Padaria Rosas de Maio realiza quarta reforma em 43 anos e planeja abrir uma sorveteria e uma rotisseria

Uma image de notas de 20 reais
José Ricardo de Caires: inauguração da rotisseria e nova sorveteria são as apostas para o futuro
(Andre Lessa/Agência DC News)
  • Com 53 funcionários, padaria vai se prepara para ampliação dos negócios, o que deve elevar em 20% o fluxo de clientes na uniade
  • Estabelecimento vende diariamente cerca de 8 mil pães, 50 kg de minissalgados, 150 salgados grandes e mensalmente 1,7 mil pizzas
Por Victor Marques

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
José Maria Florença de Caires, aos 85 anos, já havia tido duas padarias até 1984. Ela acabou vendendo, mas, nesse ano, apareceu a oportunidade de comprar outra. Um cantinho, quase uma portinha na Rua Antonio Gil, 837, no bairro Cidade Ademar, no extremo sul da cidade, depois de Santo Amaro e quase em Diadema. O local se chamara Padaria Ilha Vede por muitos anos e, em 1982, foi comprada por três sócios, que reabriram com o nome Rosas de Maio. Dois anos depois, após uma briga, os antigos donos decidiram vender o espaço e passaram o ponto para José. A mudança de comando foi também a virada de chave da padaria. Após 43 anos, a espaço se tornou também pizzaria, continua de pé e melhor do que nunca. Com 53 funcionários, e agora nas mãos do filho, José Ricardo de Caires (59), o próximo passo será sua quarta reforma, visando modernizar o atendimento, trazer de volta o self service para o local. E o plano é ir além: abrir dois novos estabelecimentos, uma rotisseria e uma sorveteria, todos ali no mesmo lugar. “Sei a qualidade do negócio que tenho em mãos”, afirmou José Ricardo, atual comandante do negócio, junto ao irmão, José Roberto (56) e a esposa, Vicença de Souza (60).

No começo, a Rosas de Maio era uma portinha. A padaria vivia do essencial – pão francês, leite e cigarro – e da relação com a vizinhança. O próprio José Ricardo entrou cedo na rotina do balcão e dos fornos e percorreu diferentes funções na casa, de balconista a comprador e caixa, até assumir a gestão, atualmente, junto ao irmão e à esposa. A convivência entre pai e filho foi marcada pela cobrança de responsabilidade: “não podia atrasar”, recorda sobre as exigências impostas pelo pai, que se afastou da operação há cerca de 20 anos para descansar. Ele, atualmente, aos 85 anos, acompanha o negócio de longe. A rotina e a forma de gestão têm raízes na exigência de quem construiu o negócio. Sobre sua postura como chefe, José Ricardo resume: “Eu não sou de pegar no pé de ninguém não, mas assim, se eu ver coisa errada, eu vou para cima.” Ele afirma que a receita do sucesso está em trabalhar certinho, com mercadoria de qualidade, e que isso se reflete na fidelidade de parte do público. “Nunca deixo ninguém tratar um cliente mal.” Muito popular entre os moradores, a Padaria Rosas de Maio recebeu o Prêmio Empresário de Valor 2025, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), como destaque empresarial da distrital Centro Sul da capital paulista.

É a José Ricardo que a padaria deve gratidão pelas inovações. Participante há 25 anos do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan), instituição parte do Sampapão, que une também a Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo, Aipan, a Fundação de Desenvolvimento da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo, Fundipan e o Instituto de Desenvolvimento de Panificação e Confeitaria, I.D.P.C. Nesse locais ele é pau para toda obra. Participa de cursos, feiras e reuniões, de onde, afirmou, trouxe boa parte das ideias que implementou na padaria. Atualmente ele também é parte do corpo da instituição, como diretor financeiro. Com mais encontros, mais ideias. Com mais ideias, mais inovação. Da inovação nasceram os projetos de expansão, que se deram das aquisições de prédios vizinhos. Foram incorporadas as lojas onde ficava um barbearia vizinha e outro salão transformado no espaço utilizado para a pizzaria. Em 1992 a pizzaria já funcionava no local. As pizzas são assadas em forno a lenha e se tornaram um dos carros-chefes do cardápio. “Foi um dos nossos acertos”, afirmou José Ricardo. “Nós servimos a partir do meio-dia, até fechar.” O primeiro pizzaiolo entra às 11h. O destaque de vendas é a calabresa (R$ 61,90), seguida pela muçarela (R$ 59,90) e pela portuguesa (R$ 62,90).

