Ação sobe após tombo da véspera; analistas destacam passo rumo à desalavancagem

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São Paulo, 23 de setembro de 2025 – As ações da Cosan (CSAN3) operam em alta, em recuperaçãoapós tombo de dois dígitos na véspera, após o anúncio de aporte de capital de R# 10 bilhões doBTG Pactual Holding e Perfin, além do acionista controlador, Rubens Ometto. Por volta de 15h52(horário de Brasília), o papel subia 3,09%, a R$ 6,33.

O Bank of America (BofA) disse que o aumento de capital anunciado pela Cosan no domingo (21) é omaior passo de desalavancagem em uma estrutura mais diluitiva, e ocorreu antes do esperado, com umamaior diluição para acionistas minoritários, dada a estrutura da transação e o preço de R$5,00 por ação (33% abaixo do preço de fechamento de sexta-feira), e um tamanho de transaçãomaior do que o esperado, o que refletiu em queda de 21% nas ações no pregão de ontem (22).”Apesar da estrutura mais diluitiva, acreditamos que o aumento de capital é um evento relevante deredução de risco e um grande passo em direção à desalavancagem. Também pode ter um efeito decontágio na avaliação das subsidiárias operacionais, em nossa opinião, dada a percepção de ummelhor uso do caixa e de uma governança aprimorada, uma vez que os investidores âncora poderãonomear membros do conselho dessas empresas”, comentou o BofA, reitrando a recomendação de compradas ações da Cosan.

A XP explica que o aumento de capital de R$ 10 bilhões tem o objetivo de melhorar a estrutura decapital da holding e reduzir a alavancagem financeira. A transação contará com o apoio de doisnovos investidores âncora, BTG Pactual Holding e Perfin, além do acionista controlador, RubensOmetto. O aumento de capital será estruturado em duas ofertas separadas, uma de R$ 7,25 bilhõespara os acionistas âncora e uma segunda oferta de R$ 2,75 bilhões para o mercado aberto (osacionistas existentes têm direito de preferência apenas na última oferta). Ambas as ofertasserão realizadas a R$ 5 por ação, valor inferior ao preço de fechamento em 19 de setembro, de R$7,50. A estrutura implica uma diluição para os acionistas existentes, tanto controladores quantominoritários. “No entanto, acreditamos que os benefícios de resolver virtualmente as questões deestrutura de capital da holding podem se mostrar suficientemente valorizantes para compensar adiluição da transação”, opina a XP, em sua análise.

A XP observa que um aspecto da transação que levantou questões por parte da comunidade deinvestidores é a falta de direito de preferência para os acionistas existentes na primeira oferta.”No entanto, observamos que a transação estruturada é substancialmente diferente do que seria ocenário alternativo de um processo de book building no mercado aberto”, opina.

“Por um lado, ela permite que a Cosan obtenha capital de investidores de longo prazo (lock-up dequatro anos para metade das ações e acordo de acionistas de 20 anos) com comprovada experiênciaem finanças e nos setores em que a Cosan atua. Além disso, permite a assinatura de um acordo deacionistas e a estruturação de uma sucessão gradual na estrutura de controle da empresa. Assim, atransação tem características que motivam a opção de não conceder direito de preferência aosacionistas existentes”, analisa a XP.

A XP pontua que, como a transação será realizada abaixo dos preços vigentes no mercado (últimofechamento de R$ 7,50/ação versus transação de R$ 5/ação) e os acionistas minoritários nãopoderão participar na mesma proporção que sua participação atual (cerca de 64% de free floatversus 27,5% da oferta no mercado aberto), os acionistas minoritários serão diluídos em pelomenos -7,5% (para os acionistas que comprarem sua participação equivalente no free float nasegunda oferta) e até -17,3% (para os acionistas que não se comprometerem com nenhum novocapital).

“Notavelmente, a primeira diluição é menor do que a do grupo de controle, que será diluído emcerca de 12%. No entanto, o anúncio não é necessariamente uma má notícia, pois a transaçãopode criar valor adicional para os acionistas”, diz a XP.

“Em nossa visão, a criação de valor necessária para equilibrar os acionistas minoritários é deR$ 2 bilhões (cerca de 5% do valor da Cosan). Alternativamente, para equilibrar as participaçõesda Aguassanta, a criação de valor necessária seria de R$ 3,2 bilhões (o que, por sua vez,implicaria um ganho de 5% para os acionistas minoritários que participam de sua participaçãoequivalente).”

A XP ressalta que as ações da Cosan subiram para R$ 7,50 por ação nas últimas sessões denegociação antes do anúncio (vindo de uma baixa de R$ 5,22 por ação), em parte motivadas pormatérias da imprensa que comentavam a possibilidade de um aumento de capital. “A diluição seriamenos relevante em comparação com os preços das ações vigentes na época.

A Genial destaca que o BTG Pactual e a Perfin vão ancorar um aumento de capital de R$ 10 bilhõesna Cosan, reduzindo em 57% a dívida corporativa da holding de Rubens Ometto. “A operação, feitaao menor preço da ação em 10 anos, também corta mais de R$ 1,5 bi em despesas financeirasanuais. Com isso, BTG, Perfin e Aguassanta passam a deter 55% do capital, firmando acordo deacionistas de 20 anos. A Cosan destacou que os recursos não irão para a Raízen, cujoequacionamento segue em discussão com a Shell”.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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