Reino Unido, Canadá e Austrália reconhecem Estado da Palestina e ampliam pressão sobre Israel

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LISBOA, PORTUGAL, SÃO PAULO, SP, E PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Em decisões consideradas históricas, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram oficialmente o Estado da Palestina neste domingo (21), em pronunciamentos separados. Os países se anteciparam, assim, ao grupo de dez nações que deverão fazer o mesmo esta semana na Conferência de Alto Nível sobre Palestina, que ocorre paralelamente à Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York.

O Reino Unido e o Canadá são os primeiros países do G7, grupo que reúne algumas das principais economias do mundo, a reconhecer a Palestina. “Qualquer passo em direção ao reconhecimento é porque queremos manter vivas as perspectivas de uma solução de dois Estados”, disse o ministro do Exterior e vice-premiê britânico David Lammy na manhã de domingo à emissora de televisão Sky News.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, estava sob pressão do seu Partido Trabalhista —mais de 130 deputados da legenda assinaram uma carta em favor do reconhecimento—, mas decidiu esperar o fim da visita ao seu país feita pelo presidente americano, Donald Trump, que é aliado de Israel e maior fiador do Estado judaico no mundo, para oficializar o anúncio.

Ao ser questionado sobre o reconhecimento do território em uma conversa com jornalistas durante a visita oficial, Trump disse que essa “é uma das poucas discordâncias” que tem com Starmer.

Reino Unido, Canadá e Austrália saem na dianteira de um movimento de uma série de países ocidentais em favor do reconhecimento da Palestina num contexto de crise humanitária no Oriente Médio e pressões internacionais por uma solução de dois Estados.

Em julho, o presidente francês, Emmanuel Macron, deu início à mobilização ao anunciar que iria reconhecer oficialmente o Estado da Palestina durante a cúpula da ONU em setembro.

Na época, Reino Unido e outros aliados importantes de Israel, como Canadá, manifestaram disposição de seguir caminho semelhante, caso a crise humanitária na Faixa de Gaza persistisse.

Há divisões, no entanto. O grupo de dez países que deverão reconhecer a Palestina nesta semana – França, Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Andorra, Malta, San Marino, além de Reino Unido e Canadá e Austrália– não contou com a adesão dos pesos-pesados Alemanha e Itália. Frustrou-se, assim, o propósito do presidente francês Emanuel Macron de criar um bloco da União Europeia para se contrapor à posição de apoio a Israel por parte dos Estados Unidos.

“A solução de dois Estados, que juridicamente seria a mais desejável do ponto de vista do direito internacional, continua sendo pragmaticamente muito difícil”, diz o português Daniel Pineu, professor e pesquisador na área de relações internacionais na Universidade de Amsterdam.

“Pelo menos enquanto não houver uma mudança de governo em Israel, cuja população está dividida, ou nos EUA. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, impôs restrições à participação da delegação palestina na Assembleia-Geral da ONU, votando inclusive contra sua participação remotamente via vídeo. É uma posição que se pauta por um alinhamento muito forte com Israel.”

Para Pineu, a solução de dois Estados deveria contar também com o apoio dos países árabes. “Eles precisariam, no entanto, ter garantias de que não sofreriam represálias, da mesma maneira que Israel teria de ter garantias que não sofreria mais ataques terroristas. Em resumo, enquanto não houver mudança fundamental do governo israelense, e uma mudança política nos EUA –coisas difíceis de acontecer nos próximos seis meses, ou mesmo nos próximos dois anos— a solução de dois Estados estará bloqueada.”

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