Buenos Aires, 22 de setembro de 2025 O índice S&P Merval fechou em alta de 7,54%, aos1.811.038,730 pontos, impulsionado pelo apoio do governo de Donald Trump e do FMI ao governoargentino. Pela manhã, o porta-voz oficial, Manuel Adorni, anunciou alíquota zero de retenciones(impostos de exportação) para todos os grãos e carnes bovina e de aves até 31 de outubro.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, declarou em uma mensagem na rede socialX que a Argentina é um aliado sistematicamente importante e afirmou que várias opções de apoioao governo argentino estão sobre a mesa.
Mais tarde, a diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, celebrou asdeclarações de Bessent e disse que isso sublinha o papel crucial de nossos parceiros na promoçãode políticas sólidas de estabilização e crescimento em benefício do povo argentino, escreveu noX.
Por sua vez, o presidente Javier Milei usou sua conta no X para agradecer o apoio de Bessent eDonald Trump, destacando o apoio incondicional ao país. O presidente viajará nesta noite aos EUA,onde amanhã terá uma reunião bilateral com Trump em Nova York.
Antes da abertura do mercado, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, já havia anunciadoretenciones zero para todos os grãos até 31 de outubro. À tarde, também confirmou alíquota zeropara exportações de carnes bovina e de aves.
Adorni explicou em sua conta no X que o objetivo é gerar maior oferta de dólares durante esseperíodo, em referência ao calendário eleitoral, já que no próximo dia 26 de outubro ocorrerãoas eleições legislativas nacionais.
Paralelamente, o governo anunciou a promulgação da Lei de Emergência em Deficiência, massuspendeu sua aplicação, com a intenção de definir as fontes de financiamento. A decisão ocorreno contexto da rejeição do Congresso ao veto presidencial.
A oposição questionou a medida das retenciones zero, criticando que haja recursos para esseanúncio e não para a Lei de Emergência em Deficiência.
Após o anúncio, o câmbio oficial atacadista principal protagonista da volatilidade da semanapassada fechou a $1.408,00, com queda de 4,54%, maior percentual desde 7 de maio. O BCRA confirmouque não interveio no mercado de câmbio, após três sessões de intervenção, em que haviaacumulado vendas de divisas de US$ 1,110 bilhão.
É pouco crível que o Tesouro dos EUA desembolse recursos para defender essa paridade cambial. E épouco crível que o governo aceite soltar o dólar antes da eleição. Vale lembrar que tanto nocaso do México em 1995 quanto no do Uruguai em 2002, os dólares da Linha de Liquidez do Tesouroforam devolvidos rapidamente com os desembolsos do acordo com o FMI, algo que hoje não é evidente,sobretudo se forem usados para defender a paridade cambial e a leitura do mercado em relação àeleição de outubro não acompanhar, analisou a consultoria Ecogo.
No fim das contas, isso só se estabiliza se houver redução do risco-país e início dorefinanciamento dos vencimentos da dívida a taxas razoáveis, o que exige uma recalibração daeconomia e da política. Foi anunciado corte a zero das retenciones até 31 de outubro para acelerara liquidação pré-eleitoral de até US$ 7 bilhões em uma espécie de dólar soja. Dólares que,certamente, serão demandados pela janela ao lado, enquanto o front fiscal se deteriora em umcontexto recessivo, com perda de receita de até US$ 1,4 bilhão, acrescentaram.
O risco-país, medido pelo banco JP Morgan, caiu 25,10%, para 1.089 pontos.
Gerónimo Kener / geronimo.kener@cma.com.ar