

A taxa registrada até julho (5,6%) veio levemente abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 5,7%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 5,6% a 6,1%.

A população desempregada caiu para 6,1 milhões até julho. A redução foi de 1 milhão (-14,2%) frente ao trimestre encerrado em abril.

O contingente de 6,1 milhões é o menor desde o último trimestre de 2013, disse o IBGE.

Os desempregados são as pessoas de 14 anos ou mais que não estão trabalhando e que estão à procura de vagas.

Já a população ocupada, ou seja, que exerce alguma atividade (formal ou informal), renovou o recorde da pesquisa. Foi estimada em 102,4 milhões, com acréscimo de 1,2 milhão (+1,2%) ante o trimestre até abril.

O nível da ocupação, por sua vez, manteve o patamar recorde de 58,8%. Trata-se do percentual de pessoas ocupadas ante a população total de 14 anos ou mais.

“O que temos é um mercado de trabalho aquecido. Ele continua resiliente. Continua apresentando características de um mercado em expansão”, disse o analista William Kratochwill, do IBGE.

No recorte por atividades, o principal destaque veio do grupamento que inclui administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais. O número de ocupados nesse caso teve alta de 522 mil ante o trimestre até abril.

William afirmou que a ampliação foi muito incentivada pela educação. A classe de atividades de pré-escola e ensino fundamental foi responsável por cerca de 41% do crescimento, conforme o analista.

Também houve expansão na população ocupada em grupamentos como informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+260 mil) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+206 mil).

INFORMALIDADE RECUA

Os dados do IBGE indicam que o mercado está menos informal. Sinal disso é que a taxa de informalidade recuou a 37,8% até julho, após marcar 38% no trimestre encerrado em abril.

O indicador mostra o percentual da população ocupada que atua sem carteira ou CNPJ. Proporções abaixo de 37,8% só foram verificadas na série ao longo de 2020.

Isso ocorreu à época porque a pandemia expulsou do mercado parte dos trabalhadores informais em um primeiro momento.

Agora, conforme o IBGE, é possível observar uma redução da taxa com a criação de postos com carteira ou CNPJ.

No trimestre até julho, o número de empregados com carteira no setor privado foi estimado em 39,1 milhões. Houve um leve avanço de 0,7% (+261 mil) ante o período até abril (38,9 milhões).

Embora a variação não tenha sido tão significativa, o contingente renovou o maior patamar da série.

Outras máximas foram registradas por empregados no setor público (12,9 milhões) e trabalhadores por conta própria (25,9 milhões). Nesses casos, os avanços foram de 3,4% (+422 mil) e 1,9% (+492 mil), respectivamente.

Em sua maioria, a população ocupada por conta própria é formada por informais (sem CNPJ): 19 milhões. Os autônomos formais (com CNPJ) são 6,9 milhões.

Apesar de a informalidade ainda predominar no grupo, o aumento foi mais expressivo entre os formais ante o trimestre até abril: 3,3%. O avanço ficou em 1,5% entre os trabalhadores por conta própria informais.

William, do IBGE, indicou que a figura do MEI (microempreendedor individual) pode estar por trás da alta dos profissionais por conta própria com CNPJ.

O MEI abre a possibilidade de acesso a serviços bancários e outras vantagens, apontou o pesquisador.

RENDA MÉDIA ALCANÇA R$ 3.484

Outro indicador da Pnad é a renda média habitualmente recebida pela população ocupada. No trimestre até julho, o rendimento foi estimado em R$ 3.484 por mês.

Houve alta de 1,3% na comparação com o intervalo até abril (R$ 3.438) e de 3,8% ante igual período do ano passado (R$ 3.356).

“Os dados divulgados hoje [terça] continuam a mostrar um mercado de trabalho resiliente”, afirmou o banco Itaú em relatório assinado pelas economistas Natalia Cotarelli e Marina Garrido.

O desemprego já havia marcado 5,8% no trimestre até junho, ficando abaixo de 6% pela primeira vez na série.

O IBGE, contudo, evita a comparação direta entre intervalos com meses repetidos. É o caso dos períodos finalizados em junho e julho.

Segundo analistas, a queda do desemprego refletiu o desempenho aquecido da economia em meio a medidas de estímulo do governo federal, além de impactos da tecnologia no mundo do trabalho e de mudanças demográficas com o envelhecimento da população.

A geração de emprego e renda serve de incentivo para o consumo. A demanda constantemente aquecida, por outro lado, pressiona a inflação.

Para conter o ritmo de aumento dos preços, o BC (Banco Central) promoveu um choque na taxa básica de juros, a Selic, que está em 15% ao ano.

O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) tem reunião nesta terça e na quarta (17) para discutir o patamar da Selic. A expectativa de analistas é de manutenção da taxa em 15%.

O mercado de trabalho segue como destaque positivo, segundo o economista Leonardo Costa, do Asa, que atua no setor financeiro.

É possível, entretanto, que o país esteja se aproximando de um quadro de estabilidade na margem, já que a população ocupada vem mostrando sinais de acomodação no curto prazo, aponta Costa.

A divulgação da Pnad do trimestre até julho era prevista para 29 de agosto, mas foi adiada para esta terça pelo IBGE.

O instituto disse que a alteração no calendário ocorreu devido à necessidade de correções de “inconsistências tecnológicas” no processo de transmissão da seleção dos domicílios da pesquisa.

Não houve perda de qualidade nos dados, conforme o órgão.

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