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A operação atual combina produção intensa e variedade. Os padeiros trabalham em turnos que garantem a venda do pão no próprio dia, que segundo o comandante do negócio, é o segredo do sucesso de um bom pão francês. São 16 carrinhos de pão com cerca de 500 unidades cada — em torno de 8 mil pães por dia. A casa registra aproximadamente 1,7 mil pizzas por mês e os salgados saem em duas frentes. São cerca de 150 salgados grandes e 40–50 kg de minissalgados diariamente. No balcão, além do pão e da pizza, fazem sucesso também os sanduíches como o X Tudo (R$ 49,90) e o Americano (R$ 24,90). O pão de queijo, que “sai muito”, também é de fabricação própria. Também é vendido comida, em prato feito, doces e outros produtos diversos, que completam o cardápio.

O perfil de público mudou, segundo José Ricardo. Diferentemente do início do negócio, quando a maioria dos consumidores era do bairro, atualmente, cerca de 20% dos clientes são moradores locais e 80% são consumidores de passagem — quem cruza a região a caminho de Santo Amaro, Jabaquara ou Diadema. O movimento estimado é de cerca de 800 pessoas em dias úteis e 1,1 mil a 1,2 mil aos domingos. Os canais de venda também foram se diversificando. A padaria opera um delivery próprio, no qual recebe pedidos por telefone e WhatsApp e também atende pelo iFood (com raio usual de 5 km, por vezes ampliado). Atualmente, o delivery representa entre 8% e 10% do movimento da padaria.

E na frente da padaria, José Ricardo e a família também são donos de uma rotisseria, criada para desafogar a venda do frango assado, que era feita no mesmo local, mas que gerava problemas com filas. O futuro do negócio combinam modernização e o espírito empreendedor da família. A rotisseria passará para um novo local, ao lado da padaria, que deve ser inaugurada no próximo mês, com dez funcionários e funcionamento das 8h às 18h. A outra empreitada é uma sorveteria, que também venderá açaí, por quilo, com quatro funcionários, com previsão de abertura até o fim do ano ou, no mais tardar, em janeiro. Será ligada à marca (algo com “Rosas de Maio” no nome). Na rotisseria, o investimento até agora foi de R$ 700 mil e, para a sorveteria, será um valor similar.

Para José Ricardo, o segredo de uma boa padaria é o pão fresquinho, feito no dia
(Andre Lessa/Agência DC News)

Paralelamente, a padaria passará por sua quarta reforma em 43 anos. O início está previsto para janeiro, com duração estimada de 8 a 10 meses, e o investimento projetado em R$ 800 mil. O projeto prevê recuo do balcão para ganhar espaço de mesas, retorno do self-service (suspenso na pandemia), instalação de terminais de autoatendimento e adequações estruturais para melhorar conforto e produtividade. A expectativa é de que as mudanças aumentem o movimento em torno de 20%. José Ricardo conta que suas ideias vem das visitas a concorrentes que faz pela cidade. “Não tem uma padaria na cidade que não conheço”, afirmou. A ideia dos terminais de atendimento vieram de uma das visitas. Sua ideia anterior era de contratar mais funcionários para o caixa, mas o investimento de R$ 12 mil a R$ 13 mil no autoatendimento, por cada totem, chamou sua atenção.

Para o futuro dele, porém, não há definição. Ricardo tem duas filhas que não deram sequência ao negócio e, por enquanto, não há sucessor definido. Mas ele não pensa em se aposentar. “Já estou aqui há 41 anos, eu quero ficar mais 10 anos.” Ao lembrar de visitas de autoridades, famosos, como a banda Pixote e conhecidos, a sensação para ele é de que a padaria segue como ponto central da comunidade. Ao combinar tradição — pão feito e vendido no dia, forno a lenha e receitas consolidadas — com a modernização do negócio atual e o potencial dos novos negócios, a Rosas de Maio busca manter a identidade de negócio familiar enquanto se prepara para crescer e se modernizar.

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