SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro das Finanças de Israel, o extremista Bezalel Smotrich, afirmou que a Faixa de Gaza é uma potencial “mina de ouro” imobiliária e que existem negociações em curso com os Estados Unidos sobre como dividir o território palestino após a guerra contra o Hamas, segundo o jornal The Times of Israel.
A declaração foi feita na quarta-feira (17) num evento imobiliário em Tel Aviv. Ainda segundo a publicação, Smotrich disse que a oportunidade “se paga” e que ele “já iniciou” os diálogos com Washington.
“Pagamos muito dinheiro por esta guerra. Precisamos ver como vamos dividir a terra em porcentagens”, afirmou ele, acrescentando que a fase da demolição, descrita como a “primeira etapa da renovação”, já foi feita. “Agora precisamos construir […] Há um plano de negócios, elaborado pelas pessoas mais profissionais daqui, que está na mesa do presidente [americano, Donald] Trump”.
Autoridades da Casa Branca e do Departamento de Estado dos EUA não responderam a pedidos de comentários feitos pelo The Times of Israel.
Essa não é a primeira vez que Smotrich faz declarações polêmicas sobre Gaza e o conflito em curso há quase dois anos. Em novembro do ano passado, ele afirmou que Tel Aviv deveria conquistar o território palestino e “reduzir pela metade” a população por meio de “emigração voluntária”. “Podemos e devemos conquistar Gaza. Não devemos ter medo desta palavra.”
Em maio, voltou a ser alvo de críticas ao afirmar que uma vitória israelense em Gaza significaria a destruição total do território palestino e o deslocamento de todos os seus habitantes.
Em resposta aos posicionamentos extremos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia impuseram sanções a Smotrich e a outro ministro que defende a expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos, acusando ambos de incitar a violência contra civis na Cisjordânia.
Os comentários desta quarta ocorreram ainda no contexto de uma nova ofensiva contra a Cidade de Gaza, a maior do território. Militares de Israel afirmaram nesta quinta (18) que mais de 450 mil palestinos já deixaram a cidade, o equivalente a quase metade dos cerca de 1 milhão de pessoas que viviam no local antes do início do conflito.
A população está sendo forçada a fugir para o sul do território devido ao início da invasão terrestre sobre a cidade, até então alvo de bombardeios e de operações de demolição em áreas ao seu redor. Segundo anúncio do general israelense Effie Defrin, mais de “1.200 alvos terroristas” foram atingidos desde o início da ofensiva nesta semana.
O novo avanço de Israel ocorre depois de uma equipe independente comissionada pela ONU afirmar que o Estado judeu comete um genocídio em Gaza acusação que Tel Aviv nega.
A popularidade de Smotrich caiu nos últimos meses, e pesquisas mostram que seu partido, que tem grande apoio dos colonos, não ganharia um único assento se as eleições parlamentares fossem realizadas hoje.