São Paulo, 17 de setembro de 2025 – Desde a última reunião, os membros do Federal Reserve (Fed, obanco central americano) abriram divergências sobre o rumo da política monetária, à medida que omercado de trabalho dos Estados Unidos permanecia relativamente sólido e a inflação seguiapersistente. Desde então, novos dados sugerem que o Fed deve iniciar um novo ciclo de corte nosjuros, apesar de a decisão novamente não ser unânime.
No campo dovish (mais favorável a cortes de juros), há espaço para que três membros do Conselhode Diretores votem por uma redução de 0,50 ponto percentual (pp); o diretor Christopher Waller éa maior incerteza em relação a essa posição.
No campo hawkish (mais inclinado a manter a política restritiva), existe a possibilidade de um oudois presidentes regionais do Fed votarem pela manutenção da taxa de juros. Schmid, de KansasCity, é o nome mais provável a divergir de forma hawkish, com Goolsbee, de Chicago, também sendouma possibilidade.
Dependendo do resultado, esta pode ser a primeira reunião em que três diretores registramdissidência desde 1988 e a primeira com dissidências em ambos os lados desde setembro de 2019.
Essas opiniões [divergentes] agora estão sendo mais amplamente compartilhadas dentro do Fed, com opresidente Jerome Powell reconhecendo, no simpósio de Jackson Hole do mês passado, que mudançasnas condições econômicas podem em breve justificar taxas de juros mais baixas, explica JamesKnightley, analista do ING.
Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, os traders estão apostando em uma probabilidadepraticamente unânime de que o Fomc reduza os juros para a faixa entre 4,00%-4,25%. Para a reuniãode outubro, o indicador mostra uma probabilidade menor de corte de 0,25%, em 76,8%.
Esperamos que o Fed anuncie um corte de 0,25 pp na taxa de juros na reunião do Fomc da próximasemana e sinalize que mais reduções provavelmente ocorrerão nas demais reuniões deste ano,projetam analistas do Deutsche Bank em nota. Essa decisão provavelmente não será unânime,acrescentam.
A inflação ainda está acima da meta, e o Fed provavelmente continuará sugerindo que permaneceráelevada no curto prazo devido às tarifas. No entanto, o risco de queda em relação ao seu mandatode emprego agora supera o risco de alta para a estabilidade de preços.
O Fed há muito tempo acredita que as tarifas representam um choque pontual nos preços, mas pareciaquerer que isso fosse confirmado nos dados de inflação. Agora, parece que a instituição já nãoconsidera ter tempo suficiente e precisa começar a tomar medidas para aproximar a políticamonetária de um nível neutro.
“Em nossa visão, o atual ritmo de criação de postos de trabalho não justifica corte da taxa dejuros, sobretudo porque a taxa de desemprego permanece abaixo do nível considerado natural ouestrutural e, portanto, ainda pressiona a inflação, afirma Cristiano Oliveira – diretor depesquisa macroeconômica do Pine.
Darlan de Azevedo – darlan.azevedo@cma.com.br (Safras News)
Copyright 2024 – Grupo CMA