SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, discursou na Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira (24) acenando para a ultradireita europeia ao mesmo tempo em que buscou enfatizar posições moderadas de política externa, como o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia e a exigência de um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Meloni disse que o mundo vive “uma fase histórica complexa e cheia de perigos”, mas que as soluções devem sempre ser “paz, diálogo e diplomacia”. Disse que a reação de Israel ao ataque terrorista do 7 de Outubro, ainda que inicialmente legítima, já “passou dos limites” e se tornou desproporcional, e afirmou que Tel Aviv não tem o direito de obstar um futuro Estado palestino ou de expandir assentamentos na Cisjordânia.
A italiana, entretanto, não usou o termo genocídio e não fez referência ao reconhecimento da Palestina, medida tomada por Reino Unido e França recentemente, entre outros. E reforçou: a culpa do sofrimento dos palestinos em Gaza é do Hamas, “que poderia encerrar a guerra em um segundo se soltasse os reféns”.
Na segunda metade do discurso, Meloni tratou de temas caros à sua base de ultradireita, defendendo uma reforma nas leis internacionais sobre imigração. “As regras de asilo foram criadas em uma época na qual não existia tráfico humano ou migração em massa. Precisamos de um sistema capaz de proteger direitos humanos sem prejudicar o direito de países de proteger seus cidadãos e suas fronteiras”, disse a primeira-ministra. “Não podemos proteger criminosos em nome de supostos direitos civis.”
Por fim, a italiana denunciou “a perseguição de cristãos” no mundo, criticou a globalização e disse: “se não barrarmos planos verdes de desindustrialização, deixaremos os mais pobres cada vez mais vulneráveis”, afirmando que o “extremismo ambiental” destruiu a indústria automobilística europeia. “Não se trata de negar a mudança climática, mas sim de afirmar a razão: precisamos de reformas graduais para proteger o planeta.”