Precisamos de força e armas, só direito internacional não basta, diz Zelenski na ONU

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta quarta-feira (24), em discurso na Assembleia-Geral da ONU, que a garantia de segurança de seu país passa por “força e armas”. “Só direito internacional não basta”, disse o líder, em referência à guerra iniciada com a invasão ordenada por Vladimir Putin em fevereiro de 2022.

A fala ocorre um dia após uma nova reviravolta na retórica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o conflito. Após discursar na cúpula, o americano disse acreditar que a Ucrânia pode recuperar, com o apoio da Otan e da Europa, o território tomado pela Rússia.

Trump mudou de tom sobre a guerra no Leste Europeu por meio de um post na rede Truth Social após se encontrar com Zelenski, nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Em seu discurso, ele admitiu ter acreditado que acabar com o conflito seria fácil em razão de sua relação com Putin.

“Depois de conhecer e entender completamente a situação militar e econômica da Ucrânia e da Rússia e, após ver os problemas econômicos que isso está causando à Rússia, acredito que a Ucrânia, com o apoio da União Europeia, esteja em posição de lutar e vencer, recuperando toda a Ucrânia em sua forma original”, escreveu Trump, chamando o histórico adversário dos EUA de “tigre de papel” -isto é, alguém com poderio de fachada.

Na reunião com Trump, Zelenski pediu mais pressão sobre a Rússia, como vem fazendo há mais de três anos, e disse que suas Forças Armadas estão em condição de conter o avanço russo no leste do país -hoje, Moscou controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a península da Crimeia, e vem avançando lentamente nos últimos meses sobre posições de Kiev.

O líder ucraniano citou a reunião em seu discurso na plenária. “Ontem, eu tive um bom encontro com o presidente Trump, e também falei com outros líderes. Juntos, podemos mudar muita coisa”, afirmou, “mas, no fim, a paz depende de todos nós das Nações Unidas. Então, não fique em silêncio”.

“O quem tem de ser feito para deter Vladimir Putin precisa ser feito agora”, continuou Zelenski, afirmando ainda que vivemos “a mais destrutiva corrida armamentista da história humana”.

O Kremlin, por sua vez, reagiu nesta quarta à fala de Trump, afirmando ser um grande erro acreditar que a Ucrânia possa recuperar o território perdido. Em uma entrevista à rádio russa RBC, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que seu país “não é um tigre, está mais associado a um urso”. “Ursos de papel não existem”, continuou.

Peskov afirmou ainda nesta quarta que a economia russa está estável e que a reviravolta na posição do americano se deveria ao fato de ele estar sob influência da perspectiva de Zelenski, após os dois se encontrarem.

Mais tarde, às margens da Assembleia-Geral, o chanceler russo, Serguei Lavrov, reuniu-se com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que reiterou o apelo de Trump para “pôr fim à carnificina” e destacou a necessidade de Moscou de tomar medidas em direção ao fim da guerra. O russo, por sua vez, disse ao americano que a Europa e à Ucrânia são responsáveis pelo prolongamento do conflito.

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